Campo Grande (MS), Quarta-feira, 03 de Setembro de 2025

ALMS / SÍMBOLA AMBIENTAL

Juruva deve ser oficializada como ave símbolo da Mata Atlântica em Mato Grosso do Sul

Escolha popular será apresentada na COP15, evento mundial sobre espécies migratórias que acontecerá em Campo Grande em 2026

03/09/2025

07:00

REDAÇÃO

Ave colorida e ameaçada de extinção foi eleita em votação popular para representar a Mata Atlântica no estado

Mato Grosso do Sul poderá oficializar mais um símbolo da sua fauna: a juruva, ave escolhida em votação popular para representar a Mata Atlântica no estado. O nome deverá ser oficializado por meio de lei estadual, que começou a ser discutida na tarde desta terça-feira (2), durante reunião virtual promovida pela Assembleia Legislativa (ALEMS).

A proposta foi conduzida pelo deputado Renato Câmara (MDB), presidente da Frente Parlamentar para o Desenvolvimento das Unidades de Conservação. “Por meio dessa audiência pública, queremos validar o nome da juruva, ave escolhida em concurso nas redes sociais para ser o símbolo da Mata Atlântica aqui no estado”, explicou o parlamentar. “É importante essa escolha, porque, além de ser uma ave muito bonita, também corre risco de extinção. É, assim, uma forma de preservar essa espécie, o que representa ganho à sustentabilidade em nosso estado”, completou.

A iniciativa ganha ainda mais relevância porque Mato Grosso do Sul será sede, entre os dias 23 e 29 de março de 2026, da 15ª Reunião da Conferência das Partes (COP15) da Convenção sobre a Conservação de Espécies Migratórias de Animais Silvestres (CMS), evento global que reunirá representantes de governos, cientistas, povos indígenas, comunidades tradicionais e organizações da sociedade civil para discutir ações de conservação da biodiversidade.

Escolha popular

A juruva foi a vencedora de uma votação online realizada entre 27 de maio (Dia Nacional da Mata Atlântica) e 2 de junho, com o resultado anunciado no Dia Mundial do Meio Ambiente, em 6 de junho. A informação foi apresentada durante a reunião por Ana Luzia de Almeida Batista Martins Abrão, gestora da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Ernesto Vargas Batista.

“A ideia de escolhermos uma ave para representar a Mata Atlântica em MS partiu da necessidade de valorização desse bioma aqui no estado, pois há grandes extensões contínuas de floresta, especialmente nas unidades de conservação”, destacou Ana Luzia.

O processo começou com a seleção de 19 espécies de aves, das quais 10 foram escolhidas por um comitê de especialistas da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), biólogos e gestores ambientais. A enquete incluiu as seguintes aves: ariramba-de-cauda-ruiva, beija-flor-dourado, benedito-de-testa-amarela, japacanim, juruva, martim-pescador-grande, pica-pau-de-cabeça-amarela, surucuá-variado, tricolino e udu-de-coroa-azul.

Características da juruva

Durante a audiência, a professora Dra. Elaine Antoniassi, coordenadora do Programa de Pós-graduação em Biodiversidade e Sustentabilidade Ambiental da UEMS, apresentou dados técnicos sobre a espécie para subsidiar a escolha.

Segundo a especialista, a juruva pertence ao gênero Baryphthengus e foi descrita pelo ornitólogo francês Louis Pierre Vieillot, em 1818. “Ela mede cerca de 42 cm, tem bico preto e forte, plumagem chamativa, máscara preta sobre os olhos, manchas no peito e coloração laranja do bico ao peito”, descreveu.

Ela ainda destacou a importância ecológica da ave, considerada um organismo bioindicador. “Assim como os bioturbadores, a juruva atua indicando a qualidade e a saúde do solo, sendo fundamental para evitar sua compactação e degradação. Essa escolha levou em conta sua distribuição, conservação, beleza e função ecológica”, concluiu.

A expectativa é que o projeto de lei para oficializar a juruva como ave símbolo da Mata Atlântica em MS avance nos trâmites legislativos e esteja aprovado a tempo da COP15, reforçando o compromisso do estado com a conservação da biodiversidade e a valorização de seus biomas.


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