Dourados, a 233 km de Campo Grande, vai abrir mais dez leitos de UTI para atender pacientes infectados pela covid-19. Por causa da desativação de leitos após o recuo da pandemia no ano passado e devido ao crescimento exponencial do contágio em janeiro de 2022, a segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul voltou a ter pacientes na fila vaga em terapia intensiva. São sete esperando vaga.

O número de casos positivos só no município de Dourados aumentou 1.800% em janeiro em comparação com dezembro de 2021. Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (31), o prefeito Alan Guedes (PP) informou que foram 168 casos positivos em dezembro e 3.000 em janeiro.

A ocupação de leitos de UTI aumentou até 250% em janeiro em relação ao mês anterior. Dado ainda mais grave é que a maior alta ocorreu na UTI pediátrica. Foram duas internações em dezembro e sete em janeiro. Entre pacientes adultos a alta foi de 93% - saltou de 61 para 118.

Na enfermaria, a alta das internações foi de 181%. Eram 77 internados em dezembro e agora são 217. No total, 342 infectados pela covid estão hospitalizados atualmente.

Alan Guedes disse que a prefeitura já está em contato com fornecedores para contratação emergencial dos novos leitos a serem ativados no Hospital da Vida. O município estima em pelo menos R$ 840 mil por mês o gasto para abrir as vagas.

O secretário municipal de Saúde Waldno de Lucena Junior disse que a população relaxou no uso de máscara e no distanciamento social. “Mesmo os vacinados precisam manter esses cuidados”, afirmou. Ele reforçou a necessidade de vacinar crianças e disse que mais que dobrou a internação de infectados pelo vírus abaixo dos 12 anos. “A vacina é segura”, afirmou.

Menos leitos – Na entrevista coletiva, Alan Guedes disse que em 2021 a cidade chegou ao teto de 65 leitos de UTI covid e nem isso foi suficiente para segurar os impactos da pandemia. No final de maio, quando Dourados mandava pacientes para leitos de UTI fora do Estado, ele decretou lockdown de duas semanas e só aí o contágio começou a regredir. 

“Leitos de UTI passaram a ser desabilitados pelo Ministério da Saúde depois de 14 dias desocupados. A Ebserh [que administra o Hospital Universitário] desabilitou leitos de UTI em todo o Brasil. Caímos para 10 leitos em dezembro”, afirmou o prefeito.

Alan Guedes também criticou a mudança adotada pelo Ministério da Saúde no critério de financiamento de leitos de UTI. “Agora há mais dificuldade porque o valor do governo federal não cobre mais o custo”.

O prefeito afirmou que a abertura de mais dez leitos e o apelo à população para voltar a usar máscara, manter distanciamento e tomar vacina são tentativa para evitar medidas restritivas, mas não descartou ações mais duras nas próximas semanas.

Ele disse que a partir de agora fará boletim semanal para informar sobre a situação da pandemia na cidade e eventuais novas medidas. Alan Guedes disse que entre as possíveis ações futuras está a exigência de comprovante de vacinação ou teste negativo para ter acesso em determinados setores.

“Existe sobrecarga no sistema de saúde, inclusive no particular. O ambulatório de covid da Unimed está lotado. Se essas medidas não forem suficientes, outras poderão ser impostas. Esperamos muito que não precisemos voltar a medidas restritivas como no ano passado”, disse Alan Guedes.

Segundo ele, outra meta é atingir o maior número possível de pessoas com a vacinação. “Precisamos da colaboração de todos. Tivemos setores econômicos duramente afetados pelas medidas, esperamos não ter isso novamente”.

Conforme o prefeito de Dourados, as curvas no pré-pico do ano passado se repetem agora. “A diferença agora é o índice de hospitalização. Se mantiver a hospitalização, vamos passar por esse momento de forma mais tranquila, mantendo a atividade econômica em paralelo com as medidas de proteção”.

Segundo Alan Guedes, a prefeitura vai retomar as aulas 100% presenciais dia 14 de fevereiro. “Não há ainda previsão de aulas remotas. A programação é retomar com aulas 100% presenciais nas quase 90 unidades do município".