Campo Grande (MS), Sábado, 25 de Outubro de 2025

SAÚDE DA MULHER

Diagnóstico tardio do câncer de colo do útero aumenta gastos no SUS e reduz chances de cura

Estudo alerta para impacto econômico e social da detecção tardia; maioria dos casos ocorre em mulheres com baixa escolaridade e sem acesso à rede privada

19/08/2025

08:00

AGÊNCIA bRASIL

REDAÇÃO

Diagnóstico precoce e vacinação contra o HPV são as principais estratégias para combater o câncer de colo de útero no Brasil, que registra cerca de 17 mil novos casos por ano.

Um levantamento da MSD Brasil revela que o diagnóstico tardio do câncer de colo de útero gera um impacto direto no aumento dos custos para o Sistema Único de Saúde (SUS) e reduz significativamente as chances de sobrevida das pacientes. O estudo analisou dados de 206.861 mulheres diagnosticadas entre 2014 e 2021, com informações extraídas do banco público DataSUS.

De acordo com os pesquisadores, à medida que o diagnóstico é feito em estágios mais avançados da doença, aumenta a necessidade de quimioterapia, internações e procedimentos ambulatoriais, o que eleva o ônus econômico para o setor público.

O peso do diagnóstico tardio

Veja os dados por estágio da doença no momento da detecção:

Estágio

Necessidade de quimioterapia

Internações/mês

Visitas ambulatoriais/mês

Estágio 1

47,1%

0,05

0,54

Estágio 2

77%

0,07

0,63

Estágio 3

82,5%

0,09

0,75

Estágio 4

85%

0,11

0,96

Segundo o estudo, 60% dos casos no Brasil são diagnosticados tardiamente, o que limita opções de tratamento e reduz as chances de cura.

Além disso, o perfil da maioria das pacientes inclui mulheres não brancas, com baixa escolaridade e que dependem exclusivamente do SUS, evidenciando as disparidades socioeconômicas que influenciam diretamente no acesso à prevenção e ao diagnóstico precoce.

A pandemia de Covid-19 também teve efeitos negativos no combate ao câncer de colo do útero. Em 2020, apenas 25,8% das pacientes realizaram tratamento cirúrgico isolado, enquanto entre 2014 e 2019 esse percentual era de 39,2%.

Outros impactos:

  • Redução de 25% nos procedimentos de radioterapia com ou sem cirurgia/quimioterapia.

  • Aumento de 22,6% no uso exclusivo de quimioterapia em todos os estágios da doença.

Os pesquisadores destacam que houve lacunas significativas no tratamento durante o período, devido ao colapso hospitalar, e que os efeitos a longo prazo na saúde das pacientes ainda estão sendo avaliados.

Prevenção é chave

A infecção persistente pelo vírus HPV é responsável por cerca de 99% dos casos de câncer de colo de útero, o que torna a vacinação e os exames preventivos medidas essenciais.

Vacinação gratuita pelo SUS:

  • Meninas e meninos entre 9 e 14 anos

  • Pessoas de 9 a 45 anos, em situações específicas como:

    • Diagnóstico de HIV/Aids

    • Pacientes em tratamento oncológico

    • Transplantados

    • Vítimas de abuso sexual

    • Imunodeficiências congênitas

    • Pessoas em uso de PrEP

Na rede privada, a vacina nonavalente está disponível para pessoas de 9 a 45 anos, oferecendo proteção ampliada contra diferentes tipos do HPV.

O estudo conclui que há um alto custo econômico e social atrelado ao câncer de colo de útero no Brasil e faz um apelo por políticas públicas mais efetivas, destacando três pilares:

  1. Ampliação da cobertura vacinal contra o HPV

  2. Fortalecimento do rastreamento e diagnóstico precoce

  3. Redução das desigualdades no acesso à saúde

“Com a detecção precoce, a demanda por cuidados paliativos diminui e permite melhor alocação de recursos para oferecer aos pacientes o melhor tratamento possível”, destaca um dos trechos do relatório.


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