RIBAS DO RIO PARDO
Projeto da EMEI São João está na finalíssima do Prêmio Educador Transformador
Intitulado como “Horta comunitária com sistema de compostagem”, o projeto é capitaneado pelo diretor escolar Lucas Lopes Ribeiro, que divide esta liderança com toda a equipe da escola
06/04/2023
15:00
ASSECOM
Crianças participam de tudo que envolve a horta e ainda se alimentam
O projeto “Horta comunitária com sistema de compostagem”, da Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) São João, está na finalíssima do Prêmio Educador Transformador, que é uma união entre o Prêmio Professor Transformador, da Bett Brasil e Instituto Significare; e do Prêmio Sebrae de Educação Empreendedora. Elaborado pelo diretor escolar Lucas Lopes Ribeiro, o projeto disputa o prêmio com outros 256 projetos selecionados para a final nacional.
Apesar de ter se debruçado nesta empreitada, o diretor da EMEI São João - Lucas Lopes - se esquiva deste encabeçamento e deixa claro que a chegada nesta reta final na disputa pelo prêmio é oriunda de um trabalho envolvendo todos os professores e demais funcionários da escola. O prêmio é válido para as categorias Educação Infantil, que é o objeto de disputa de Ribas do Rio Pardo, além do Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II, Ensino Médio, Educação Profissional, Educação de Jovens e Adultos e Ensino Superior.
Os candidatos que saírem vitoriosos receberão bolsa integral no curso de MBA em Educação Empreendedora, na modalidade ensino a distância, ministrado pela Faculdade Sebrae, e mais cinco bolsas integrais para as instituições de cada professor. Os sete ganhadores também serão convidados a participar de uma missão técnica nacional custeada pelo Sebrae, em data e destino a definir, além de troféu e certificado de Destaque Nacional no Prêmio Educador Transformador.
Enquanto espera o resultado, Lucas Lopes revela que na horta foram plantadas alface, cheiro verde, couve, almeirão, batata doce, berinjela, repolho, alface roxa, cenoura, mandioca, abóbora, feijão, terramicina, erva cidreira e hortelã. Lucas Lopes explicou, ainda, que toda a compostagem foi realizada com resíduos da cozinha, como borra de café, sobra de alimentos, folhagem e casca de ovo.
Até mesmo o húmus, que é uma substância constituída por matéria orgânica em decomposição produzida principalmente pelas minhocas e embuás em seus respectivos processos digestivos, também era feito na EMEI São João. “Aprendemos que essa substância apresenta coloração escura, é inodora, de textura leve, homogênea e rica em nutrientes. Nossa equipe produziu tudo isso. Nossa produção foi utilizada na alimentação dos alunos, que gostaram de comer o que era plantado na própria escola”, lembrou Lucas Lopes.
Outros projetos sul-mato-grossenses também disputam o prêmio nas demais categorias, mas o projeto “Horta comunitária com sistema de compostagem” é o único de Ribas do Rio Pardo. Para Lucas Lopes, o mais importante é inserir o município nestas disputas sadias e estimular a criação de outros projetos. Sem querer revelar o nome, ele destaca que já está pensando em outras iniciativas e sabe que outros professores e diretores estão no mesmo pensamento. “Quando a gente insiste e luta, uma hora alcançamos o resultado”, disse.
Agora confira uma entrevista, em formato "pingue-pongue", que o diretor escolar Lucas Lopes (no detalhe da selfie) concedeu.
Reportagem: Qual foi o ponto de partida do projeto?
Lucas Lopes: Após diversas abordagens sobre a alimentação com nossas crianças, a ideia do projeto horta comunitária surgiu com intuito de aprofundarmos o tema e a participação dos alunos ao plantar, cuidar e colher. O envolvimento das crianças foi no sentido de estimular a sua participação na produção, consumo e importância das hortaliças. Além do consumo na instituição, a horta ganhou grande proporção e passamos a fornecer para as famílias e comunidade em torno da escola. Aproveitamos a iniciativa implantamos na instituição o sistema de compostagem e minhocário, diminuindo o descarte de lixo, já que o município não possui aterro sanitário.
Reportagem: Em que consiste a pratica?
