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Andr� Marques � advogado, consultor, escritor, membro da Comiss�o de Seguran�a P�blica da OAB/GO e doutorando em Direito. [email protected] / @andremarquesadv |
As pesquisas podem definir o rumo das disputas eleitorais? Os empres�rios do ramo de pesquisas, neg�cios cada vez mais rent�veis, responder�o que n�o. Sabemos que o eleitor � livre, alegam, e escolhem de acordo com sua consci�ncia. O pr�prio eleitor, se pesquisado sobre o tema, dir� mais ou menos a mesma coisa. � razo�vel que assim seja. Os eleitores, para preservarem a sua autoestima, e a atividade empresarial, para ostentar a lisura do seu neg�cio, n�o poderiam responder diferente.
No entanto, a observa��o continuada dos fatos recomenda colocar na pauta outros ingredientes, esses diretamente envolvidos no jogo eleitoral. O debate de conte�do pol�tico, mesmo na reta final, est� afastado e o eleitor distra�do apenas aponta na cartela os nomes mais conhecidos. Ainda assim, os diretamente interessados entram em processo de ebuli��o ou abulia diante do retrato do momento estampado pela m�dia.
Os candidatos, os assessores, as burocracias partid�rias sabem que a cota��o no mercado eleitoral passa pelos n�meros das pesquisas. � em fun��o delas que jornais, r�dios e TVs pautam sua cobertura. E, dado decisivo, os grandes financiadores de campanha eleitoral se orientam por ela e � ela que define, na bolsa de apostas no mercado futuro, o destino dos recursos contabilizados ou n�o. As pesquisas jogam, na cultura pol�tica dominante, papel importante na arma��o do cen�rio da disputa eleitoral. E, mais grave, s�o na maioria das vezes manipul�veis, direcionadas.
Do ponto de vista t�cnico, n�o existe coisa mais f�cil de manipular. S�o infinitas as possibilidades: elabora��o de question�rios, escolha da amostragem, intercala��o dos dias de consulta... pelo menos � o que lhe dir�, sob garantia de sigilo, qualquer especialista da �rea. E mais, tudo cient�fico, sem deixar vest�gios de m�-f�. Pequenas altera��es na margem de erro bastam para mudar a posi��o relativa dos candidatos. Entre as �nicas garantias de lisura, como o fio de bigode dos antigos, est�o a independ�ncia dos institutos de pesquisa e a eventual competi��o entre eles. S�o artigos escassos entre n�s. Eles s�o poucos e a maioria trabalha, fora do per�odo eleitoral, para os mesmos clientes de sempre: governos e grandes corpora��es patronais.
A reputa��o da empresa, fato por demais alegado, s� ser� medida pela compara��o entre o voto na urna com a �ltima pesquisa realizada. Apesar das linhas delineadas, embora se apresente como tal, as pesquisas n�o s�o o or�culo de Delfos. Elas podem errar feio, como vem acontecendo com frequ�ncia. Apesar de seu peso na cultura pol�tica dominada pela m�quina mercante, elas n�o s�o profecias que se autorrealizam. As for�as que travam a disputa eleitoral com base em projetos e ideias devem olhar as pesquisas com saud�vel desconfian�a.
Andr� Marques � advogado, consultor, escritor, membro da Comiss�o de Seguran�a P�blica da OAB/GO e doutorando em Direito. [email protected] / @andremarquesadv Andr� Marques � advogado, consultor, escritor, membro da Comiss�o de Seguran�a P�blica da OAB/GO e doutorando em Direito. [email protected] / @andremarquesadv