Brasil e diversos países enfrentam uma sequência de casos preocupantes envolvendo contaminação de alimentos e bebidas, revelando brechas críticas na cadeia de produção, processamento e distribuição dos produtos consumidos pela população.

No cenário nacional, os recentes episódios de bebidas adulteradas com metanol acenderam um alerta para a segurança do que está sendo ingerido e para a capacidade de rastrear a origem desses produtos. De acordo com a consultora de alimentos Keli Lima, a situação mostra como uma falha em qualquer etapa da cadeia pode gerar consequências graves à saúde pública.

“Quando falamos em alimentos contaminados, estamos falando de risco real à vida. Em alguns casos, a resposta rápida evitou tragédias maiores, mas nem sempre a estrutura de fiscalização consegue agir com a mesma agilidade”, explica Keli.

Ela cita como exemplo o caso das salsichas contaminadas, em que o recall imediato evitou maiores danos aos consumidores. Já no episódio do camarão, a fiscalização nos portos dos Estados Unidos foi determinante para barrar o produto com irregularidades antes da chegada ao mercado.

No caso do café, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) identificou que uma empresa estava operando fora dos padrões exigidos pela legislação brasileira. A produção foi interrompida e o produto recolhido do mercado.

Outro exemplo foi o do queijo contaminado, comercializado sob marca própria de uma grande rede de supermercados. A empresa havia aprovado um fornecedor terceirizado para produzir o item, mas foi surpreendida pela descoberta de uma grave contaminação durante inspeção da Anvisa.

Segundo Keli Lima, o episódio mais preocupante tem sido o das bebidas alcoólicas adulteradas com metanol no Brasil. “Além da gravidade da substância, a principal dificuldade é identificar a origem da fraude. Isso expõe uma vulnerabilidade séria na cadeia: a fragilidade da rastreabilidade em determinados pontos”, afirma.

A rastreabilidade capacidade de identificar a origem e o caminho percorrido pelo produto até o consumidor — é considerada uma ferramenta essencial para garantir a segurança alimentar e permitir respostas rápidas em caso de irregularidades.

Autoridades de vigilância sanitária e especialistas defendem que o investimento em tecnologia, fiscalização integrada e capacitação dos produtores são medidas urgentes para evitar novos casos.