GERAL
Brasileiras têm menos filhos e adiam maternidade, aponta Censo 2022
27/06/2025
10:00
REDAÇÃO
© Fotorech/Pixabay
As brasileiras estão tendo menos filhos e adiando a maternidade. É o que revela o Censo Demográfico de 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de fecundidade total — que calcula a média de filhos por mulher entre 15 e 49 anos — caiu para 1,55 filho por mulher, bem abaixo da taxa de reposição populacional, que é de 2,1.
Segundo o IBGE, essa queda é resultado de mudanças culturais, econômicas e sociais que vêm ocorrendo no país desde a década de 1960. Naquele período, a média era de 6,28 filhos por mulher. Desde então, o número vem caindo progressivamente: 5,76 (1970), 4,35 (1980), 2,89 (1991), 2,38 (2000), 1,90 (2010), até atingir 1,55 em 2022.
Legenda: Gráfico do IBGE mostra queda contínua da fecundidade desde 1960, indicando um novo perfil demográfico no Brasil.
Transformação por região
A redução da fecundidade se espalhou de forma desigual pelo país. O Sudeste lidera a tendência, com a menor taxa: 1,41 filho por mulher. O Sul vem em seguida (1,50), depois o Centro-Oeste (1,64) e o Nordeste (1,60). Já o Norte, embora com queda expressiva, ainda tem a maior taxa do Brasil: 1,89.
Entre os estados, apenas Roraima superou a taxa de reposição (2,19 filhos por mulher). Amazonas (2,08) e Acre (1,90) também se destacam. Em contrapartida, Rio de Janeiro (1,35), Distrito Federal (1,38) e São Paulo (1,39) têm os menores índices do país.
Maternidade mais tardia
Além de ter menos filhos, a mulher brasileira está sendo mãe mais tarde. A idade média da fecundidade subiu de 26,3 anos em 2000 para 28,1 anos em 2022. A tendência é nacional: o Norte apresenta a menor média (27 anos) e o Distrito Federal, a maior (29,3 anos).
Mais mulheres optam por não ter filhos
Cresce também o número de mulheres que encerram o período reprodutivo sem filhos. Em 2022, 16,1% das mulheres entre 50 e 59 anos não tiveram filhos nascidos vivos — um salto em relação a 2010 (11,8%) e 2000 (10%).
O Rio de Janeiro teve o maior percentual (21%) de mulheres sem filhos; o Tocantins, o menor (11,8%).
Religião e fecundidade
A religião também influencia o comportamento reprodutivo. As mulheres evangélicas têm a maior taxa de fecundidade: 1,74 filhos por mulher. As espíritas apresentam a menor: 1,01. Mulheres sem religião (1,47), católicas (1,49), de umbanda e candomblé (1,25) também estão abaixo da média nacional.
Contudo, os pesquisadores do IBGE alertam que, para entender o real impacto da religião, é preciso considerar também fatores como renda, escolaridade e local de residência.
Raça, cor e fecundidade
A taxa de fecundidade varia também entre os grupos raciais:
Indígenas: 2,8 filhos por mulher (acima da taxa de reposição)
Pardas: 1,7
Pretas: 1,6
Brancas: 1,4
Amarelas (asiáticas): 1,2
A idade média da fecundidade também difere:
Brancas: 29 anos
Pretas: 27,8 anos
Pardas: 27,6 anos
Escolaridade influencia maternidade
A escolaridade tem relação direta com a queda da fecundidade. Mulheres com ensino superior completo têm, em média, 1,19 filho. Já aquelas sem instrução ou com fundamental incompleto têm 2,01 filhos.
A idade média da maternidade também sobe com o nível educacional:
Sem instrução: 26,7 anos
Superior completo: 30,7 anos
"A mulher com mais informação sabe melhor onde procurar métodos contraceptivos e como planejar sua vida reprodutiva", explica Izabel Marri, do IBGE.
Para o IBGE, a queda da fecundidade e o adiamento da maternidade sinalizam um novo momento da sociedade brasileira:
Envelhecimento da população
Mudança na pirâmide etária
Impactos futuros na previdência, saúde e mercado de trabalho
A transição demográfica, iniciada nas regiões mais desenvolvidas e entre mulheres com maior escolaridade, se espalhou por todo o país nas últimas décadas. O retrato atual mostra um Brasil em plena mudança, onde o planejamento reprodutivo e o acesso à educação transformam profundamente os rumos da população.
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