SAÚDE E PREVENÇÃO
Verão exige atenção redobrada para prevenir acidentes vasculares cerebrais
Calor intenso, desidratação, consumo de álcool e descuido com medicamentos elevam risco de AVC, alerta especialista
22/12/2025
07:25
REDAÇÃO
Altas temperaturas do verão aumentam risco de AVC, especialmente em situações de desidratação e consumo excessivo de álcool. © Tomaz Silva/Agência Brasil
As altas temperaturas do verão podem aumentar significativamente o risco de ocorrência de acidentes vasculares cerebrais, especialmente quando associadas à desidratação e a hábitos comuns dessa época do ano. O alerta é do neurocirurgião e neurorradiologista intervencionista Orlando Maia, do Hospital Quali Ipanema, no Rio de Janeiro, que aponta crescimento no número de atendimentos durante os meses mais quentes.
Segundo o especialista, o calor favorece a perda de líquidos do organismo, tornando o sangue mais espesso e aumentando a chance de formação de coágulos, principal causa do AVC isquêmico, que representa a maioria dos casos registrados. A desidratação, somada à redução natural da pressão arterial provocada pela vasodilatação, cria um ambiente propício para tromboses e arritmias cardíacas.
O médico explica que as arritmias podem levar à formação de coágulos no coração, que acabam sendo transportados até o cérebro. Como cerca de 30% do fluxo sanguíneo do coração é direcionado ao cérebro, o risco de obstrução cerebral se torna elevado nessas situações.
Outro fator agravante no verão é o aumento do consumo de bebidas alcoólicas, comum durante férias e eventos sociais. O álcool intensifica a desidratação, favorece alterações no ritmo cardíaco e contribui para o esquecimento do uso regular de medicamentos, especialmente entre pacientes com hipertensão ou doenças crônicas.
Doenças típicas da estação, como gastroenterites, quadros de insolação e esforços físicos excessivos sob altas temperaturas, também contribuem para o aumento dos casos. Além disso, o tabagismo segue sendo um dos principais fatores de risco, pois compromete a elasticidade dos vasos sanguíneos, favorece inflamações e acelera o entupimento das artérias cerebrais.
De acordo com Orlando Maia, o AVC é uma das principais causas de morte e incapacidade no mundo e tem atingido pessoas cada vez mais jovens, muitas vezes antes dos 45 anos. No período de verão, o número de atendimentos chega a dobrar em algumas unidades de saúde.
O especialista reforça que a prevenção é a principal aliada contra a doença. Manter uma rotina de hidratação adequada, alimentação saudável, prática regular de atividades físicas, controle da pressão arterial, uso correto de medicamentos e abandono do cigarro são medidas fundamentais para reduzir os riscos.
O médico também destaca a importância do atendimento rápido diante dos primeiros sinais de AVC, como fraqueza súbita em um lado do corpo, dificuldade para falar, perda de visão, tontura intensa ou perda de consciência. O tratamento é mais eficaz quando iniciado nas primeiras horas após o início dos sintomas, podendo reverter quadros graves e evitar sequelas permanentes.
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