Nos últimos meses, os “morangos do amor” invadiram as redes sociais. Vídeos com receitas, embalagens personalizadas e diferentes formas de apresentação se tornaram virais no Instagram, TikTok e YouTube. Mas o que muitos veem como apenas uma "modinha" visualmente apelativa, para outras pessoas representa um verdadeiro alívio financeiro em tempos difíceis.

Essa tendência, que mistura morangos frescos mergulhados em chocolate nobre ou cobertura de leite condensado, embalados com capricho e vendidos como presentes personalizados, ganhou força principalmente entre mulheres empreendedoras, muitas delas confeiteiras informais, que encontraram nesse produto uma forma acessível e lucrativa de aumentar a renda familiar.

Moda ou salvação?

Recentemente, uma influenciadora digital com grande número de seguidores afirmou que “não aguenta mais ver morango do amor no feed”. A fala, embora possa parecer inofensiva, gerou reações nas redes sociais — especialmente entre trabalhadoras autônomas que viram no doce uma nova chance de recomeço.

“Antes do morango no palito, eu vendia brigadeiro de colher. Mas era difícil conseguir lucro. Agora, com os morangos, consigo vender a R$ 5,00 cada e tirar pelo menos R$ 800 por semana”, conta Ana Cláudia, confeiteira em Campo Grande (MS), que começou o pequeno negócio no início do ano. “Pode ser moda, mas está colocando comida na minha mesa”, completa.

O fenômeno não é isolado. Segundo dados informais de grupos de confeitaria e pequenos empreendedores em aplicativos de venda como Instagram e WhatsApp, o aumento das buscas por produtos como “morango no palito gourmet” e “morango do amor recheado” cresceu mais de 200% em 2025, comparado ao ano anterior.

Além disso, plataformas de cursos online registraram um aumento na procura por capacitações rápidas em doces lucrativos, com foco em produtos que exigem baixo custo inicial e alta margem de lucro — caso do morango coberto.

Mais do que um doce: uma alternativa

Especialistas em economia criativa afirmam que essas tendências, por mais passageiras que pareçam, podem criar portas de entrada para o empreendedorismo feminino. “É um doce simples, com visual atraente, que permite margem de lucro e, muitas vezes, se torna a primeira experiência de negócio de uma mulher que nunca teve acesso a emprego formal ou crédito bancário”, afirma Carla Torres, economista e pesquisadora de microempreendedorismo.

Críticas e empatia

A fala da influenciadora, que gerou críticas, também acendeu um debate sobre empatia e responsabilidade digital. Para muitas mulheres, o que é cansativo para quem consome conteúdo diariamente é, na verdade, uma alternativa honesta de trabalho. “As redes sociais ditam tendências, mas também podem derrubar pequenos negócios quando comentários assim viralizam. É importante lembrar que por trás de cada caixinha de morango tem uma história, uma conta atrasada e um sonho em construção”, lembra a assistente social Camila Diniz, que atua com grupos de mulheres empreendedoras.

Como o “morango do amor” está ajudando confeiteiras:

• Baixo custo de produção: morangos, chocolate e embalagens simples;

• Alto apelo visual e de presente: ideal para datas comemorativas;

• Lucro médio de até 300% por unidade;

• Trabalho que pode ser feito em casa;

• Oportunidade para mulheres sem renda fixa ou CLT;

• Entrada no empreendedorismo para mães solo e donas de casa.

A tendência dos morangos cobertos pode até ser passageira nas redes, mas enquanto durar, ela cumpre um papel social de extrema importância: dar dignidade, independência e motivação a quem está no corre diário para viver com dignidade.

Talvez o “morango do amor” não esteja na moda para todos, mas para milhares de confeiteiras e suas famílias, ele é exatamente isso: amor em forma de oportunidade.

Morango coberto com chocolate: o doce que virou tendência e esperança para mulheres empreendedoras em todo o Brasil.