O Ministério da Saúde confirmou neste sábado (4) que o Brasil registrou 195 notificações de intoxicação por ingestão de metanol em bebidas alcoólicas, sendo 14 casos confirmados e outros 181 ainda sob investigação. O levantamento foi feito a partir de dados enviados pelos estados até as 16h ao Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde Nacional (Cievs).

O estado de São Paulo concentra o maior número de registros, com 162 notificações – das quais 14 foram confirmadas. Há casos suspeitos também em Pernambuco (11), Mato Grosso do Sul (5), Paraná (3), Bahia (2), Goiás (2), Rio Grande do Sul (2), Distrito Federal (1), Espírito Santo (1), Minas Gerais (1), Mato Grosso (1), Rondônia (1), Piauí (1), Rio de Janeiro (1) e Paraíba (1).

Até o momento, foram registradas 13 mortes suspeitas, sendo uma já confirmada em São Paulo. A gestão estadual informou neste sábado a ocorrência de uma segunda morte no estado ligada à intoxicação por metanol. Os demais óbitos estão em apuração nos estados de Pernambuco (3), São Paulo (7), Bahia (1) e Mato Grosso do Sul (1).

Casos no MS incluem morte de jovem de 21 anos

Em Mato Grosso do Sul, o Ministério da Saúde investiga quatro casos suspeitos. Um deles resultou na morte de Matheus Santana Falcão, de 21 anos, em Campo Grande. Ele apresentou sintomas típicos de intoxicação após ingerir cachaça comprada em uma conveniência no bairro onde morava. Segundo o boletim de ocorrência, a bebida da marca “Camelinho” foi adquirida na quarta-feira (2), e os sintomas apareceram no dia seguinte.

O jovem deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Bairro Universitário às 18h20 ainda consciente, mas sofreu uma crise convulsiva cerca de 25 minutos depois. Ele foi intubado, mas não resistiu e morreu às 19h53. Familiares relataram demora no atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que teria levado mais de duas horas para chegar.

Ações emergenciais e aquisição de antídotos

Diante da gravidade dos casos, o Ministério da Saúde determinou que todos os estados e municípios notifiquem imediatamente suspeitas de intoxicação por metanol. Também foi instalada uma sala de situação nacional para acompanhar os casos em tempo real, que seguirá em funcionamento enquanto houver risco sanitário.

Como medida preventiva, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou a aquisição de 12 mil ampolas de etanol farmacêutico e 2,5 mil unidades de fomepizol — ambos utilizados como antídotos em casos de intoxicação por metanol. A distribuição ocorrerá conforme a demanda de cada estado, com apoio dos hospitais universitários.

“A ciência e os especialistas nos orientam sobre o uso desses antídotos como forma comprovada de tratamento. Estamos atuando para garantir acesso rápido e seguro aos medicamentos”, afirmou o ministro durante coletiva de imprensa.

A compra do fomepizol foi viabilizada por meio do Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em parceria com um fabricante do Japão.

Risco grave à saúde

O metanol, quando ingerido, é metabolizado pelo organismo em substâncias extremamente tóxicas, como formaldeído e ácido fórmico, que podem causar lesões irreversíveis e até a morte. Os principais sintomas da intoxicação incluem visão turva, perda de visão (inclusive cegueira), náuseas, vômitos escuros, dores abdominais e sudorese intensa.

Em caso de suspeita, é essencial procurar atendimento médico imediato e contatar os centros especializados. Os canais de orientação incluem:

• Disque-Intoxicação da Anvisa: 0800 722 6001

• Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo: (11) 5012-5311 ou 0800-771-3733

• CIATox local para atendimento especializado

Fiscalização reforçada

Neste sábado, a Guarda Civil Metropolitana e a Vigilância Sanitária realizaram fiscalização em bares e pontos de venda de destilados em Campo Grande. O objetivo é retirar de circulação bebidas suspeitas de adulteração ou falsificação.

Segundo o Procon-MS, nove estabelecimentos já foram autuados neste ano por venda de bebidas alcoólicas adulteradas ou contrabandeadas.