Campo Grande (MS), Quinta-feira, 28 de Março de 2024

CORUMBÁ| Edmir Abelha é velado e sepultado com homenagens de movimentos populares

17/07/2021

10:25

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Edmir Abelha ©DIVULGAÇÃO
Manifestações com música e outras reverências marcaram o velório e o sepultamento de Edmir Abelha na tarde de ontem, sexta-feira, 16. Ele morreu na manhã do dia anterior, aos 64 anos. Estava internado havia duas semanas na UTI do Hospital de Caridade, em Corumbá, depois de sofrer o segundo AVC (Acidente Vascular Cerebral) em menos de dois meses.

Os cuidados sanitários de prevenção à Covid-19 foram tomados para que os familiares e um número limitado de pessoas se despedissem do corpo, velado por apenas duas horas na Capela Anjos da Paz. O corpo de Abelha estava coberto com as bandeiras do PT, do Flamengo e do bloco carnavalesco Nação Zumbi, do qual foi um dos fundadores.

No caminho até o Cemitério Municipal Santa Cruz, um carro de som do Nação Zumbi e do Movimento Negro levavam ao ar a narração sobre a trajetória de Abelha, um hino carnavalesco do bloco e a música "Canção da América", de Fernando Brant e Mílton Nascimento. O cortejo - transmitido ao vivo em rede social - percorreu cerca de 1,5 km e em seu trajeto alguns populares em suas casas ou no comércio aplaudiam.

FLOR DA MONTANHA

O jornalista Edson Moraes disse que seu irmão, Abelha, é como a flor da montanha descrita na canção "Bella Ciao" ("Adeus Querida/o"), que inspirou na Itália a luta dos lavradores por direitos trabalhistas nas plantações de arroz e também os partizans, voluntários civis que se organizaram para fazer a resistência contra o fascismo.

Um dos versos de "Bella Ciao" é este: "Acordei de manhã E deparei-me com o invasor/ Ó resistente, leva-me embora/Adeus/Ó resistente, leva-me embora Porque sinto a morte a chegar/E se eu morrer como resistente...Tu deves sepultar-me montanha/Sob a sombra de uma linda flor/ E as pessoas que passarem irão dizer-me: Que flor tão linda!/É esta a flor do homem da resistência/Que morreu pela liberdade".

Edmir Abelha era servidor da Prefeitura, lotado na Fundação de Cultura e Patrimônio Histórico e designado para o Museu de História do Pantanal. Foi um dos grandes mobilizadores das campanhas populares e democráticas no Estado, primeiro no movimento estudantil, depois na Juventude do MDB e em seguida no PT.

Esteve sempre vinculado às organizações ligadas à defesa dos direitos humanos, principalmente nas causas políticas (Diretas-Já e anistia), igualdade racial, liberdade religiosa, emancipismo feminino, afirmação de gênero, defesa do meio ambiente e demandas culturais e esportivas. Presidiu o Conselho Municipal dos Direitos do Negro e chefiou a Gerência Municipal de Igualdade Racial e fundou os blocos carnavalescos Vizinhas Faladeira e Nação Zumbi.



Por: Édson Moares

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