CRISE POLÍTICA EM TERENOS
Câmara revoga autorização de empréstimo de R$ 20 milhões após prisão de prefeito
Prefeito Henrique Budke é acusado de liderar esquema que desviou mais de R$ 15 milhões em contratos públicos
16/09/2025
07:45
REDAÇÃO
Vereadores da Câmara de Terenos revoga autorização de empréstimo após escândalo de corrupção envolvendo o ex-prefeito Henrique Budke
Após a prisão do prefeito afastado de Terenos, Henrique Budke (PSDB), os vereadores do município revogaram na noite desta segunda-feira (15) a lei que autorizava a prefeitura a contratar uma linha de crédito de até R$ 20 milhões junto ao Banco do Brasil. A decisão foi tomada durante a primeira sessão ordinária após a deflagração da Operação Spotless, que revelou um esquema de corrupção com fraudes em licitações e pagamentos de propinas.
O projeto de lei revogado havia sido aprovado recentemente, ainda sob a gestão de Budke, e previa o uso do crédito para obras de infraestrutura no município, localizado a 30 quilômetros de Campo Grande. Com o afastamento do prefeito e a posse do vice, Arlindo Landolfi (Republicanos), a Câmara decidiu rever a medida.
“O empréstimo foi autorizado quando Budke ainda estava no comando do Executivo. Diante do novo cenário, revogamos a autorização. Se o novo prefeito entender que é necessário, ele deverá apresentar um novo projeto para análise”, explicou o presidente da Câmara Municipal, Leandro Guimarães (Podemos).
Vereadores se dizem surpresos
Durante a sessão, parlamentares expressaram indignação e surpresa com o envolvimento do prefeito no esquema de corrupção. “Nunca imaginamos que o prefeito pudesse ser apontado como líder de uma organização criminosa. Foi um choque para todos nós”, declarou Henrique Rezende, vice-presidente da Câmara.
Rezende destacou ainda que, embora a autorização para o empréstimo estivesse vigente há cerca de um mês, nenhum valor chegou a ser utilizado. “Eu votei contra à época. Agora, com o novo prefeito, a decisão foi não movimentar o recurso. A revogação já deve ser sancionada nesta terça-feira”, afirmou.
Operação Spotless
A Operação Spotless, conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), foi deflagrada no dia 9 de setembro e apontou Henrique Budke como líder de um esquema que envolvia fraudes em licitações, direcionamento de contratos e pagamentos de propina a servidores.
Segundo as investigações, os editais de licitação eram feitos sob medida para favorecer empresas específicas. Em 2024, os desvios já somavam mais de R$ 15 milhões. Também foram identificadas falsificações em atestados de recebimento de mercadorias e serviços, além da aceleração de trâmites internos para facilitar os pagamentos.
A operação foi batizada de Spotless — que significa “sem manchas”, em referência à necessidade de lisura nos processos públicos — e teve apoio da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, com atuação do Batalhão de Choque e do Bope.
Novo prefeito assume o Executivo
Com o afastamento de Budke, que está preso desde o dia 9, o vice-prefeito Arlindo Landolfi Filho (Republicanos) foi empossado na manhã da última sexta-feira (12). Natural de Ponta Porã e médico de profissão, Landolfi tem 46 anos e assumiu o cargo após o pedido de afastamento oficial de Budke.
Esta é a primeira experiência política de Landolfi, que disputou as eleições municipais de 2024 como vice na chapa de Budke.
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
Empresários debatem oportunidades da Reforma Tributária e gestão de riscos trabalhistas no Roadshow Cebrasse Centro-Oeste
Leia Mais
EJA Mulher transforma vidas e oferece novos recomeços em Mato Grosso do Sul
Leia Mais
Junior Mochi reúne entidades para discutir efeitos de decreto federal sobre educação especial
Leia Mais
Mato Grosso do Sul amplia estrutura de mamografia e fortalece acesso ao diagnóstico precoce
Municípios