Campo Grande (MS), Quarta-feira, 30 de Julho de 2025

JULHO AMARELO

Brasil intensifica combate às hepatites virais e reforça testagem gratuita no SUS

No Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites, país destaca avanços no tratamento e alerta para os riscos das infecções silenciosas que afetam o fígado

29/07/2025

09:30

REDAÇÃO

Profissional da saúde realiza testagem rápida contra hepatites virais em UBS durante ação do Julho Amarelo. A campanha nacional reforça o diagnóstico precoce como forma de prevenção e cuidado. @REPRODUÇÃO

Nesta segunda-feira, 28 de julho, o Brasil se uniu à mobilização global pelo Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, uma data fundamental para reforçar a importância da prevenção, testagem e tratamento dessas infecções que, muitas vezes silenciosas, podem causar complicações graves como cirrose e câncer hepático.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), as hepatites virais causam cerca de 1,4 milhão de mortes por ano no mundo. No Brasil, os tipos mais comuns são A, B e C, enquanto os tipos D (Delta) e E têm ocorrência mais localizada.

Avanços em Mato Grosso do Sul

Dados do Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais mostram que Mato Grosso do Sul tem registrado importantes avanços no combate às hepatites:

  • Óbitos por hepatite B caíram de 31 (em 2014) para 10 (em 2024) — uma redução de 67%.

  • Óbitos por hepatite C diminuíram de 11 para 3 no mesmo período — queda de 72%.

Apesar da redução, o Ministério da Saúde alerta para a necessidade de ampliar a testagem e garantir que mais pacientes iniciem e mantenham o tratamento contínuo, principalmente no caso da hepatite B, que ainda não tem cura, mas pode ser controlada com medicamentos gratuitos fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Entenda os principais tipos de hepatites virais:

Hepatite A

  • Transmissão: via fecal-oral, por água e alimentos contaminados.

  • Prevenção: vacinação (dose única aos 15 meses), higiene alimentar e saneamento básico.

  • Evolução: geralmente benigna, mas pode ser grave em adultos.

Hepatite B

  • Transmissão: por sangue, relações sexuais sem proteção e de mãe para filho.

  • Prevenção: vacina gratuita no SUS (3 doses para adultos), uso de preservativos e não compartilhar objetos cortantes.

  • Tratamento: uso de antivirais como tenofovir e entecavir; controle vitalício em casos crônicos.

Hepatite C

  • Transmissão: principalmente pelo contato com sangue contaminado (agulhas, transfusões antigas).

  • Prevenção: não há vacina, mas evitar exposição ao sangue é essencial.

  • Tratamento: antivirais modernos com taxa de cura superior a 95%.

Hepatite D (Delta)

  • Transmissão: ocorre apenas em pessoas já infectadas pelo vírus da hepatite B.

  • Prevenção: a vacina contra hepatite B também protege contra o vírus D.

  • Gravidade: maior risco de evolução para doença hepática severa.

Hepatite E

  • Transmissão: via fecal-oral (semelhante à hepatite A), mais comum na Ásia e África.

  • Casos no Brasil: raros e esporádicos.

  • Prevenção: saneamento básico e higiene.

Panorama da testagem e tratamento no país

O Ministério da Saúde lançou uma plataforma inédita de monitoramento em tempo real, permitindo acompanhar, por estado e município, quantas pessoas foram diagnosticadas com hepatites B e C, quantas iniciaram o tratamento e o tempo médio de acompanhamento.

Números de 2024 no Brasil:

  • 115,3 mil pessoas foram indicadas para tratamento da hepatite B;

  • Apenas 58,8 mil iniciaram o processo;

  • 14,8 mil abandonaram o acompanhamento.

Situação em Mato Grosso do Sul:

  • 1.188 pessoas receberam indicação de tratamento para hepatite B;

  • 430 iniciaram o cuidado;

  • Para hepatite C, das 130 pessoas indicadas, 96 iniciaram o tratamento.

A meta do Ministério da Saúde é dobrar o número de pessoas em tratamento da hepatite B até alcançar 80% de cobertura, conforme as metas da OMS.

Campanha Julho Amarelo: “Um teste pode mudar tudo”

Durante todo o mês, a campanha Julho Amarelo mobiliza profissionais de saúde, municípios e população para ampliar o acesso ao teste rápido gratuito disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de todo o país.

A recomendação é que todas as pessoas com mais de 20 anos realizem o teste pelo menos uma vez na vida.

“A hepatite B ainda não tem cura, mas pode ser controlada com a vacina, que é segura, eficaz e ofertada gratuitamente pelo SUS”, reforçou a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Mariângela Simão.

Com a inclusão da vacina contra hepatite A no SUS a partir de 2014, o país teve uma redução histórica nos casos infantis:

  • Entre menores de 5 anos, a queda foi de 97,3% entre 2013 e 2023;

  • Entre crianças de 5 a 9 anos, a redução foi de 99,1%;

  • No geral, os casos caíram de 6.261 (em 2013) para 437 (em 2021).

O Ministério também lançou o Guia de Eliminação das Hepatites Virais, com metas e estratégias técnicas para estados e municípios. Os que avançarem nas metas podem receber selos Bronze, Prata ou Ouro, reconhecendo os esforços em prevenção, diagnóstico e tratamento.

Até o momento, 18 municípios brasileiros já foram certificados.

Vacinas salvam vidas

O Brasil oferece gratuitamente, pelo SUS, vacinas eficazes contra hepatites A e B, além de medicamentos de alto custo para os casos crônicos de hepatite B e antivirais modernos para a hepatite C.

A vacinação é uma das formas mais efetivas de prevenção e está disponível em postos de saúde em todo o país.


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