SAÚDE DA MULHER
Diagnóstico tardio do câncer de colo do útero aumenta gastos no SUS e reduz chances de cura
Estudo alerta para impacto econômico e social da detecção tardia; maioria dos casos ocorre em mulheres com baixa escolaridade e sem acesso à rede privada
19/08/2025
08:00
AGÊNCIA bRASIL
REDAÇÃO
Diagnóstico precoce e vacinação contra o HPV são as principais estratégias para combater o câncer de colo de útero no Brasil, que registra cerca de 17 mil novos casos por ano.
Um levantamento da MSD Brasil revela que o diagnóstico tardio do câncer de colo de útero gera um impacto direto no aumento dos custos para o Sistema Único de Saúde (SUS) e reduz significativamente as chances de sobrevida das pacientes. O estudo analisou dados de 206.861 mulheres diagnosticadas entre 2014 e 2021, com informações extraídas do banco público DataSUS.
De acordo com os pesquisadores, à medida que o diagnóstico é feito em estágios mais avançados da doença, aumenta a necessidade de quimioterapia, internações e procedimentos ambulatoriais, o que eleva o ônus econômico para o setor público.
O peso do diagnóstico tardio
Veja os dados por estágio da doença no momento da detecção:
Estágio | Necessidade de quimioterapia | Internações/mês | Visitas ambulatoriais/mês |
|---|---|---|---|
Estágio 1 | 47,1% | 0,05 | 0,54 |
Estágio 2 | 77% | 0,07 | 0,63 |
Estágio 3 | 82,5% | 0,09 | 0,75 |
Estágio 4 | 85% | 0,11 | 0,96 |
Segundo o estudo, 60% dos casos no Brasil são diagnosticados tardiamente, o que limita opções de tratamento e reduz as chances de cura.
Além disso, o perfil da maioria das pacientes inclui mulheres não brancas, com baixa escolaridade e que dependem exclusivamente do SUS, evidenciando as disparidades socioeconômicas que influenciam diretamente no acesso à prevenção e ao diagnóstico precoce.
A pandemia de Covid-19 também teve efeitos negativos no combate ao câncer de colo do útero. Em 2020, apenas 25,8% das pacientes realizaram tratamento cirúrgico isolado, enquanto entre 2014 e 2019 esse percentual era de 39,2%.
Outros impactos:
Redução de 25% nos procedimentos de radioterapia com ou sem cirurgia/quimioterapia.
Aumento de 22,6% no uso exclusivo de quimioterapia em todos os estágios da doença.
Os pesquisadores destacam que houve lacunas significativas no tratamento durante o período, devido ao colapso hospitalar, e que os efeitos a longo prazo na saúde das pacientes ainda estão sendo avaliados.
Prevenção é chave
A infecção persistente pelo vírus HPV é responsável por cerca de 99% dos casos de câncer de colo de útero, o que torna a vacinação e os exames preventivos medidas essenciais.
Vacinação gratuita pelo SUS:
Meninas e meninos entre 9 e 14 anos
Pessoas de 9 a 45 anos, em situações específicas como:
Diagnóstico de HIV/Aids
Pacientes em tratamento oncológico
Transplantados
Vítimas de abuso sexual
Imunodeficiências congênitas
Pessoas em uso de PrEP
Na rede privada, a vacina nonavalente está disponível para pessoas de 9 a 45 anos, oferecendo proteção ampliada contra diferentes tipos do HPV.
O estudo conclui que há um alto custo econômico e social atrelado ao câncer de colo de útero no Brasil e faz um apelo por políticas públicas mais efetivas, destacando três pilares:
Ampliação da cobertura vacinal contra o HPV
Fortalecimento do rastreamento e diagnóstico precoce
Redução das desigualdades no acesso à saúde
“Com a detecção precoce, a demanda por cuidados paliativos diminui e permite melhor alocação de recursos para oferecer aos pacientes o melhor tratamento possível”, destaca um dos trechos do relatório.
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