DIA DOS PROFESSORES
Quem cuida de quem ensina? No Dia dos Professores, cresce o alerta sobre a saúde mental e o esgotamento emocional na educação
Debate sobre valorização ganha novo contorno: não basta reconhecer, é preciso garantir equilíbrio emocional
15/10/2025
08:00
REDAÇÃO
MARIA GORETI
Professores enfrentam esgotamento físico e emocional, agravado pela sobrecarga e falta de suporte – Foto: Divulgação
Celebrado em 15 de outubro, o Dia dos Professores é mais do que uma homenagem: é um chamado à reflexão sobre as condições de quem sustenta a educação no país. Por trás do quadro-negro e das videoaulas, cresce um problema silencioso: o adoecimento mental da categoria.
Dados da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), com base no INSS, revelam que mais de 150 mil professores da rede pública foram afastados em 2023 por transtornos relacionados à saúde mental. Entre os diagnósticos mais frequentes estão a síndrome de burnout, depressão e transtornos de ansiedade reflexos de uma rotina marcada por pressão, sobrecarga e desvalorização.
A professora e psicopedagoga Ariane Meneghetti, coordenadora do Núcleo de Apoio e Atendimento Psicopedagógico (NAAP) da Estácio, alerta que o sofrimento mental dos educadores não é mais isolado. “A docência vem sendo atravessada por muita pressão. O emocional se esgota e, com ele, a saúde física e mental do professor”, explica.
A rotina que adoece
Além do papel de ensinar, os docentes assumem múltiplas funções: mediadores sociais, conselheiros, psicólogos e até apoio familiar. Tudo isso sem o devido suporte. A sobrecarga, aliada à baixa remuneração, precariedade das escolas e falta de formação continuada, transforma o ambiente escolar em um espaço de constante tensão.
O desafio da inclusão escolar é outro fator que gera insegurança emocional. Muitos professores recebem alunos com deficiência ou neurodivergências sem recursos pedagógicos, apoio técnico ou estrutura adequada. O resultado é o sentimento de impotência e solidão profissional.
Efeitos da pandemia
A pandemia de Covid-19 aprofundou esse quadro. O isolamento, o medo da contaminação e a transição abrupta para o ensino remoto aumentaram os níveis de estresse e adoecimento. “O vínculo humano, essencial na educação, foi quebrado. Isso gerou crises de identidade docente e angústia generalizada”, observa Ariane.
Mesmo com o retorno presencial, os impactos não desapareceram. Muitos professores ainda enfrentam exaustão crônica, desmotivação e falta de sentido no exercício da profissão.
Do discurso à prática do cuidado
Apesar do avanço no debate sobre saúde mental, a maioria das instituições trata o tema de forma pontual e superficial. Para mudar esse cenário, Ariane defende a implantação de políticas permanentes de acolhimento, como:
Espaços de escuta ativa
Grupos de apoio emocional
Formação em autocuidado
Flexibilização da carga horária
Atendimento psicológico institucional
O NAAP, da Estácio, é citado como exemplo de boa prática ao oferecer acompanhamento psicológico e psicopedagógico contínuo para alunos, professores e coordenadores.
“Cuidar da saúde mental dos educadores é garantir qualidade na educação. É transformar empatia em política permanente”, conclui Ariane.
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