POLÍTICA
Divisão no PSDB de MS amplia domínio de PP e PL sobre prefeituras
Saída de Riedel e Azambuja desencadeia redistribuição de prefeitos no Estado, enfraquecendo último bastião tucano no país
05/10/2025
09:00
REDAÇÃO
Com a filiação de quatro prefeitos ao Progressistas (PP) neste sábado (3), o partido do governador Eduardo Riedel saltou de 16 para 20 prefeituras em Mato Grosso do Sul. A movimentação ocorre após a saída de Riedel e do ex-governador Reinaldo Azambuja do PSDB, desencadeando uma disputa silenciosa pelo espólio político tucano no estado.
Já o PL, que recebeu Azambuja no mês passado, lidera o cenário municipal com 23 prefeitos após atrair 18 gestores em massa. O PSDB, historicamente forte em MS, ainda resiste com 22 administrações, mas a tendência é de encolhimento nos próximos meses.
Segundo Azambuja, a movimentação foi articulada em conjunto com lideranças próximas. “Houve uma estratégia nesse assunto. Nós conversamos, eu, o Riedel, a Casa Civil e o Sérgio de Paula e, junto com os prefeitos, montamos qual seria a melhor estratégia”, afirmou.
O ex-governador também destacou que a sigla tucana ainda mantém força. “O PSDB não acabou. Continua com grande número de vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais. Os núcleos permanecem fortes”, disse, apesar de reconhecer que o foco agora é “fortalecer a direita” e construir uma base sólida para reeleger Riedel, eleger dois senadores e ampliar bancadas em 2026.
“Nosso adversário está do outro lado: o presidente Lula, o PT e os partidos de esquerda”, completou Azambuja.
Durante o evento do PP neste sábado em Campo Grande, o governador Riedel minimizou a disputa entre siglas aliadas e disse que a decisão dos prefeitos foi “natural e individual”.
“Cada prefeito analisou sua realidade local. Alguns se sentiram mais confortáveis no PP, outros no PL, e há quem tenha preferido continuar no PSDB. Isso é legítimo. O mais importante é que todos seguem alinhados em torno da mesma agenda para Mato Grosso do Sul”, afirmou.
Riedel ainda reforçou que a parceria com Azambuja permanece intacta, mesmo com caminhos partidários diferentes. “Não é que éramos grandes parceiros, nós somos grandes parceiros. O que define uma aliança é o propósito e a agenda em comum, e isso não mudou”, declarou.
O evento reuniu cerca de 50 lideranças, entre prefeitos, vices e secretários, e marcou oficialmente novas filiações ao Progressistas. Entre os destaques estão os prefeitos de Antônio João, Cassilândia, Vicentina e Três Lagoas.
O prefeito Marcelo Pé (Antônio João) citou como decisiva a influência da senadora Tereza Cristina, líder do PP em MS. “Sem ela, eu não teria sido eleito. Esta filiação é um gesto de gratidão à lealdade dela e do Marco Santullo comigo”, disse.
Já Cassiano Maia, prefeito de Três Lagoas, justificou a migração do PSDB ao PP como uma estratégia de fortalecimento de gestão: “Precisamos de apoio da bancada federal, da estadual e de proximidade com o governo do Estado. Com todo o respeito que tenho ao PSDB, vimos no PP um melhor caminho para garantir desenvolvimento à nossa cidade.”
Segundo ele, a mudança foi dialogada com Riedel e Tereza Cristina.
Com os recentes movimentos, o mapa das prefeituras em Mato Grosso do Sul fica assim:
PL: 23 prefeituras
PP: 20 prefeituras
PSDB: 22 prefeituras
O PSDB, que governou o estado por 8 anos com Azambuja e elegeu Riedel em 2022, vê seu domínio político se diluir diante da reorganização das forças à direita. Ainda assim, os principais líderes evitam falar em ruptura e mantêm o discurso de união em torno da agenda estadual.
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