Gigantomastia pode afetar saúde da mulher
Mamoplastia redutora é uma das alternativas mais usadas para reverter o desconforto causado pela hipertrofia mamária.
24/01/2022
12:00
Luiz Affonso Mehl
©iStock
Segundo dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), mais de 1,5 milhão de procedimentos estéticos são realizados no país a cada ano. Entre as intervenções mais requisitadas está a mamoplastia de aumento, cirurgia que permite aumentar o tamanho dos seios. No entanto, enquanto este procedimento faz parte do sonho de muitas mulheres, há aquelas que desejam o contrário: realizar a redução das mamas para aliviar problemas recorrentes na saúde física e psicológica.
A gigantomastia, termo utilizado para se referir as hipertrofias mamárias gigantes que ultrapassam dos tamanhos convencionais, de acordo com o Ministério da Saúde, pode estar relacionada a obesidade, distúrbios glandulares, hipertrofia virginal ou puberal, menopausa precoce, gravidez, diabete, distúrbios emocionais e hereditariedade.
Para mulheres como a consultora de negócios Lara Beatriz e maquiadora Camilla Santos, os primeiros indícios de gigantomastia apareceram na pré-adolescência, por volta dos 12 e 13 anos de idade e, poucos anos depois as lingeries plus size eram as únicas peças de moda íntima capazes de oferecer a sustentação necessária aos seios no dia a dia.
Embora muitas mulheres se sintam desconfortáveis com o tamanho dos seios, a gigantomastia vai muito além de um mero problema estético. Ainda conforme a SBCP, estudos comprovam que, após aos 35 anos, as pacientes com gigantomastia podem desenvolver sérios problemas na coluna.
Aos 24 anos, Lara Beatriz já sofre com os impactos das mamas grandes e a presença das dores já faz parte de sua rotina. "Minha coluna dói muito. Principalmente quando ataca, não consigo relaxar, ficar em pé, nem deitada. Como meus seios são muito grandes e pesados, eu não posso ficar muito tempo sem sutiã, porque já começa a doer a parte da frente. Quando pego peso, a situação fica ainda pior. Já travei a coluna inúmeras vezes e fui parar no hospital, tudo acarretado pelo tamanho dos seios", conta.
Já a maquiadora Camilla Santos, de 21 anos, percebeu além das dores recorrentes na coluna, o impacto da condição em sua saúde mental, acarretando em sérios problemas de autoestima. "Por conta do peso dos seios eu não tinha a postura adequada, então sentia dor na coluna o tempo todo, inclusive no trabalho que exigia que eu ficasse em pé por muitas horas. Mas a parte que eu me sentia mais afetada era a psicológica. Meus sutiãs tinham que ser mais caros para conseguir sustentação e eu nunca achava peças bonitas. Sempre ouvia comentários maldosos e inconvenientes. Minha autoestima vivia baixa, porque eu queria ter seios 'normais' que combinasse com o meu corpo", relata.
Lara Beatriz também passa por problemas na hora de escolher os sutiãs, que devem ser reforçados tanto nas alças quanto nas laterais e costas. "Os sutiãs que compro precisam ser, no mínimo com quatro fechos, para dar sustentação, não ficar desconfortável e eu conseguir cumprir meus afazeres. Antigamente era bem complicado de achar, porque, por mais que fosse um sutiã grande na frente, atrás tinham dois fechos e alça era fina. Hoje em dia, consigo encontrar em lojas específicas", pontua.
Para tratar as dores ocasionadas pelo sobrepeso das mamas, algumas pacientes recorrem, além dos analgésicos, a atividades físicas para fortalecer a musculatura, como RPG, pilates, musculação e natação. No entanto, é importante buscar acompanhamento profissional e realizar avaliações antes de iniciar qualquer atividade, uma vez que algumas práticas podem causar impacto e forçar ainda mais a coluna da paciente.
De acordo com o Ministério da Saúde, o tratamento mais indicado para pessoas com gigantomastia que já completaram o seu desenvolvimento físico é a mamoplastia redutora. No caso de adolescentes, o procedimento também pode ser realizado, com autorização dos pais.
A cirurgia de gigantomastia apresenta diferentes técnicas para redução das mamas. Cada intervenção depende do quadro da paciente e da avaliação do cirurgião. Entre os benefícios da cirurgia redutora dos seios, pode-se destacar a recuperação da autoestima, a diminuição das dores e desconfortos na coluna e a melhora na qualidade de vida.
Em 2019, Camilla Santos realizou o procedimento, aos 19 anos. A jornada demandou consultas com o médico, em que a jovem relatou suas preferências, exames pré-operatórios e a cirurgia, realizada no meio do ano. A recuperação envolveu ficar por um período na mesma posição, sem mexer demais os braços, mas o resultado valeu a pena.
"Desde o dia que eu saí do hospital, me senti realizada e muito feliz com o resultado. O dia mais feliz foi, um mês depois, quando eu finalmente pude usar um body de renda pela primeira vez. Eu estava me sentindo uma mulher poderosa, linda e feliz por, finalmente, ter realizado um sonho."
Ansiando pela oportunidade da cirurgia de redução das mamas, Lara Beatriz conta que chegou a iniciar o tratamento pelo SUS, mas precisou suspender o acompanhamento por questões pessoais. "Ainda tenho vontade de fazer a cirurgia, porque é algo que afeta a minha saúde e me faz sentir muitas dores. Mas hoje, me aceito, não acho feio e consigo ficar confortável com o corpo que eu tenho. Isso mudou a minha vida", avalia.
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