POLICIA
Delegadas são removidas da Deam após caso de feminicídio de Vanessa Ricarte
Grupo técnico é criado para revisar 6 mil boletins decocorrência da Deam após caso de feminicídio de Vanessa Ricarte
27/03/2025
08:40
MIDIAMAX
MARIA GORETI
@Divulgação
Nesta quinta-feira (27), a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul anunciou a remoção de três delegadas da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), após a repercussão do caso de feminicídio envolvendo a jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, que foi assassinada em fevereiro deste ano. A remoção das delegadas ocorre 45 dias após a morte de Vanessa e uma semana depois de a Corregedoria da Polícia Civil concluir que não houve erro no atendimento à vítima.
As delegadas removidas são:
Riccelly Maria Albuquerque, que fez o registro do boletim de ocorrência de Vanessa, foi removida ex-officio e transferida para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), onde atuava anteriormente.
Lucélia Constantino, que atendeu Vanessa ao buscar a medida protetiva, foi removida a pedido e também será transferida para a Depac.
Elaine Benicasa, titular da Deam, foi removida a pedido e agora atuará na DGPC (Delegacia-Geral da Polícia Civil)Delegada Elaine Benicasa (Foto: Divulgação)
A medida foi publicada no Diário Oficial e, de acordo com as informações, a delegada Laís Mendonça Alves foi removida ex-officio da Depac para a Deam, sem definição sobre sua possível titularidade. Outra delegada, Cynthia Karoline Bezerra Gomes, foi designada para atuar na Deam.
O caso gerou grande repercussão após a jornalista Vanessa Ricarte ser assassinada a facadas pelo músico Caio Nascimento, após ter buscado ajuda na Deam e procurado uma medida protetiva. A Corregedoria da Polícia Civil, após analisar os protocolos seguidos pelas delegadas no atendimento, concluiu que todos os procedimentos foram cumpridos de acordo com a Lei Maria da Penha, apesar das críticas feitas pelo governador Eduardo Riedel sobre falhas no processo.
A investigação revelou que Vanessa procurou a Deam durante a madrugada do dia 12 de fevereiro para registrar o boletim de ocorrência e, no período da tarde, retornou à delegacia para buscar a medida protetiva. O inquérito da Corregedoria afirmou que o atendimento foi realizado dentro dos protocolos estabelecidos, mas apontou falhas na notificação de Caio Nascimento pela Justiça. Vanessa também não relatou que estava sendo mantida em cárcere privado.
Além disso, o relatório da Corregedoria revelou que, apesar de a Guarda Civil Metropolitana ter sido notificada para acompanhar a jornalista após a concessão da medida protetiva, o acompanhamento não ocorreu. A análise também indicou que houve demora na intimação de Caio Nascimento, o que pode ter contribuído para a tragédia.
Após o caso de Vanessa, foi determinado um pente-fino nos boletins de ocorrência registrados na Deam, com a criação de um Grupo Técnico para revisar cerca de 6 mil ocorrências. No início de março, também foi firmado um convênio entre o Governo e as polícias civil e militar para agilizar o processo de intimação de agressores em casos de medidas protetivas.
O caso de Vanessa Ricarte
Vanessa Ricarte, servidora pública no Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul (MPT-MS), foi assassinada por seu ex-companheiro, Caio Nascimento, em um crime brutal. Ela havia procurado ajuda da Deam em busca de uma medida protetiva, após ser vítima de abuso psicológico e físico por parte do músico. A jornalista foi esfaqueada quando retornava à sua casa para buscar seus pertences, após o atendimento na delegacia.
O caso teve grande repercussão, especialmente após a divulgação de áudios gravados por Vanessa antes de sua morte, que evidenciaram o descaso e a omissão no atendimento que ela recebeu. Vanessa foi mantida em cárcere privado, controlada emocionalmente por Caio e, infelizmente, não conseguiu escapar desse ciclo de violência.
O feminicídio de Vanessa Ricarte gerou uma onda de críticas, principalmente quanto ao atendimento nas delegacias de mulheres, e destacou a necessidade urgente de reformas e melhorias nos protocolos de atendimento à vítima de violência doméstica.
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
Governo de MS destinará R$ 25 milhões para enfrentar crise financeira da Santa Casa de Campo Grande
Leia Mais
Após polêmica com "José Loreto", ‘Paixão de Cristo’ adota novas regras para contratação de artistas
Leia Mais
Brasil vive guerra contra as mulheres, diz ministra sobre violência
Leia Mais
Bioparque Pantanal completa 3 anos e se consolida como referência de turismo científico no Brasil
Municípios