Morreu neste sábado, 20 de dezembro, aos 85 anos, o cantor Lindomar Castilho, nome de destaque da música popular brasileira nas décadas de 1960 e 1970, especialmente no gênero bolero. A morte foi comunicada pela filha, a coreógrafa Lili de Grammont, em publicação nas redes sociais. Não foram informados a causa nem o local do falecimento.

Com carreira iniciada no início dos anos 1960, Lindomar Castilho alcançou projeção nacional ao interpretar canções românticas que conquistaram grande público. Ao longo da década de 1970, figurou entre os artistas que mais venderam discos no país, consolidando-se como referência do bolero brasileiro e ampliando sua presença também no mercado internacional.

Apesar do sucesso artístico, sua trajetória ficou marcada por um crime que interrompeu a carreira. Em 1981, Lindomar Castilho assassinou a tiros a ex-esposa, a cantora Eliane de Grammont, durante uma apresentação em uma casa de shows em São Paulo. O crime ocorreu após o término do casamento, em meio a um histórico de violência e ciúmes. Ele foi preso em flagrante e posteriormente condenado a 12 anos de prisão.

Após cumprir a pena, o cantor passou a viver afastado do circuito artístico e do grande público. Nos anos 2000, chegou a gravar um álbum ao vivo, mas permaneceu em ostracismo até a morte.

Em sua manifestação pública, Lili de Grammont abordou o impacto do crime na vida familiar e refletiu sobre a violência praticada pelo pai. Filha única do casal, ela tinha dois anos de idade quando perdeu a mãe. No texto, ressaltou as marcas deixadas pela tragédia e expressou o desejo de que haja reflexão sobre o ciclo da violência contra as mulheres.

Trajetória musical

Nascido Lindomar Cabral, em 1940, na cidade de Rio Verde, em Goiás, o cantor lançou seu primeiro álbum em 1962. Seu repertório, centrado em boleros e sambas-canções, alcançou ampla aceitação popular. Entre seus maiores sucessos está a música Você é doida demais, que ganhou nova visibilidade ao ser utilizada como tema de abertura da série Os Normais, da TV Globo.

Crime que marcou época

O assassinato de Eliane de Grammont, em março de 1981, tornou-se um dos casos mais emblemáticos de violência contra a mulher no Brasil. O episódio teve forte repercussão nacional e contribuiu para o debate público sobre feminicídio, décadas antes da tipificação do crime na legislação brasileira.