ECONOMIA
Governo busca negociação com EUA e pede apoio de empresários
Vice-presidente Alckmin lidera reuniões com setores da indústria e do agronegócio para discutir reação à tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos
15/07/2025
10:40
AGÊNCIA BRASIL
REDAÇÃO
Vice-presidente Geraldo Alckmin conduz reunião com representantes da indústria brasileira para discutir medidas frente à nova tarifa dos EUA Foto: Lula Marques/Agência Brasil
O governo federal iniciou nesta terça-feira (15) uma rodada de reuniões com representantes dos setores da indústria e do agronegócio para discutir estratégias frente à decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A primeira reunião, realizada pela manhã, foi comandada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, com foco no setor industrial. No período da tarde, será a vez dos representantes do agronegócio.
Durante a abertura do encontro, Alckmin destacou que o governo vai buscar negociação diplomática, mas com firmeza e responsabilidade, sem interferências em outras esferas de poder — em referência indireta a declarações recentes do presidente norte-americano Donald Trump, que criticou decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).
“É importante a participação de cada um de vocês, nas suas áreas específicas, para fazermos um trabalho em conjunto. O governo brasileiro está empenhado em resolver essa questão e queremos ouvir as sugestões de cada um de vocês”, afirmou o vice-presidente.
Alckmin classificou as tarifas como injustas e prejudiciais à economia de ambos os países, destacando que setores como o siderúrgico têm relação de interdependência comercial com os Estados Unidos.
Comitê Interministerial e resposta diplomática
A mobilização empresarial ocorre no âmbito do recém-criado Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, que reúne os ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Fazenda, Relações Exteriores e Casa Civil. Outras pastas também foram convidadas para colaborar.
Na segunda-feira (14), Alckmin informou que o Brasil já havia tentado negociar com os EUA desde maio, por meio de canais diplomáticos confidenciais. Segundo ele, uma proposta formal foi encaminhada em 16 de maio, mas não houve resposta.
“Até sexta-feira, antes do anúncio da tarifa, estávamos em reuniões técnicas com representantes americanos. O que veio depois foi uma decisão unilateral e inaceitável”, declarou.
Reciprocidade e possíveis contramedidas
O governo brasileiro ainda avalia quais medidas poderá adotar caso a tarifa entre em vigor no próximo 1º de agosto, como previsto. A resposta poderá ser baseada na Lei de Reciprocidade Econômica, aprovada pelo Congresso Nacional neste ano. A regulamentação da lei foi publicada nesta terça-feira (15) no Diário Oficial da União.
A nova legislação autoriza o governo a adotar medidas comerciais de retaliação ou compensação contra países que impuserem barreiras tarifárias ou não tarifárias ao Brasil sem justa causa.
“Vamos trabalhar junto com a iniciativa privada, com diálogo e responsabilidade. O Brasil não tem superávit com os EUA. Aliás, o contrário. Em muitos setores, como o de alta tecnologia, a tarifa de importação brasileira é zero”, afirmou Alckmin.
O vice-presidente continuará à frente das tratativas com os setores econômicos e já adiantou que o governo também pretende dialogar diretamente com empresas americanas que importam produtos brasileiros, como forma de pressionar o governo dos EUA a rever a taxação.
As reuniões desta terça-feira servirão de base para a construção de uma agenda de atuação conjunta entre o setor público e o privado, tanto em negociações diplomáticas como na definição de possíveis contramedidas comerciais.
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