MULHERES E NEGÓCIOS
Empreendedorismo feminino: crédito acessível é uma das principais demandas
Durante conferência em Brasília, empreendedoras apontam prioridades como crédito com juros reduzidos, capacitação e inclusão de grupos vulneráveis. Propostas serão levadas à etapa nacional de políticas para mulheres.
12/08/2025
08:20
AGÊNCIA BRASIL
REDAÇÃO
Mulheres discutem políticas públicas e desafios do empreendedorismo durante conferência híbrida em Brasília. 📷 Marcelo Camargo / Agência Brasil
Linhas de crédito específicas com juros reduzidos, capacitação gratuita e maior participação em instâncias de decisão foram algumas das principais reivindicações das mulheres empreendedoras que participaram da Conferência Livre: Mulheres no Centro – democracia econômica, empreendedorismo e direitos, realizada nesta segunda-feira (11), em formato híbrido (online e presencial), em Brasília.
As propostas debatidas serão encaminhadas para compor o documento final da 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, marcada para ocorrer de 29 de setembro a 1º de outubro, também na capital federal.
A coordenadora-geral de Gestão de Empreendedorismo do Ministério do Empreendedorismo, Raquel Ribeiro, destacou que muitas mulheres empreendem por necessidade e, por isso, precisam de políticas públicas que deem conta de todo o ecossistema de apoio.
“É necessário garantir acesso ao crédito, educação empreendedora, apoio à formalização, mas também acesso a creche, segurança e saúde. Assim, elas podem se dedicar melhor aos seus negócios”, explicou.
Segundo dados do governo, mais de 10 milhões de mulheres empreendem no Brasil. Destas, 70% são mães e têm um faturamento médio de R$ 2 mil. Embora sejam, em geral, melhores pagadoras, as mulheres dedicam menos tempo aos negócios do que os homens e, consequentemente, lucram menos.
Após um dia de debates com mulheres de diferentes regiões e contextos, foram definidas três prioridades que serão levadas à etapa nacional da conferência. Veja quais são:
Criação de linhas de crédito específicas para mulheres com juros reduzidos e critérios de análise que levem em conta o risco social.
Implementação de fundos públicos, parcerias com Fintechs e bancos comunitários.
Oferta de capacitação financeira obrigatória e acompanhamento técnico para garantir uso efetivo do recurso.
Criação de um Programa Nacional de Formação para Mulheres Empreendedoras com cursos gratuitos, mentorias, consultorias e oficinas itinerantes.
Desenvolvimento de metodologias inclusivas, com atenção às interseccionalidades e diversidade dos públicos.
Garantia de que todas as políticas contemplem mulheres negras, indígenas, com deficiência, mães solo e moradoras de áreas periféricas e rurais.
Criação de programas específicos de aceleração e acesso a mercados.
Representação obrigatória de mulheres desses grupos em conselhos e instâncias de decisão.
A empreendedora Dora Gomes, do Comitê de Igualdade Racial do Grupo Mulheres do Brasil, defendeu que o critério de análise de crédito inclua o risco social para não excluir quem está fora do sistema tradicional bancário.
“Vivemos em um país desigual, onde muitas mulheres não se encaixam nos critérios de grandes instituições financeiras”, afirmou. “Se não estivermos nos conselhos consultivos, ninguém vai pensar em nós.”
Daise Rosas, do Instituto Reafro, reforçou a importância de garantir a continuidade de políticas públicas específicas como o programa Elas Empreendem.
Além de Dora e Daise, Scarlett Rodrigues, da Rede Mulher Empreendedora, também foi eleita delegada para representar o grupo na etapa nacional.
Para Simone Schaffer, coordenadora-geral de Promoção da Igualdade Econômica das Mulheres do Ministério das Mulheres, o acesso ao crédito é um dos maiores entraves enfrentados por empreendedoras em situação de vulnerabilidade.
“Muitas nem se sentem preparadas para pedir crédito, e quando o fazem, enfrentam exigências incompatíveis com sua realidade. Precisamos de crédito com juros baixos ou até com fomento direto.”
A última Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres foi realizada em 2016. A edição deste ano pretende reformular e fortalecer políticas públicas de igualdade de gênero com base nas demandas mais atuais das mulheres brasileiras.
Antes da etapa nacional, ocorrem conferências preparatórias:
Conferências livres (28 de abril a 15 de agosto)
Conferências municipais e regionais (28 de abril a 28 de julho)
Conferências estaduais e distrital (1º de julho a 31 de agosto)
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