Um diagnóstico de Doença Renal Crônica (DRC) transforma a rotina de qualquer pessoa — especialmente quando o tratamento exige viagens longas, espera por vagas ou até mudança de cidade. Para mudar essa realidade, o Governo de Mato Grosso do Sul colocou em prática uma estratégia de regionalização do cuidado e expansão da Terapia Renal Substitutiva (TRS) pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

“O plano de ação regional em curso promove não apenas a ampliação do número de máquinas e clínicas, mas também a distribuição equilibrada dos atendimentos pelas macrorregiões do estado, com foco na dignidade do paciente e na resolutividade do tratamento”, explica Angélica Segatto Congro, superintendente de Atenção à Saúde.

Paciente utiliza a mesinha de apoio durante a hemodiálise no HRMS — conforto e cuidado em cada detalhe. Foto: Patrícia Belarmino.

A política pública está integrada à Linha de Cuidado da Pessoa com Doença Renal Crônica, que direciona o atendimento conforme a região de origem do paciente, reduzindo deslocamentos e ampliando o acesso, como explica Mara Rúbia da Costa Silva, gerente estadual de Atenção à DRC.

 Expansão e novos serviços até 2026

O plano estadual foi formalizado pela Resolução CIB nº 550, de 9 de dezembro de 2024, e traz metas ambiciosas para o biênio 2025-2026, com foco em descentralização. Entre as principais ações estão:

• Ampliação dos serviços já existentes em: Aquidauana, Coxim, Costa Rica, Bataguassu, Dourados, Ponta Porã e Três Lagoas;

• Implantação de novos centros de atendimento em: Maracaju, Jardim e Nova Andradina;

• Nova habilitação em Campo Grande com a clínica Davita Pantanal;

• Abertura de novo turno em Bataguassu.

Com essas medidas, a rede estadual passará de 457 para 555 máquinas de hemodiálise, aumentando significativamente a capacidade de atendimento e aproximando o tratamento dos pacientes de todas as regiões de Mato Grosso do Sul.

O processo de descentralização é fortalecido com incentivos financeiros oficiais aos municípios, conforme estabelecido na Resolução nº 322. O objetivo é garantir suporte para a estruturação, manutenção e ampliação dos serviços de hemodiálise e Diálise Peritoneal Automatizada (DPA).

Valores repassados:

• R$ 716,12 por mês para cada paciente em DPA

• R$ 45,00 por sessão de hemodiálise, até 14 sessões por mês

A fiscalização do uso dos recursos é feita pela Gerência de Atenção à Doença Renal Crônica (GADRC), que confere os dados de produção e autoriza os repasses com base em monitoramento mensal. O objetivo é garantir transparência e eficiência, reforçando o compromisso com a qualidade e a continuidade do cuidado prestado.

A regionalização da TRS segue diretrizes da Linha de Cuidado da Pessoa com DRC, estabelecida pela Resolução nº 69/SES, de 17 de agosto de 2023. O modelo de referência regional permite que os pacientes iniciem o tratamento na própria macrorregião, o que representa menos viagens, menos desgaste físico e emocional e mais acompanhamento clínico próximo e constante.

Centro de Nefrologia em Naviraí, exemplo de estrutura regional fortalecida com os novos investimentos. Foto: Bruno Rezende.

Com planejamento estratégico, investimento contínuo e atenção às necessidades reais da população, Mato Grosso do Sul transforma a experiência dos pacientes renais crônicos, garantindo que o acesso ao tratamento deixe de ser um obstáculo e passe a ser parte da solução para uma vida mais digna e saudável.