Lucas Lopes: O projeto tem como premissa básica reforçar e enriquecer a alimentação dos nossos alunos com tudo enriquecer a merenda escolar e resgatar o plantio de uma horta doméstica de fácil cuidado e manuseio, colocando a criança em contato com a terra no preparo dos canteiros e a descoberta de inúmeras formas de vida que ali existem e convive. Há, ainda, o encanto com as sementes que brotam como mágica, a prática diária do cuidar, regar e transplantar. A horta tem como objetivo facilitar o acesso a alimentos saudáveis, prevenir a desnutrição e a deficiência alimentar de crianças em regiões com vulnerabilidade social para lhes garantir a boa saúde.
Reportagem: Por que é uma pratica transformadora?
Lucas Lopes: O ponto fundamental é que, além de ocupar um espaço físico ocioso, os alimentos produzidos exercem um papel complementar na merenda escolar, e na vida de nossas crianças, proporcionando uma alimentação saudável e rica em nutrientes. Foi possível, ainda, estimular hábitos alimentares mais saudáveis, e ajudar na diminuição do lixo descartado pela instituição, que serviu para o adubo e também na produção do húmus produzida por nosso minhocário.
Reportagem: Como a horta foi Implantada?
Lucas Lopes: O primeiro passo foi apresentar o projeto para o corpo docente e administrativo da escola. Após isso, fizemos um convite para equipe técnica da prefeitura, que nos auxiliou e nos ajudou no preparo do terreno e escolhas de hortaliças. As crianças estiveram sempre presente, ajudando no plantio e no manuseio da terra. Inicialmente tivemos apenas um canteiro cuidávamos e resgávamos diariamente. O projeto foi ganhando proporção passamos a ter 4 canteiros e diversas hortaliças como alface, cheiro verde, rúcula, acelga, couve, cenoura, beterraba e rabanete. O adubo era produzido na instituição com nossa compostagem e minhocário. Logo. o projeto foi visto por um grupo de alunos do curso do SENAI, que fez a automatização de nossa horta, onde ela mesmo regava sozinha todos os dias. Toda semana tínhamos verduras para a merenda e conseguíamos ajudar famílias carentes pois nossa intuição fica em uma área de extrema pobreza.
Reportagem: Descreva uma atividade prática?
Lucas Lopes: PLANTEI, REGUEI e COLHI! Quando as crianças vivenciam este processo de plantar, acompanhar, cuidar, esperar, para depois colher, demonstra-se o movimento cíclico das nossas relações uns com os outros. E este aprendizado é de muito valor. Conversar e discutir com os pequenos sobre este processo grandioso de uma horta, possibilita reflexões frutíferas para o desenvolvimento integral da criança em seus aspectos: cognitivos, afetivos e sociais. E no fim da atividade é possível ver os resultados de todo processo esperado, desde o cuidado om as hortaliças e também os cuidados com a compostagem e as minhocas.
Reportagem: Qual é oportunidade?
Lucas Lopes: A horta, neste caso, ocupou um lugar que antes era só mato e esquecido. Fizemos desse espaço a oportunidade de virar uma sala de aula para o aluno. Os conteúdos e conceitos podem ser aplicados ali na prática: a história dos alimentos, os benefícios dos alimentos para a saúde, a importância das matas e hortas para o ser humano além das formas geométricas, cores e muitos outros conceitos. A horta na escola promove, ao aluno, muito aprendizado e é uma forma do professor trazer inovação para os aprendizados na escola, além de promover o bem-estar para quem aprende e para a comunidade escolar.
Reportagem: Houve mobilização de recursos?
Lucas Lopes: O adubo veio através da criação da compostagem, com restos de cascas de frutas de ovos e borra de café. As sementes, mudas e outras hortaliças tiveram apoio dos professores e comerciantes locais. O sistema de irrigação veio através dos alunos do SESC e SENAI que realizaram o TCC do curso de capacitação. Através da visibilidade das redes sociais, a nossa horta começou a ganhar padrinhos e apoiadores e começamos a ganhar doações dos pais e pessoas da comunidade.
Reportagem: Conte-nos sobre as tomadas de decisões de ações
Lucas Lopes: A horta acaba por promover o planejamento e o trabalho em equipe. Plantar e colher exige tempo, dedicação e trabalho em equipe. Todas essas práticas, vivenciadas no cotidiano escolar, enfatiza que o Projeto Horta comunitária estimula o melhor aproveitamento das hortaliças na alimentação escolar e o reaproveitamento de alimentos que iriam para o lixo e, ainda, incentiva a produção e o cultivo da horta, com aprendizagem na teoria e na prática dos alunos, atingindo também os pais, ao adotarem práticas sustentáveis no âmbito familiar.
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