RELIGIÃO/PESQUISA
Brasil tem mais evangélicos e menos católicos, aponta Censo 2022
Maior crescimento foi entre evangélicos e religiões de matriz africana; católicos seguem em queda e população sem religião também aumenta
06/06/2025
09:15
REDAÇÃO
Com queda constante entre católicos e avanço dos evangélicos, Censo 2022 revela mudanças profundas no perfil religioso do Brasil, marcadas por maior diversidade, afirmação de identidades e impacto geracional. @REPRODUÇÃO
A proporção de evangélicos na população brasileira continua em crescimento, enquanto o número de católicos segue em queda, de acordo com os dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados nesta sexta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o levantamento, 26,9% dos brasileiros com 10 anos ou mais se declararam evangélicos em 2022 — um crescimento de 5,3 pontos percentuais em relação a 2010, quando esse grupo representava 21,6% da população.
Apesar da alta, o ritmo de crescimento diminuiu: de 2000 a 2010, o avanço foi de 6,5 pontos; de 1991 a 2000, 6,1 pontos. Para a pesquisadora do IBGE Maria Goreth Santos, o crescimento reflete uma maior visibilidade social dos evangélicos: “Eles estão se impondo mais na sociedade, colocando seus valores, suas ideias, sua fé”.
Católicos ainda são maioria, mas seguem em queda
A religião com mais seguidores continua sendo a católica apostólica romana, com 56,7% da população. No entanto, em 2010, eram 65%. A queda no número de católicos é tendência desde 1872, quando representavam 99,7% da população.
Em algumas regiões, como o Nordeste (63,9%) e o Sul (62,4%), os católicos ainda são maioria expressiva. No entanto, no Norte (50,5%), já se aproximam de metade da população. O estado com maior proporção de católicos é o Piauí (77,4%); o menor, Roraima (37,9%).
O percentual de católicos aumenta com a idade: entre os que têm mais de 80 anos, 72% se declaravam católicos, enquanto, entre os de 20 a 29 anos, eram 51,2%.
Evangélicos avançam entre os jovens
A presença evangélica é mais homogênea entre faixas etárias, com destaque entre os jovens de 10 a 14 anos (31,6%). Nas demais faixas até 49 anos, o percentual varia entre 27,5% e 28,9%. A partir dos 50, começa a cair, chegando a 19% entre idosos com 80 anos ou mais.
A maior proporção de evangélicos está na Região Norte (36,8%), com destaque para o Acre (44,4%). Já o estado com menor número proporcional é o Piauí (15,6%). Eles são maioria em 58 municípios, muitos de colonização alemã ou pomerana.
Crescimento das religiões de matriz africana
Religiões como umbanda e candomblé também cresceram, de 0,3% em 2010 para 1% em 2022. A mudança é atribuída à maior afirmação pública dessas identidades religiosas. Segundo o IBGE, há uma possível “migração” de pessoas que antes se declaravam católicas ou espíritas por medo ou preconceito.
O Rio Grande do Sul tem a maior proporção desses praticantes (3,2%).
Sem religião também cresce
O grupo dos que se declaram sem religião subiu de 7,9% para 9,3%. Estão incluídos nesse grupo ateus, agnósticos ou simplesmente aqueles que não se vinculam a nenhuma fé. Roraima e o Rio de Janeiro lideram com 16,9% da população declarada sem religião.
Outras religiões e tradições indígenas
Outras crenças (como judaísmo, islamismo, budismo e esoterismo) passaram de 2,7% para 4%. Já as tradições indígenas aparecem pela primeira vez no Censo com 0,1%.
Os espíritas tiveram leve recuo: de 2,1% para 1,8%. Ainda assim, concentram o maior percentual de pessoas com ensino superior completo (48%).
As mulheres representavam a maioria dos fiéis em quase todas as religiões, com destaque para espíritas (60,6%) e religiões afro-brasileiras (56,7%). Apenas entre os sem religião (56,2% de homens) e em tradições indígenas (50,9% de homens) a maioria era masculina.
A maior presença de evangélicos foi entre indígenas (32,2%). Entre os brancos, 60,2% eram católicos e 23,5% evangélicos. Já entre pretos, 49% católicos e 30% evangélicos.
O nível de escolaridade mais alto foi encontrado entre espíritas (48% têm ensino superior completo). Os católicos têm 18,4% com curso superior e os evangélicos, 14,4%.
Os que seguem tradições indígenas apresentaram a maior taxa de analfabetismo (24,6%). Entre os católicos, a taxa foi de 7,8%; entre evangélicos, 5,4%.
Religiões no Brasil – Censo 2022 (comparativo com 2010)
Religião | 2010 | 2022 |
---|---|---|
Católica apostólica romana | 65% | 56,7% |
Evangélicas | 21,6% | 26,9% |
Espírita | 2,1% | 1,8% |
Umbanda e candomblé | 0,3% | 1% |
Tradições indígenas | 0% | 0,1% |
Outras religiosidades | 2,7% | 4% |
Sem religião | 7,9% | 9,3% |
Não sabe/sem declaração | 0,1% | 0,2% |
Fonte: IBGE – Censo Demográfico 2022
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