COLUNA MUSA
A importância da participação da mulher nos espaços políticos: um caminho para a igualdade
Rilziane Guimarães Melo, advogada, Presidente do Conselho Municipal Dos Direitos das Mulheres – CMDM - biênio 2023/2025 e docente do curso de Direito da Faculdade Anhanguera de Dourados
02/10/2024
09:28
MARIA GORETI
Foto: acervo pessoal/Rilziane Guimarães
Historicamente, a política sempre foi um espaço majoritariamente masculino. No entanto, nas últimas décadas, o avanço da luta por direitos iguais e a crescente conscientização sobre a importância da equidade de gênero têm impulsionado a presença feminina nas esferas de poder. A participação da mulher nos espaços políticos é não só uma questão de justiça social, mas um elemento crucial para o fortalecimento das democracias e para a criação de políticas públicas que representem a totalidade da sociedade.
Uma das principais razões para promover a inclusão feminina na política é a necessidade de representatividade. As mulheres compõem cerca de 50% da população mundial, mas estão sub-representadas em parlamentos, cargos executivos e no processo decisório. Essa discrepância compromete a qualidade das democracias, que devem refletir as necessidades e aspirações de todos os grupos sociais. Quando mais mulheres participam ativamente da política, as instituições passam a ser mais diversas e mais inclusivas.
Estudos indicam que a presença feminina contribui para a formulação de políticas mais voltadas ao bem-estar social, saúde, educação, direitos das minorias e meio ambiente. Isso não significa que as mulheres sejam inerentemente mais “humanitárias”, mas que elas trazem perspectivas e experiências diferentes, promovendo uma agenda mais plural e abrangente.
Outro ponto crucial é a importância de que as políticas públicas voltadas para a igualdade de gênero e o empoderamento feminino sejam, em parte, articuladas por mulheres. Temas como licença-maternidade, combate à violência de gênero, acesso à educação e à saúde reprodutiva são pautas que, muitas vezes, recebem maior atenção quando há mulheres em cargos de decisão.
Em muitos países, avanços importantes nesses temas só foram possíveis após a chegada de mulheres ao parlamento ou ao poder executivo. No Brasil, por exemplo, a Lei Maria da Penha, que se tornou uma referência mundial no combate à violência doméstica, só foi aprovada após intensas mobilizações femininas e o apoio de parlamentares mulheres.
Apesar dos avanços, a caminhada para a equidade de gênero nos espaços políticos ainda enfrenta desafios significativos. As mulheres frequentemente lidam com preconceitos, discriminação e uma estrutura política desenhada para favorecer os homens. A cultura machista que permeia muitos partidos políticos, a falta de financiamento e as agressões (físicas e verbais) dirigidas às mulheres no exercício da política são algumas das barreiras que elas encontram ao longo de suas trajetórias.
Além disso, o fenômeno da "sub-representação" é evidente: mesmo em países onde há uma maior participação feminina, elas ainda costumam ser minorias em cargos de liderança dentro dos próprios partidos e nos postos mais altos do governo, como ministérios e presidência.
Uma das formas de acelerar a inclusão das mulheres na política tem sido a implementação de cotas de gênero. Diversos países adotaram medidas afirmativas para garantir que as mulheres ocupem um número mínimo de cadeiras no parlamento ou nas listas de candidatos dos partidos políticos. Embora essas medidas sejam alvo de críticas, elas têm se mostrado eficazes para aumentar a representatividade feminina em curto prazo, e muitas vezes, servem como um primeiro passo rumo à equidade.
Em contrapartida, é importante que essas ações sejam acompanhadas de mudanças culturais e estruturais que facilitem a permanência e o sucesso das mulheres na política, como o apoio partidário, a garantia de igualdade de condições e a promoção de campanhas de conscientização que combatam estereótipos de gênero.
A participação feminina nos espaços políticos é vital para a construção de sociedades mais justas e equilibradas. A equidade de gênero não é uma concessão, mas um direito fundamental que, quando respeitado, fortalece a democracia e melhora a vida de todos os cidadãos. À medida que mais mulheres rompem as barreiras do poder, o impacto positivo de sua presença será cada vez mais visível, inspirando futuras gerações a reivindicar seu lugar na construção de um mundo mais igualitário e inclusivo.
Ao garantir que as mulheres tenham voz e vez nos espaços de decisão política, damos um passo decisivo em direção a uma sociedade mais democrática e justa, onde todos, independentemente de gênero, possam contribuir para um futuro melhor.
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