POLÍTICA
Pré-candidato do PSDB investigado por envolvimento na morte de ex-vereador em Anastácio paga R$ 15 mil e é solto
Douglas foi preso na operação que investiga a morte de Dinho Vital
17/05/2024
18:00
MIDIAMAX
@Arquivo
O pré-candidato do PSDB, Douglas Melo Figueiredo, acusado de envolvimento na morte do ex-vereador Dinho Vital, em Anastácio, a 135 quilômetros de Campo Grande, e preso durante uma operação, foi solto após pagar fiança de R$ 15 mil na tarde desta sexta-feira (17).
Douglas foi preso na manhã desta sexta, após equipes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) encontrarem uma pistola e duas carabinas escondidas nos móveis da casa do político.
O Gaeco esteve na cidade para realizar uma operação, no âmbito das investigações sobre a morte do ex-vereador Dinho Vital, ocorrida no dia 8 de maio, na BR-262, em Anastácio, após um suposto confronto com a PM (Polícia Militar). Na ocasião, dois policiais envolvidos foram presos temporariamente.
Nesta sexta , a defesa de Douglas, representada pelo advogado Gustavo Pellicioni, entrou com pedido de habeas corpus para conceder a liberdade do cliente sem pagamento de fiança.
O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) já havia dado parecer favorável para a liberdade mediante pagamento de fiança e, no fim da tarde, o Judiciário acatou o pedido aplicando fiança de R$ 15 mil.
Com isso, Douglas fez o pagamento e foi solto, horas após o flagrante. O MPMS assumiu as investigações sobre o caso nos primeiros dias após o ocorrido e, um dia antes da operação, defesa dos policiais militares chegou a pedir acesso aos autos.
Douglas Melo Figueiredo foi preso no início da manhã desta sexta em casa. Quando os agentes cumpriram os mandados de busca e apreensão, encontraram duas carabinas, uma de calibre .38 e outra .22, sem numeração e marca aparente. Além de uma pistola 9mm, com um carregador e 14 munições.
Armas foram apreendidas com Douglas (Divulgação, MPMS)
Após a prisão, o pré-candidato do PSDB foi levado para a DP (Delegacia de Polícia Civil) de Anastácio, onde prestou depoimento e alegou que as armas apreendidas em móveis dentro de casa eram do pai dele – falecido no ano passado –, que morava em uma chácara com a esposa, e tinha o armamento há muitos anos.
Já os policiais militares se apresentaram e foram levados para a Corregedoria. Em contato com o advogado de defesa dos policiais, Lucas Rocha, confirmou que os militares se apresentaram espontaneamente. Contra eles havia mandados de prisão temporária, com prazo de 5 dias.
“Os Policiais Militares apresentaram-se espontaneamente para cumprimento dos mandados de prisões temporárias, pois acreditam e confiam fielmente no Poder Judiciário, e tão breve será elucidado o ocorrido, e assim confirmada as versões dos mesmos, que agiram no estrito cumprimento do dever legal e em clara legítima defesa”, explicou o advogado.
As informações do laudo oficial apontam que dois disparos atingiram Dinho no dia 8 de maio. Um teria atingido a região da escápula do ex-vereador e saiu pelo tórax. Já o outro tiro atingiu a barriga de Dinho, local por onde também saiu.
Com isso, ainda há suspeita sobre a tese de que os policiais teriam atirado para desarmar Dinho. O que moradores de Anastácio afirmam que é Dinho foi vítima de uma execução.
Inicialmente os depoimentos dos policiais apenas indicavam uma abordagem a Dinho após a briga na festa e os disparos, supostamente para desarmar o ex-vereador. Na Corregedoria da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), a versão mudou.
Valdeci Alexandre da Silva Ricardo confirmou que é amigo de Douglas, ex-prefeito de Anastácio e pré-candidato pelo PSDB, com quem Dinho teve uma briga na festa de aniversário da cidade.
Então, relatou que estava na festa como convidado quando houve a briga e Dinho chegou a bater em uma pessoa. Com isso o ex-vereador foi embora e em seguida também o ex-prefeito, o prefeito da cidade e outras testemunhas.
No entanto, Dinho teria retornado e pessoas da festa começaram a falar que havia uma pessoa armada na entrada da chácara onde ocorria o evento. Valdeci afirmou que foi com Bruno verificar o que ocorria, de carro.
Assim, viram o veículo parado nas margens da estrada e pararam atrás. Dinho estava na parte traseira do veículo e teria ido para o lado, onde se agachou. Então, Valdeci alega que neste momento percebeu o ex-vereador pegando uma arma de fogo.
Os policiais teriam dito “polícia, polícia”, mas segundo eles Dinho foi para cima do veículo com a arma em mãos, quando os militares fizeram os disparos. Dinho ainda correu para a parte da frente do carro para fugir dos tiros, onde foi depois encontrado caído e já sem vida.
A princípio não há registro de que disparo tenha sido feito por Dinho. No registro policial na delegacia não há relato de que os militares pararam com o carro atrás do ex-vereador, nem de que ele teria ido para a parte da frente do veículo.
O que o registro diz é que Dinho teria ido ‘para trás' do carro. Também no boletim de ocorrência o relato era de que quando os policiais chegaram Dinho já estava fora do carro e armado, quando foi feita a abordagem, não que ele se abaixou e então pegou a arma.
Já Bruno Cesar Malheiros dos Santos conta que estava na festa como convidado, mas também trabalhando como técnico de som para a dupla de amigos que cantou no evento. O resto da versão condiz com o relatado por Valdeci.
Porém, Bruno alega que não é amigo de Douglas. Ele também conta que fez o primeiro disparo após ouvir o barulho de um tiro, mas não disse se esse tiro era de Dinho ou do amigo, Valdeci.
Os dois militares confirmaram que beberam na festa e negaram que faziam segurança para Douglas, o que era dito por moradores da cidade. Testemunhas também negaram a informação do serviço de segurança particular.
Conforme o advogado, os policiais passaram pelo setor psicológico da PMMS e por estarem abalados acabaram afastados.
Ainda de acordo com Rocha, os militares se colocaram à disposição do Ministério Público de Anastácio, também do Gacep (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial) do MPMS, e da Polícia Civil de Anastácio para esclarecimentos.
Assim, os policiais foram ouvidos na Corregedoria, que abriu um inquérito para apurar a ação dos militares.
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