Os estudos com humanos � seja para o teste de novos medicamentos e vacinas, desenvolvimento de tratamentos e t�cnicas cir�rgicas ou para compreender melhor o funcionamento do organismo, por exemplo � s�o controlados por um sem fim de normas r�gidas e protocolos. Tudo isso n�o s� assegura a seguran�a e a integridade dos participantes, como garante que os experimentos sejam conduzidos de maneira cient�fica e �tica.
Ademais, dessa forma, os dados podem ser coletados de acordo com uma metodologia espec�fica que permite que os resultados possam ser analisados detalhadamente e replicados por outros pesquisadores. Pois, durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas aproveitaram a gigantesca disponibilidade de prisioneiros nos campos de concentra��o e optaram por ignorar as normas de conduta e conduzir toda classe de barbaridade em nome da Ci�ncia.
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�rg�os humanos removidos de prisioneiros dos campos de concentra��o nazistas |
Os nazistas realizaram experimentos nas �reas de resist�ncia humana, fertilidade, medicina do campo de batalha, t�cnicas cir�rgicas, eugenia e uso de medicamentos, entre outros, mas, ser� que seus estudos macabros realmente contribu�ram de alguma forma para a medicina moderna? Primeiro, vamos �s pesquisas mais representativas:
1 � Estudos em hipotermia
Um dos estudos, conduzido em Dachau pelo m�dico nazista Sigmund Rascher, envolveu a participa��o de cerca de 300 prisioneiros que foram colocados � alguns nus e outros vestidos com os uniformes dos pilotos alem�es � em �gua gelada durante per�odos que variavam entre 2 e 5 horas para simular as condi��es do Mar do Norte quando os aviadores da Luftwaffe eram abatidos por l�.
O m�dico media a temperatura dos participantes inserindo term�metros em seus retos e anotava todas as varia��es e rea��es f�sicas cuidadosamente em tabelas detalhadas. Os experimentos foram repetidos centenas de vezes, e Rascher empregou diversos m�todos para reaquecer as v�timas de hipotermia com o prop�sito de descobrir qual era o mais eficaz.
Rascher concluiu, por exemplo, que o ato sexual trazia melhores resultados do que a hidrocolonterapia � ou introdu��o de l�quidos pelo �nus � com subst�ncias quentes. A maioria dos prisioneiros morreu durante o estudo.
2 � Resist�ncia � press�o
Outro experimento conduzido em Dachau tinha como objetivo compreender os efeitos da exposi��o a condi��es de grandes altitudes e baixa press�o, j� que os pilotos de teste da Luftwaffe estavam voando mais alto do que nunca.
Assim, para testar os efeitos da baixa press�o, os nazistas penduravam os prisioneiros em equipamentos de paraquedismo e os fechavam no interior de c�maras isob�ricas. Cerca de 200 pessoas participaram dos experimentos e, enquanto muitas foram lacradas acordadas, outras tantas foram colocadas nos tanques de press�o inconscientes para simular as condi��es nas quais os pilotos desmaiavam em pleno voo.
Diversos prisioneiros chegaram a cravar as unhas no rosto e a mastigar os l�bios e a l�ngua conforme mais ar comprimido ia sendo for�ado no interior das c�maras, e alguns deles tiveram o c�rebro examinado enquanto ainda permaneciam vivos. Em realidade, de todos os participantes nos experimentos, apenas oito morreram durante os testes � mas todos foram executados ao final dos estudos.
3 � Desidrata��o
Tamb�m conduzido em Dachau, o estudo sobre desidrata��o envolveu a participa��o de 90 ciganos � que foram isolados em uma �rea restrita e proibidos de beber �gua pot�vel. O m�dico respons�vel pelos experimentos se chamava Hans Eppinger, e o objetivo era descobrir quantos dias um marinheiro nazista poderia sobreviver em alto-mar consumindo apenas �gua salgada.
Poucos dias ap�s o in�cio dos testes, depois de o piso ser limpo por outros prisioneiros, os participantes foram vistos lambendo o ch�o em uma tentativa desesperada de absorver alguma umidade. Al�m disso, Eppinger tamb�m observou que a morte por desidrata��o se assemelha � r�pida fal�ncia renal e que os participantes n�o eram capazes de sobreviver por 12 dias apenas consumindo �gua salgada � algo totalmente previs�vel.
