ARTIGO
Quando o Amor Adoece: O Silêncio Perigoso da Dependência Emocional
27/08/2025
10:30
REDAÇÃO
MARIA GORETI
É impossível não se abalar com a história de Jade*, uma mulher paraquedista experiente, acostumada a saltar de grandes alturas, dona de técnica, coragem e controle. Naquele dia, no entanto, ela tomou uma decisão que ninguém esperava: não abriu o paraquedas.
A tragédia chocou quem a conhecia como alguém tão preparada, tão hábil, tão viva em seu ofício, poderia se entregar de forma tão definitiva à morte?
A resposta é dolorosa e desconcertante: ela não morreu por causa da queda, mas pela dor de um rompimento. A perda de um relacionamento afetivo se tornou insuportável. Mais do que um coração partido, ela vivia os efeitos devastadores da dependência emocional — uma prisão silenciosa que, embora invisível, pode ser fatal.
O que é a dependência emocional?
Diferente do sofrimento natural causado pelo fim de um vínculo amoroso, a dependência emocional é uma condição psíquica em que a pessoa não consegue se perceber como indivíduo fora da relação. O outro vira o eixo de sentido, de valor, de existência.
E quando esse outro vai embora, leva junto tudo: autoestima, identidade, horizonte.
Uma dor que não aparece em exames
A dependência emocional raramente é tratada com a seriedade que merece. Não é diagnosticada com facilidade, não deixa sinais físicos, não tem uma ferida visível mas pode ser tão letal quanto uma doença grave.
É ela que está por trás de inúmeros casos de depressão profunda, crises de pânico, tentativas de suicídio. Em muitos laudos, o que se lê como "queda" poderia ser traduzido como "desespero".
O amor não pode ser sinônimo de perda de si
O caso de Jade não é isolado. Todos os dias, pessoas adoecem ou tiram a própria vida porque acreditam que sem o outro não há razão para continuar. Essa crença é alimentada por discursos românticos, por traumas não tratados, por carências antigas que nunca foram acolhidas.
Mas é uma mentira cruel. O amor, quando é saudável, soma. Ele não apaga ninguém. Não exige a anulação do “eu” para sustentar o “nós”.
Precisamos falar sobre isso
É urgente normalizar a conversa sobre saúde emocional nos relacionamentos. Precisamos educar nossas crianças para desenvolver autonomia afetiva. Precisamos cuidar das nossas amizades, observar os sinais de alerta, acolher sem julgamento quem vive esse tipo de dor.
Amar é humano. Sofrer por amor também. Mas ninguém deveria morrer porque amou alguém que foi embora.
O alerta está dado
Dependência emocional mata — de forma lenta ou abrupta. Mata em silêncio, no quarto fechado, no salto não aberto, nas mensagens não respondidas, no isolamento progressivo.
Por isso, é hora de parar de romantizar a ideia de que o outro é tudo. Ninguém deveria ser o mundo de ninguém. Porque quando esse “mundo” se vai, é possível e necessário continuar.
E lembrar: a sua vida é maior do que qualquer vínculo. Sempre.
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