Campo Grande (MS), Sábado, 18 de Maio de 2024

Camapuã, MS: ‘Tempestade’ leva guarda-chuvas na Câmara

12/05/2015

08:00

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Foto: Etevaldo Vieira/Camapuã News

A Câmara Municipal de Camapuã teve, na noite desta segunda-feira (11/5), a sessão mais movimentada em termos de assistentes revoltados e indignados com a “Tempestade” inventada pela administração municipal, para justificar o sumiço de documentos que comprovariam desvio de dinheiro do município. Segundo divulgado no Fantástico, os valores podem chegar a R$ 8 milhões, durante a administração do prefeito Marcelo Duailibi (DEM).

Em poucos instantes de divulgação nas redes sociais, grupos se acertaram e foram para a porta da Câmara Municipal. Dezenas de pessoas levaram guarda-chuvas, cartazes e até panelas e gritavam pedindo justiça, devolução do dinheiro, prisão dos responsáveis, renúncia do prefeito e afastamento dos agentes políticos (secretários e funcionários).

A revolta maior veio após as “visitas” que o Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado – Gaeco fez na Prefeitura, apreenderam documentos, ouviram envolvidos e testemunhas e continua investigando o sumiço do valor, que pode ser muito maior, desde a posse de Marcelo Duailibi, no primeiro mandato, em janeiro de 2009.

A cada vereador que entrava no prédio da Câmara os manifestantes, ordeiramente, pediam justiça e investigações, especialmente quanto a tomada de providências quanto as pessoas investigadas, especialmente o prefeito municipal Marcelo Duailibi, seu tio Maurício Duailibi, que é o secretário de Administração e Finanças (responsável pelo dinheiro), funcionários envolvidos e empresários. Mesmo sem ter nomes mencionados, pelos sotaques das gravações judiciais, a população já sabe de quais pessoas e empresários que foram ouvidos.

Vaias, gritos de ordem na sessão

Como a Câmara estava lotada e os manifestantes revoltados, dezenas abriram os guarda-chuvas nas galerias, sendo que o presidente Humberto Bogarim , do DEM, partido do prefeito, teve muitas dificuldades para controlar a população. Em muitos momentos, os vereadores da oposição Manoel Nery e Dra. Márcia, do PMDB, Giovani Rocha (PSB) e Clóvis Amorim (PSC) intercederam pedindo calma e moderação dos manifestantes, e, assim, a sessão pode ser realizada.

Os vereadores que defendem o prefeito (Humberto Bogarim (DEM), Roberto Canzilo (PDT), Dr. José Dias (PSD), Juarez Pereira (PRTB) e Juvenil Sapinho (PP) em momento de pressão popular, receberam vaias e até algumas palavras mais duras, obrigando o presidente a interceder para manter a ordem. Todos foram vaiados quando falavam de supostas ações feitas pelo prefeito.

Diferentemente, os vereadores da oposição Manoel Nery e Dra. Márcia, do PMDB, Giovani Rocha (PSB) e Clóvis Amorim (PSC) sempre que falavam ou interceptavam, eram aclamados pela população.

Outra coisa interessante ocorrida, e quem assistiu sessões anteriores pode verificar, é a mudança de posicionamento dos vereadores que apoiam o prefeito, quando a Câmara está cheia de gente. Mesmo aqueles que sempre falam que o prefeito age dentro do "rigores da lei" e que afirmavam e afirmaram que "quem deve tem que pagar", em recentes sessões se silenciavam ou defendiam Marcelo Duailibi. 

A manifestação foi ordeira e a população muito educada aos comandos da presidência da Câmara, exceto um ou outro que mantiveram mais irredutível em manifestações durante toda a sessão.

Sabiamente, o vereador presidente Humberto Bogarim, soube controlar a sessão, com o apoio dos vereadores da oposição que pediam para os manifestantes se acalmar, a sessão chegou a bom termo. Policiais assistiram a manifestação, mas não foi necessário fazer qualquer intervenção.


Maurício Duailibi
Maurício Duailibi confirmou a “Tempestade”

Ao mesmo tempo em que a população se manifestava na Câmara Municipal, o secretário Maurício Duailibi, não obstante todas as evidências contrárias, inclusive com depoimentos de funcionários afirmando que não houve alagamento de salas, falava ao Jornal de MS da TV Morena, que de fato a “tempestade” ocorreu em Camapuã.

A questão da “tempestade” ou “tempestade inteligente” como foi divulgada, continua sendo o assunto dos moradores, que não tiveram conhecimento desse problema em Camapuã.

CPI na Câmara

Através de requerimento dos vereadores da oposição, Manoel Nery e Dra. Márcia, do PMDB, Giovani Rocha (PSB) e Clóvis Amorim (PSC) foi aberta uma CPI, entretanto essa Comissão foi nomeada pelo presidente Humberto Bogarim, colocando o líder do prefeito Vereador Juarez Pereira de Relator, Juvenil Sapinho de Presidente e Dra. Márcia como membro.

Com a Câmara lotada de moradores, ao contrário do manifestado em sessões anteriores, todos os vereadores se manifestaram favorável às investigações e “quem deve tem que pagar”. Não obstante essas afirmações, fora da Câmara, alguns vereadores utilizam as mesmas justificativas do PT quanto ao caso da Petrobras: “a corrupção sempre existiu, só que somente agora está sendo investigada”.

Nova manifestação popular

Embora receosa com repressão e perseguição política, já que a cidade é pequena, a maioria da população tem medo de se manifestar contra o prefeito Marcelo Duailibi, mas, o mesmo grupo que se manifestou na Câmara nesta segunda-feira (11), já está convocando toda a população para uma manifestação em frente a Prefeitura (Paço Municipal), na próxima sexta-feira (15), quando espera reunir um número bem superior de manifestantes, que pedirão aprofundamento das investigações, demissão dos funcionários envolvidos, afastamento do prefeito, processos contra os empresários beneficiados e devolução do dinheiro desviado e ainda, bloqueio ou indisponibilidade dos bens patrimoniais de todos os citados na “Operação Tempestade”, especialmente dos funcionários, prefeito e empresários citados na reportagem do Fantástico, além de outros que estão sendo investigados pelo Gaeco.





Fonte: camapuanews
Por: Etevaldo Vieira de Oliveira
Foto: Etevaldo Vieira/Camapuã News




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