4 � Efici�ncia de medicamentos
O campo de concentra��o de Ravensbruck serviu de palco para testes com as sulfonamidas, um tipo de antibi�tico que, na d�cada de 40, ainda era pouco conhecido. Ent�o, para entender melhor sua a��o e os efeitos colaterais, os m�dicos nazistas abriam enormes cortes nos corpos dos prisioneiros e esfregavam p� de serra, vidro mo�do ou qualquer material contaminado nas feridas abertas.
Como se fosse pouco, os oficiais estancavam vasos sangu�neos � ou simplesmente os cortavam � para simular quadros de gangrena e evitavam que os machucados cicatrizassem. Os prisioneiros tinham uma ferida tratada com os antibi�ticos e, ent�o, eram submetidos a mais uma sess�o de testes, e assim sucessivamente at� que faleciam e seus corpos eram dissecados para os m�dicos estudarem a a��o dos medicamentos.
Os nazistas tamb�m realizaram testes com novos rem�dios e vacinas contra mal�ria, tuberculose e febre tifoide � nos quais milhares de pessoas foram infectadas com as doen�as e acabaram morrendo. Outro costume dos oficiais era envenenar os prisioneiros e testar proj�teis cobertos com subst�ncias t�xicas para descobrir seu grau de mortalidade.
5 � Fertilidade
N�o � segredo que Joseph Mengele tinha um interesse especial por g�meos � e ele realizou experimentos nos quais infectava um dos irm�os, matava o outro em seguida para poder realizar as necropsias ao mesmo tempo e costurava as duplas para criar �siameses�.
Mas o �Anjo da Morte� tamb�m liderou um projeto que visava aumentar o n�mero de nascimentos m�ltiplos entre arianos e ainda fez pesquisas com o objetivo de desenvolver m�todos de esteriliza��o em massa. Assim, os nazistas submetiam prisioneiros dos campos de concentra��o a cirurgias para remo��o de �teros e ov�rios, vasectomias e castra��es � tudo sem anestesia � ou os expunham a altas doses de radia��o para torn�-los est�reis.
Al�m dessas t�cnicas, muitas mulheres receberam inje��es de compostos que provocavam fortes sangramentos vaginais e c�ncer de colo de �tero, al�m da esteriliza��o � hoje os cientistas acreditam que as prisioneiras podem ter sido injetadas com nitrato de prata ou iodo.
6 � Cirurgia e trauma
Os m�dicos nazistas usaram os prisioneiros dos campos de concentra��o para conduzir pesquisas em cirurgia e trauma, fizeram diversas tentativas de transplantes � de �rg�os, ossos, membros, nervos e m�sculos � entre �pacientes� aleat�rios e tamb�m submeteram os coitados a queimaduras para testar novos tratamentos e t�cnicas relacionadas com enxertos de tecidos.
Veredito
Evidentemente, os estudos realizados pelos nazistas s�o vistos atualmente como incrivelmente anti�ticos e atrozes. E, embora os oficiais tenham conduzido experimentos em todas as �reas que descrevemos acima, poucos m�dicos seguiram metodologias cient�ficas, e boa parte das anota��es n�o fazem o menor sentido.
Isso significa que os resultados da grande maioria dos experimentos s�o considerados in�teis e cientificamente duvidosos, sem falar que muitos dos estudos simplesmente replicam testes que j� haviam sido realizados anteriormente. Al�m disso, nenhuma das pesquisas realizadas nos campos de concentra��o pode ser repetida por outros cientistas � por raz�es �bvias �, portanto � imposs�vel verificar a validade dos experimentos nazistas.
O �nico trabalho da �poca que � apesar dos pesares e de muita pol�mica � teve alguma serventia foi o estudo sobre hipotermia realizado em Dachau. Os experimentos foram citados por dezenas de cientistas e s�o considerados como uma das pesquisas mais detalhadas sobre os est�gios finais de hipotermia em seres humanos.
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Estudo sobre hipotermia |
O estudo foi usado na cria��o de roupas de sobreviv�ncia para barcos pesqueiros que navegam por �guas geladas e no desenvolvimento de t�cnicas de salvamento de v�timas de hipotermia. No entanto, todos os demais experimentos torturantes n�o t�m praticamente nenhum valor cient�fico, o que significa que milhares de inocentes foram torturados, sofreram atrocidades inimagin�veis e perderam suas vidas por nada.
Fonte: Megacurioso
Por: Maria Luciana Rinc�n