INTERIOR / GOLPE BILIONÁRIO
Fintech ligada a esquema de estelionato é alvo de operação em Dourados
Mandados cumpridos pela Polícia Civil do DF atingem organização criminosa que usava criptomoedas e falsas promessas de investimento para enganar vítimas em todo o país
03/09/2025
08:55
REDAÇÃO
Notebook, celulares e cartões foram apreendidos durante cumprimento de mandado em Dourados, no interior de Mato Grosso do Sul @DIVULGAÇÃO
A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou nesta quarta-feira (3) a Operação Ebdox, voltada ao desmantelamento de uma organização criminosa internacional especializada em estelionato digital por meio de falsos investimentos. Em Dourados, cidade a 251 km de Campo Grande, mandados de busca e apreensão foram cumpridos com apoio de equipes do SIG (Setor de Investigações Gerais).
Os alvos são investigados por integrarem um esquema bilionário liderado por cidadãos chineses residentes em São Paulo. Uma das empresas envolvidas teria movimentado mais de R$ 1 bilhão apenas no último ano, utilizando criptomoedas, créditos de carbono e até exportação de alimentos para a Venezuela como forma de lavagem de dinheiro.
Em Dourados, foram apreendidos celulares, cartões e um notebook que serão analisados para aprofundamento das investigações. Um dos sócios da fintech investigada, sediado em Campo Grande, também está na mira da polícia por possível envolvimento no que pode ser o maior ataque hacker já registrado no Brasil.
De acordo com o delegado Thiago Boeing, titular da 17ª Delegacia de Polícia do DF, as investigações começaram em abril de 2024, após diversas denúncias de vítimas residentes no Distrito Federal. Elas relataram ter sido cooptadas em grupos de WhatsApp, liderados por um suposto "doutor em economia pela USP", que indicava aplicações com altos retornos em uma plataforma chamada “EBDOX”.
O golpe era sofisticado: após conquistarem a confiança das vítimas, os criminosos indicavam a plataforma onde os depósitos eram feitos. No momento dos saques, os usuários eram surpreendidos com mensagens de que os valores haviam sido bloqueados por uma suposta força-tarefa da Polícia Federal e que seria necessário o pagamento de uma "caução" de 5% do valor investido para liberação.
Mesmo após o pagamento da caução, os valores não eram liberados e a plataforma saía do ar. “Uma única vítima de Taguatinga (DF) teve prejuízo de R$ 220 mil”, relatou o delegado. No site Reclame Aqui, há mais de 400 queixas registradas contra a plataforma EBDOX.
A investigação revelou que os líderes do esquema eram chineses residentes em São Paulo, que contavam com brasileiros cooptados para atuar como intermediadores, administrando grupos em aplicativos de mensagens. Segundo a polícia, havia uma estrutura rígida de controle, com catálogos em chinês e remuneração em criptomoedas.
A operação cumpre 21 mandados de busca e apreensão e três de prisão temporária nos estados de São Paulo (capital e Guarujá), Roraima (Boa Vista), Paraná (Curitiba), Mato Grosso do Sul (Dourados) e Bahia (Entre Rios). Também estão sendo executadas medidas de sequestro de valores.
Os investigados devem responder por estelionato eletrônico, organização criminosa e lavagem de dinheiro. A polícia ainda avalia o dano financeiro total, mas já confirma que se trata de uma das maiores fraudes cibernéticas já descobertas no Brasil.
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