LIDERANÇA FEMININA NO DIREITO
Por que mulheres ainda sentem que precisam ser duras para liderar no Direito?
Juíza federal Alessandra Belfort explica como firmeza e empatia podem caminhar juntas na construção de lideranças mais humanas e eficazes
23/09/2025
08:25
REDAÇÃO
MARIA GORETI
Juíza federal Alessandra Belfort: liderança feminina no Direito pode ser técnica, firme e, ao mesmo tempo, empática e humana
Em um ambiente historicamente marcado por estruturas hierárquicas rígidas e forte competitividade, como o mundo jurídico, muitas mulheres ainda sentem que precisam adotar uma postura mais dura para conquistar respeito e exercer liderança. Mas será mesmo necessário abrir mão da empatia para manter a autoridade?
Para a juíza federal Alessandra Belfort, especialista em Neurolaw área que une direito e neurociência, esse dilema tem raízes culturais, mas também pode ser compreendido a partir de como o cérebro humano reage a situações de liderança e pressão.
“Por muito tempo, liderança foi associada à frieza e objetividade extrema. Hoje sabemos que a empatia é essencial para decisões mais equilibradas e para a construção de equipes engajadas”, explica a magistrada.
Mulheres em cargos de liderança no Direito enfrentam frequentemente expectativas contraditórias: precisam demonstrar firmeza técnica, mas sem perder a humanidade e a sensibilidade. Essa dualidade, segundo Alessandra, leva muitas profissionais a acreditarem que precisam suprimir a empatia para serem levadas a sério.
“Na realidade, empatia e autoridade não se anulam. Elas se complementam. A liderança moderna exige clareza emocional, não frieza”, afirma.
A partir da neurociência, Alessandra defende que a capacidade de reconhecer e regular emoções é um diferencial estratégico em contextos de conflito e tomada de decisão. “Líderes emocionalmente inteligentes têm mais clareza e conseguem manter o foco mesmo sob pressão”, aponta.
Para a juíza, ser firme não significa ser rígida. Trata-se de estabelecer limites e padrões claros, enquanto a empatia ajuda a considerar as necessidades humanas envolvidas nas decisões jurídicas ou administrativas.
“A verdadeira autoridade não precisa endurecer — precisa inspirar. Liderar com equilíbrio é um ato de inteligência emocional”, defende.
A chave, segundo Alessandra, está no autoconhecimento e no desenvolvimento de competências emocionais, como saber identificar os próprios gatilhos, evitar reações impulsivas e criar ambientes de trabalho baseados em respeito e colaboração.
Com carreira consolidada no Judiciário e experiência em posições de comando, Alessandra afirma que compartilhar essa visão é uma forma de inspirar outras mulheres a ocuparem seus espaços sem abrir mão da autenticidade.
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