FUX ABSOLVE BOLSONARO NA TRAMA GOLPISTA
Ministro do STF rejeita acusações e diz que ex-presidente apenas cogitou ações
Julgamento segue com maioria dos ministros votando pela condenação dos réus do “Núcleo 1” da tentativa de golpe
11/09/2025
08:00
REDAÇÃO
Luiz Fux votou pela absolvição de Bolsonaro no julgamento sobre tentativa de golpe - Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta quarta-feira (10) pela absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de liderar uma trama golpista para anular o resultado das eleições de 2022 e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
Na avaliação de Fux, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou uma “narrativa desprendida dos fatos”, e os atos de Bolsonaro durante o mandato não configuram crimes penais.
“Restam fora dos limites semânticos do tipo penal os comportamentos de um mandatário que, ainda no cargo, cogita ações para se manter no poder. Cogitação não é crime”, argumentou o ministro.
Apesar do voto pela absolvição, o placar está 2 a 1 pela condenação de Bolsonaro, com votos anteriores dos ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino. O julgamento, que já dura mais de dez horas, envolve ainda sete aliados do ex-presidente, acusados de compor o chamado "Núcleo 1" da tentativa de golpe.
A PGR pediu a condenação de Bolsonaro por cinco crimes:
Organização criminosa armada
Tentativa de golpe de Estado
Tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito
Dano qualificado por violência e grave ameaça
Deterioração de patrimônio público tombado
As penas poderiam ultrapassar 30 anos de prisão.
No entanto, Fux considerou que nenhum dos elementos apresentados justifica condenação. Sobre a chamada “minuta do golpe”, afirmou que não houve ação concreta, apenas reuniões com militares e cogitações sobre medidas excepcionais como o estado de sítio e o uso da Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, o ministro afirmou que a acusação não conseguiu demonstrar ligação entre Bolsonaro e os responsáveis pela invasão e depredação do Congresso, STF e Palácio do Planalto.
“Não há como responsabilizá-lo por atos de terceiros, praticados meses depois de deixar o cargo”, afirmou.
Fux também rejeitou a denúncia de que Bolsonaro teria usado a Abin para monitoramento ilegal de ministros e opositores, afirmando que não há prova de envolvimento direto ou uso ilegal do software espião FirstMile.
Quanto às declarações de Bolsonaro contra as urnas eletrônicas, o ministro considerou que críticas, mesmo infundadas, não configuram crimes contra o Estado Democrático de Direito.
“Não se pode criminalizar discursos ou entrevistas, ainda que contenham acusações graves”, concluiu.
Além de Bolsonaro, também são réus no mesmo julgamento:
Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin
Almir Garnier, ex-comandante da Marinha
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça
Augusto Heleno, ex-ministro do GSI
Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa
Walter Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice em 2022
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
O julgamento será retomado nesta quinta-feira (11), com a leitura dos votos restantes.
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