Campo Grande (MS), Terça-feira, 26 de Agosto de 2025

MUNDO / BRASIL

Tarifas de Trump abalam comércio com o Brasil e colocam exportações de MS em alerta

Nova taxação de 10% sobre produtos brasileiros preocupa governo, setor produtivo e pode causar perdas bilionárias no agronegócio e indústria de Mato Grosso do Sul

10/07/2025

08:25

REDAÇÃO

@REPRODUÇÃO

 

Uma decisão anunciada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, causou forte repercussão internacional e acendeu o sinal de alerta no Brasil e em Mato Grosso do Sul. A nova medida impõe uma tarifa de 10% sobre produtos de países do BRICS, incluindo o Brasil, com início previsto para vigorar a partir de abril de 2026, caso Trump reassuma o governo norte-americano.

A taxação foi justificada por Trump como forma de combater o que chamou de “práticas antiamericanas” de países que, segundo ele, buscam substituir o dólar como moeda padrão nas transações internacionais. A iniciativa foi vista por autoridades e especialistas como política, protecionista e prejudicial ao comércio global.

Reações no Brasil e no mundo

No Brasil, a medida foi recebida com repúdio por autoridades federais e líderes do setor produtivo. O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, afirmou durante visita a Campo Grande (MS) que considera a taxação "injusta e prejudicial ao comércio bilateral". Ele defendeu o diálogo e a negociação com os EUA, além da possibilidade de recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC).

Já a deputada federal Mara Caseiro (PSDB-MS), em nota pública, alertou para os prejuízos que a decisão pode trazer especialmente ao agronegócio sul-mato-grossense, um dos setores mais impactados pela medida. “Essa taxação ameaça empregos, investimentos e toda a cadeia produtiva que depende da exportação”, disse a parlamentar.

A repercussão internacional também foi negativa. Países do BRICS classificaram a atitude como “hostil e equivocada”, e organizações internacionais alertaram para o risco de uma nova guerra comercial, com reflexos globais.

Impactos diretos em Mato Grosso do Sul

Mato Grosso do Sul, que triplicou suas exportações para os EUA nos últimos cinco anos, sentirá diretamente os efeitos da nova tarifa. Segundo dados da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), o Estado exportou US$ 669 milhões em 2024 para o mercado norte-americano, com destaque para celulose, carnes, ferro-liga e etanol.

Com a taxação de 10%, os produtos sul-mato-grossenses podem perder competitividade, encarecendo os custos para importadores e reduzindo a margem de lucro dos produtores locais. O impacto estimado é de US$ 60 a 80 milhões em perdas diretas, caso a medida seja mantida por tempo prolongado.

A Federação das Indústrias de MS (Fiems) divulgou nota considerando a medida “inaceitável”, e defendeu a intensificação de negociações diplomáticas. A entidade também propõe a diversificação de mercados e apoio federal para o setor produtivo que pode ser afetado.

Diante do cenário de incertezas, o Brasil trabalha com três frentes de resposta:

  1. Negociação com os EUA – Evitar escalada diplomática e tentar reverter a tarifa.

  2. Recurso à OMC – Apelar a instâncias internacionais por violação ao livre comércio.

  3. Diversificação de mercados – Incentivar a exportação para outros países, como China, Egito, Índia e países da União Europeia.

Em Mato Grosso do Sul, especialistas defendem a aceleração de rotas logísticas alternativas, como a Rota Bioceânica, que deve facilitar o acesso a portos do Pacífico e abrir novos mercados na Ásia.

A imposição das novas tarifas por Donald Trump cria um cenário de instabilidade nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, afetando diretamente Mato Grosso do Sul. A resposta do governo federal e do setor produtivo será decisiva para proteger as exportações brasileiras e garantir que a economia regional não sofra danos duradouros.

Enquanto isso, autoridades estaduais e federais reforçam o compromisso com a diplomacia e o diálogo como os melhores caminhos para manter a cooperação internacional, preservar empregos e garantir segurança econômica para o país.


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