SAÚDE DO CÉREBRO
Demência por Corpos de Lewy: Entenda doença de Milton Nascimento
Distúrbio neurodegenerativo afeta até 17,5% dos idosos e reúne sintomas do Alzheimer e do Parkinson
03/10/2025
08:00
REDAÇÃO
Ítalo Duarte, diagnosticado com Alzheimer, ao lado da filha Natália, em Brasília. Apesar das semelhanças, a demência por corpos de Lewy tem características específicas Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A demência por corpos de Lewy, diagnosticada no cantor Milton Nascimento, de 82 anos, é uma condição progressiva, sem cura, mas que pode ter os sintomas atenuados com o uso de medicamentos adequados. Essa é a terceira forma mais comum de demência, atrás apenas do Alzheimer e da demência vascular.
Segundo o médico neurologista André Felício, coordenador da pós-graduação em Neurologia da Afya Educação Médica, entre 12,5% e 17,5% da população idosa brasileira pode ser afetada por algum tipo de demência, embora o Brasil ainda não tenha dados oficiais consolidados sobre a prevalência da doença.
A demência por corpos de Lewy é marcada por uma série de sintomas cognitivos e motores, o que a diferencia de outras síndromes demenciais. Em geral, ela combina problemas de memória, confusão mental, alucinações visuais, rigidez muscular e tremores – sintomas semelhantes aos do Parkinson.
“É muito comum que o diagnóstico inicial seja de Parkinson, como aconteceu com o Milton Nascimento. Mas, na verdade, o quadro de Lewy já estava presente, só que os sintomas cognitivos ainda não haviam se manifestado”, explica o neurologista.
De acordo com o especialista, o envelhecimento pode naturalmente trazer alterações cognitivas, mas isso não significa demência. A diferença central está na perda de autonomia.
“A suspeita de demência surge quando os sintomas passam a interferir na rotina da pessoa. Quando há necessidade de supervisão constante, quando não se consegue mais entender um texto, lembrar fatos recentes ou prestar atenção em uma conversa. A demência compromete a independência”, destaca Felício.
Para confirmar o diagnóstico, os médicos utilizam testes neuropsicológicos e exames de imagem, como a ressonância magnética. Na demência por corpos de Lewy, a dopamina cerebral está reduzida, ao contrário do Alzheimer, por exemplo.
A rigidez muscular, lentidão de movimentos e tremores (sintomas parksonianos) ocorrem justamente por essa alteração na dopamina. Isso ajuda a distinguir o tipo de demência e orientar o tratamento mais adequado.
Ainda não se sabe exatamente o que causa a demência por corpos de Lewy, mas há fatores que aumentam ou diminuem o risco da doença. Os principais aliados da prevenção continuam sendo os hábitos de vida saudáveis.
“Sabemos que atividade física, alimentação equilibrada, sono de qualidade e estímulo cognitivo ao longo da vida são neuroprotetores. Por outro lado, álcool em excesso, sedentarismo, hipertensão, diabetes e obesidade aumentam o risco”, explica o neurologista.
Essas conclusões são reforçadas por um estudo da Universidade de São Paulo, que aponta que 60% dos casos de demência estão relacionados a fatores modificáveis – ou seja, podem ser prevenidos.
A demência por corpos de Lewy é caracterizada pela presença de depósitos anormais de proteínas (os corpos de Lewy) no cérebro. Essas estruturas afetam os neurotransmissores responsáveis pela memória, atenção, controle motor e percepção.
Além dos sintomas físicos e cognitivos, pessoas com a doença também podem apresentar flutuações de lucidez ao longo do dia, distúrbios do sono e alucinações visuais vívidas, geralmente nas fases iniciais.
Não há cura, mas o tratamento com medicamentos específicos e acompanhamento multidisciplinar pode retardar a progressão e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
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