VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Prevenção passa por educação, cultura e responsabilidade coletiva
13/08/2025
08:35
REDAÇÃO
MARIA GORETI
Prevenir a violência doméstica é um compromisso coletivo e uma tarefa que exige educação, mudanças culturais profundas e responsabilidade social de todos os setores da sociedade.
Prevenir a violência doméstica é um desafio urgente e complexo, que exige ações coordenadas entre governo, escolas, famílias, empresas e a sociedade civil. Enfrentar o problema passa por uma transformação profunda nos campos da educação, cultura e responsabilidade social.
Dados alarmantes sobre feminicídio
O cenário da violência contra a mulher no Brasil, especialmente em Mato Grosso do Sul, é grave:
Mato Grosso do Sul ocupa a segunda maior taxa de feminicídios do país, com 2,4 mortes para cada 100 mil mulheres.
Em 2024, o estado registrou 22 casos de feminicídio, segundo dados da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
Nos sete primeiros meses de 2025, já foram 17 feminicídios, sendo 4 em Campo Grande.
O mês de maio de 2025 foi o mais letal em 10 anos, com 14 mulheres assassinadas no estado.
No cenário nacional, o Brasil contabilizou:
1.450 feminicídios em 2024, o que representa mais de 1 assassinato por dia por motivação de gênero.
Desde a criação da tipificação penal de feminicídio em 2015, o país já registrou mais de 11.850 mulheres assassinadas por essa causa.
Os dados refletem uma realidade cruel: mulheres estão sendo mortas dentro de casa, muitas vezes por companheiros ou ex-companheiros. A violência doméstica continua sendo um dos principais riscos à vida das brasileiras.
Educação: a base da prevenção
Combater a violência começa na educação infantil, com o ensino de valores como respeito, igualdade de gênero, direitos humanos e comunicação não violenta.
As escolas devem promover programas que discutam:
Consentimento
Empatia
Resolução pacífica de conflitos
Combate ao machismo e à cultura do silêncio
A educação deve ser estendida às famílias, que são o primeiro espaço de aprendizado social. Uma criança que cresce em um ambiente violento tem mais chances de repetir esse comportamento no futuro — por isso, educar é prevenir.
Cultura: é preciso mudar a narrativa
A violência doméstica está enraizada em padrões culturais que naturalizam o abuso e o controle sobre o outro.
Transformar essa realidade exige:
Questionar discursos machistas e misóginos
Encorajar representações positivas de masculinidade e equidade
Promover campanhas públicas e debates
Utilizar a arte, a mídia e o esporte como ferramentas de conscientização
A cultura da dominação masculina ainda predomina em muitos lares brasileiros. Rompê-la é um passo essencial para proteger mulheres e meninas.
Responsabilidade social é de todos
Cada setor da sociedade tem um papel fundamental na prevenção da violência:
Famílias: devem promover relações baseadas no diálogo e no respeito.
Escolas: precisam oferecer educação preventiva e identificar sinais de abuso.
Empresas: podem criar políticas de apoio a funcionárias vítimas de violência.
Governo: deve garantir o cumprimento da Lei Maria da Penha, oferecer abrigos, atendimento psicológico e jurídico gratuitos.
Sociedade civil: precisa denunciar abusos, apoiar vítimas e promover uma cultura de não-violência.
O papel dos homens
Envolver homens é essencial para desconstruir a cultura do machismo. Eles devem:
Rejeitar atitudes violentas
Apoiar a equidade de gênero
Ser exemplo para os filhos e colegas
Participar de rodas de conversa, grupos de apoio e campanhas educativas
A mudança começa com o reconhecimento de que a masculinidade não precisa estar ligada ao poder ou à dominação.
Prevenir desde a infância até a velhice
A violência doméstica pode atingir mulheres de todas as idades. Por isso, as estratégias de prevenção devem considerar:
Infância e adolescência: foco na educação e proteção escolar
Vida adulta: promoção de autonomia financeira e redes de apoio
Terceira idade: atenção a casos de violência patrimonial, abandono e abuso psicológico
Apesar dos avanços legislativos, como a Lei do Feminicídio (2015) e a própria Lei Maria da Penha (2006), muitos obstáculos permanecem:
Desinformação sobre os direitos das mulheres
Falta de investimento em políticas públicas
Conservadorismo social e resistência a mudanças
Déficit de abrigos, profissionais e suporte às vítimas
Superar esses desafios exige diálogo aberto, vontade política e mobilização constante.
Prevenir a violência doméstica é construir uma sociedade onde o lar não seja um lugar de medo, mas de segurança, respeito e dignidade. É garantir que mulheres vivam sem temor e crianças cresçam livres da violência.
Educação, cultura e responsabilidade social são os três pilares dessa construção. A mudança só será possível quando todos — governo, escolas, empresas, famílias e cidadãos — se comprometerem com ela.
DISQUE 180
Canal gratuito e sigiloso de denúncia de violência contra a mulher. Funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana.
Disque 100
Para denúncias de violações de direitos humanos, incluindo violência contra crianças, adolescentes e idosos.
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