SAÚDE GLOBAL
Butantan e instituições internacionais definem nova nomenclatura para vírus da dengue
Sistema propõe classificação mais detalhada de linhagens e pode ajudar a antecipar mutações com impacto na vacinação
20/10/2025
08:00
REDAÇÃO
Nova nomenclatura detalha a diversidade genética do vírus da dengue, permitindo vigilância mais precisa por laboratórios e autoridades de saúde © Arquivo/Agência Brasil
Uma pesquisa coordenada pelo Instituto Butantan em parceria com outras 23 instituições científicas nacionais e internacionais estabeleceu uma nova nomenclatura para as linhagens do vírus da dengue. O novo sistema, já adotado desde setembro de 2024 pelos participantes do estudo, inclui centros de excelência como a Universidade Yale (EUA), Universidade de Oxford (Reino Unido), a Fiocruz e o próprio Butantan.
O objetivo da mudança é facilitar a vigilância genômica, aprimorar a comunicação entre laboratórios e autoridades de saúde e ajudar na identificação rápida de novas linhagens com risco epidemiológico.
“Por ter sido desenvolvido de forma consensual por várias instituições nacionais e internacionais, [a adoção da nova nomenclatura] não depende de aprovação formal da Organização Mundial da Saúde (OMS). Entretanto, espera-se que a OMS e redes regionais de vigilância passem a utilizá-lo como referência, como já ocorreu com outros vírus”, explica Alex Ranieri, bioinformata do Instituto Butantan.
O vírus da dengue possui quatro sorotipos (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4), cada um com diferentes variações genéticas, totalizando 17 genótipos. A nova nomenclatura adiciona dois níveis hierárquicos: linhagens maiores (representadas por letras) e linhagens menores (indicadas por números).
Por exemplo, o código DENV-3III_C.2 representa:
Dengue tipo 3 (DENV-3)
Genótipo III
Linhagem maior C
Linhagem menor 2
A proposta foi detalhada no artigo científico A new lineage nomenclature to aid genomic surveillance of dengue virus (Uma nova nomenclatura de linhagem para auxiliar na vigilância genômica do vírus da dengue), publicado na revista PLOS Biology.
Segundo Ranieri, o novo sistema ajuda a rastrear circulações regionais do vírus e pode indicar novas rotas de transmissão. "O artigo mostra que a linhagem DENV-2II_A, por exemplo, só foi identificada no hemisfério oriental. Se ela surgisse em outro continente, isso indicaria uma nova introdução", afirma.
A nova nomenclatura também pode influenciar indiretamente as estratégias de vacinação, já que identifica mutações específicas que podem alterar a resposta imune induzida pelas vacinas. "Com o monitoramento contínuo, é possível detectar precocemente variantes com potencial de escape imunológico", completa.
Em 2024, mais de 13 milhões de casos de dengue foram notificados nos países onde circulam os quatro sorotipos. O Brasil liderou o ranking, com 10,2 milhões de registros, seguido por Argentina (581,5 mil), México (558,8 mil), Colômbia (321 mil) e Paraguai (295,7 mil), segundo dados da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
A dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e representa risco para mais de 100 milhões de pessoas por ano em todo o mundo, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS). O problema é mais grave em países tropicais, como o Brasil, onde as condições climáticas favorecem a proliferação do mosquito transmissor.
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