Campo Grande (MS), Segunda-feira, 11 de Agosto de 2025

RELIGIÃO/PESQUISA

Brasil tem mais evangélicos e menos católicos, aponta Censo 2022

Maior crescimento foi entre evangélicos e religiões de matriz africana; católicos seguem em queda e população sem religião também aumenta

06/06/2025

09:15

REDAÇÃO

Com queda constante entre católicos e avanço dos evangélicos, Censo 2022 revela mudanças profundas no perfil religioso do Brasil, marcadas por maior diversidade, afirmação de identidades e impacto geracional. @REPRODUÇÃO

A proporção de evangélicos na população brasileira continua em crescimento, enquanto o número de católicos segue em queda, de acordo com os dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados nesta sexta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o levantamento, 26,9% dos brasileiros com 10 anos ou mais se declararam evangélicos em 2022 — um crescimento de 5,3 pontos percentuais em relação a 2010, quando esse grupo representava 21,6% da população.

Apesar da alta, o ritmo de crescimento diminuiu: de 2000 a 2010, o avanço foi de 6,5 pontos; de 1991 a 2000, 6,1 pontos. Para a pesquisadora do IBGE Maria Goreth Santos, o crescimento reflete uma maior visibilidade social dos evangélicos: “Eles estão se impondo mais na sociedade, colocando seus valores, suas ideias, sua fé”.

Católicos ainda são maioria, mas seguem em queda

A religião com mais seguidores continua sendo a católica apostólica romana, com 56,7% da população. No entanto, em 2010, eram 65%. A queda no número de católicos é tendência desde 1872, quando representavam 99,7% da população.

Em algumas regiões, como o Nordeste (63,9%) e o Sul (62,4%), os católicos ainda são maioria expressiva. No entanto, no Norte (50,5%), já se aproximam de metade da população. O estado com maior proporção de católicos é o Piauí (77,4%); o menor, Roraima (37,9%).

O percentual de católicos aumenta com a idade: entre os que têm mais de 80 anos, 72% se declaravam católicos, enquanto, entre os de 20 a 29 anos, eram 51,2%.

Evangélicos avançam entre os jovens

A presença evangélica é mais homogênea entre faixas etárias, com destaque entre os jovens de 10 a 14 anos (31,6%). Nas demais faixas até 49 anos, o percentual varia entre 27,5% e 28,9%. A partir dos 50, começa a cair, chegando a 19% entre idosos com 80 anos ou mais.

A maior proporção de evangélicos está na Região Norte (36,8%), com destaque para o Acre (44,4%). Já o estado com menor número proporcional é o Piauí (15,6%). Eles são maioria em 58 municípios, muitos de colonização alemã ou pomerana.

Crescimento das religiões de matriz africana

Religiões como umbanda e candomblé também cresceram, de 0,3% em 2010 para 1% em 2022. A mudança é atribuída à maior afirmação pública dessas identidades religiosas. Segundo o IBGE, há uma possível “migração” de pessoas que antes se declaravam católicas ou espíritas por medo ou preconceito.

O Rio Grande do Sul tem a maior proporção desses praticantes (3,2%).

Sem religião também cresce

O grupo dos que se declaram sem religião subiu de 7,9% para 9,3%. Estão incluídos nesse grupo ateus, agnósticos ou simplesmente aqueles que não se vinculam a nenhuma fé. Roraima e o Rio de Janeiro lideram com 16,9% da população declarada sem religião.

Outras religiões e tradições indígenas

Outras crenças (como judaísmo, islamismo, budismo e esoterismo) passaram de 2,7% para 4%. Já as tradições indígenas aparecem pela primeira vez no Censo com 0,1%.

Os espíritas tiveram leve recuo: de 2,1% para 1,8%. Ainda assim, concentram o maior percentual de pessoas com ensino superior completo (48%).

As mulheres representavam a maioria dos fiéis em quase todas as religiões, com destaque para espíritas (60,6%) e religiões afro-brasileiras (56,7%). Apenas entre os sem religião (56,2% de homens) e em tradições indígenas (50,9% de homens) a maioria era masculina.

A maior presença de evangélicos foi entre indígenas (32,2%). Entre os brancos, 60,2% eram católicos e 23,5% evangélicos. Já entre pretos, 49% católicos e 30% evangélicos.

O nível de escolaridade mais alto foi encontrado entre espíritas (48% têm ensino superior completo). Os católicos têm 18,4% com curso superior e os evangélicos, 14,4%.

Os que seguem tradições indígenas apresentaram a maior taxa de analfabetismo (24,6%). Entre os católicos, a taxa foi de 7,8%; entre evangélicos, 5,4%.

Religiões no Brasil – Censo 2022 (comparativo com 2010)

Religião

2010

2022

Católica apostólica romana

65%

56,7%

Evangélicas

21,6%

26,9%

Espírita

2,1%

1,8%

Umbanda e candomblé

0,3%

1%

Tradições indígenas

0%

0,1%

Outras religiosidades

2,7%

4%

Sem religião

7,9%

9,3%

Não sabe/sem declaração

0,1%

0,2%

 

Fonte: IBGE – Censo Demográfico 2022


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