SEGURANÇA/VIOLÊNCIA
Violência contra a mulher cresce e feminicídios batem recorde em 2024, aponta Mapa da Segurança Pública
Estupro também atinge maior número em cinco anos; homicídios, latrocínios e crimes patrimoniais registram queda
11/06/2025
10:00
REDAÇÃO
MARIA GORETI
Centro-Oeste tem maior taxa de feminicídios do país; Brasil registra média de quatro mulheres assassinadas por dia @Reprodução
O Brasil registrou aumento nos casos de violência contra a mulher em 2024, conforme revela o Mapa da Segurança Pública de 2025, divulgado nesta quarta-feira (11) pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.
O número de feminicídios chegou a 1.459 casos, o maior da série histórica, com uma média de quatro mulheres mortas por dia. A Região Centro-Oeste segue com a maior taxa do país: 1,87 feminicídios por 100 mil mulheres, acima da média nacional, de 1,34.
Os casos de estupro também bateram recorde, totalizando 83.114 registros — o maior número dos últimos cinco anos. A média foi de 227 vítimas por dia, sendo 86% do sexo feminino. Em números absolutos, o estado de São Paulo lidera com 15.989 casos. Já as maiores taxas por 100 mil habitantes foram observadas em:
Rondônia: 87,73
Roraima: 84,68
Amapá: 81,96
Além disso, as lesões corporais seguidas de morte aumentaram, indicando maior letalidade em casos de violência física, embora o relatório não especifique o recorte de gênero para esse indicador.
Por outro lado, o Mapa aponta redução em outros crimes violentos:
Homicídios dolosos caíram 6%, de 37.754 (2023) para 35.365 (2024)
Latrocínios (roubos seguidos de morte) recuaram levemente: de 972 para 956 vítimas
Mortes decorrentes de ações policiais caíram 4%
Também houve queda nos crimes patrimoniais, como furtos e roubos de veículos, cargas e a instituições financeiras.
Vale lembrar que os dados do Mapa da Segurança Pública de 2025 se referem ao ano de 2024. No entanto, em Mato Grosso do Sul, somente até o mês de junho de 2025 já foram registradas 15 vítimas de feminicídio, conforme o levantamento mais recente divulgado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. O número mantém o estado entre os que apresentam índices elevados de violência letal contra mulheres, sobretudo quando considerada a proporção em relação à população feminina.
Por conta do alto número de feminicídios registrados em Mato Grosso do Sul, os órgãos responsáveis têm intensificado ações de prevenção e segurança para mulheres em situação de risco. A iniciativa envolve a articulação entre os Três Poderes — Executivo, Legislativo e Judiciário — além de órgãos do sistema de justiça e segurança pública, como o Ministério Público, a Defensoria Pública, a Polícia Civil, a Polícia Militar e o Tribunal de Justiça.
A desembargadora Jaceguara Dantas, idealizadora de diversas ações voltadas ao combate à violência de gênero e coordenadora estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Tribunal de Justiça de MS, ressaltou a importância do engajamento intersetorial:
“Na igualdade de gênero, todos os segmentos da sociedade devem se corresponsabilizar. No ano passado, Mato Grosso do Sul registrou 35 feminicídios e 87 tentativas. Criamos um memorial online que contabiliza os dias sem feminicídio no estado, lembrando cada mulher vítima dessa violência. Afinal, não são apenas números. Lembrar é resistir”, destacou.
Como parte desse movimento de conscientização e combate à violência contra a mulher, foi realizada em Campo Grande a caminhada “Todos Por Elas”. O evento reuniu autoridades, representantes dos órgãos envolvidos e a sociedade civil, reforçando a necessidade de união e mobilização para a prevenção e enfrentamento da violência de gênero.
O memorial digital e a caminhada “Todos Por Elas” são ferramentas simbólicas e educativas que visam chamar a atenção da sociedade para a gravidade e frequência desses crimes, reforçando a urgência de políticas públicas eficazes, ações integradas e uma cultura de prevenção contínua.
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