A campanha Dezembro Vermelho, dedicada à conscientização sobre HIV/Aids, reacende um alerta importante: o cuidado com a saúde sexual deve ir muito além do teste de HIV. Especialistas destacam que diversas Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) como sífilis, HPV, hepatites virais, clamídia e gonorreia muitas vezes evoluem sem sintomas, o que torna o check-up regular fundamental para evitar complicações graves, como infertilidade, câncer e danos neurológicos.

O check-up de ISTs é considerado um ato de autocuidado e de responsabilidade coletiva. “A testagem periódica é uma das mais importantes ferramentas de cuidado, pois permite que o indivíduo conheça sua condição de saúde, receba o tratamento correto e proteja seus parceiros”, afirmam especialistas. A sífilis, por exemplo, pode ser identificada facilmente com um simples exame de sangue.

O que incluir em um check-up de saúde sexual?

Após consulta com um profissional de saúde, um check-up completo de ISTs deve contemplar:

• HIV 1 e 2: Testes de quarta geração, com janela imunológica reduzida.

• Sífilis (VDRL e treponêmicos): Indispensáveis para identificar a infecção em diferentes estágios.

• Hepatites B e C: Diagnóstico precoce evita danos hepáticos graves; a vacina contra Hepatite B é eficaz.

• HPV: Testes moleculares e Papanicolau para detectar o vírus responsável pela maioria dos casos de câncer de colo do útero.

• Clamídia e Gonorreia: Comuns e frequentemente assintomáticas, podem causar doença inflamatória pélvica e infertilidade.

• Herpes Simples (tipo 1 e 2): Sorologia capaz de identificar infecção mesmo fora de períodos de crise.

Prevenção combinada é a estratégia mais eficaz

A testagem é apenas um dos pilares da prevenção combinada, que reúne ações como uso de preservativos, acesso à PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), vacinação como para HPV e Hepatite B  e diálogo aberto com parceiros e profissionais de saúde. Essa abordagem integrada reduz significativamente o risco de transmissão e fortalece a saúde sexual ao longo da vida.

“Mais do que uma campanha de conscientização, o Dezembro Vermelho é um lembrete sobre o valor do autocuidado. Informação, prevenção e testagem são pilares para uma vida saudável e responsável”, reforçam especialistas.

Situação epidemiológica das ISTs no Brasil

O país enfrenta um cenário desafiador. Enquanto o tratamento do HIV avança, outras infecções crescem em ritmo acelerado.

O Boletim Epidemiológico de 2023 registrou cerca de 36,7 mil novos casos de HIV, com tendência de queda no avanço para Aids devido à ampliação do tratamento. Ainda assim, há aumento de casos entre jovens de 15 a 29 anos.

A sífilis vive uma epidemia: foram mais de 213 mil casos de sífilis adquirida em 2022 e 27 mil de sífilis congênita, agravando indicadores de mortalidade infantil e sequelas permanentes.

O HPV continua altamente prevalente: estima-se que mais de 50% dos jovens sexualmente ativos estejam infectados. O vírus é responsável pela maioria dos casos de câncer de colo do útero, que contabiliza mais de 17 mil novos diagnósticos anuais, segundo o INCA.

As hepatites virais também preocupam: em 2022, o país registrou 13,5 mil novos casos de Hepatite B e 23,7 mil de Hepatite C. Embora existam vacina e cura, respectivamente, grande parte das pessoas desconhece estar infectada.

Já clamídia e gonorreia, apesar de serem as ISTs bacterianas mais comuns, passaram por amplo processo de subnotificação, pois não fazem parte da lista de agravos de notificação compulsória no Brasil o que impede uma real dimensão da situação no país.