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Cenário desolador no Pantanal: Produtores enfrentam dificuldades após incêndios e seca
22/09/2024
08:00
REDAÇÃO
Animais em busca de água e pasto vagam entre as propriedades, debilitados e fugindo dos incêndios. (Foto: Daniel Comiran Dallasta)
O engenheiro agrônomo Daniel Comiran Dallasta, do Senar-MS, resumiu a realidade que encontrou nas visitas ao Pantanal: "Bem triste, as primeiras visitas têm mostrado um cenário desolador, de grande dificuldade por parte dos produtores". Ele faz parte de uma força-tarefa chamada “SuperAção Pantanal”, que visa apoiar a recuperação dos produtores rurais afetados pelos incêndios florestais que devastaram mais de 500 propriedades em Mato Grosso do Sul entre junho e agosto de 2024.
Dallasta, que atua na região de Aquidauana, relatou que o incêndio teve início após um caminhão atolado pegar fogo, provocando uma catástrofe que se espalhou rapidamente. Em uma das propriedades visitadas, 81% da área foi queimada, e há fazendas que sofreram 100% de danos. Os prejuízos incluem cercas destruídas, pastagens perdidas e vegetação nativa comprometida. Embora não tenham sido registradas perdas de animais, muitos rebanhos fugiram em busca de comida e água, deslocando-se até 40 km de suas propriedades.
Os custos de recuperação são altos, com a recuperação de cercas estimada em R$ 12 mil por quilômetro linear. Além disso, a falta de água e a degradação das pastagens resultaram em animais debilitados. Com a iminência da estação de monta, os produtores enfrentam um desafio adicional: as vacas debilitadas não conseguem emprenhar, comprometendo a produção de bezerros. Em algumas propriedades, a perda pode ultrapassar 80%.
Enquanto alguns produtores tentam suplementar a alimentação do gado com ração e feno, a oferta é insuficiente e os custos elevados. As propriedades isoladas do Pantanal enfrentam ainda mais dificuldades para obter suprimentos.
O cenário é preocupante, mas há esperança de recuperação. Se as chuvas forem regulares, as pastagens podem começar a se recuperar em 40 a 60 dias. No entanto, a pecuária de cria no Pantanal, que já possui margens brutas menores, demanda atenção e soluções para garantir a sustentabilidade econômica na região.
De acordo com a Famasul, o Pantanal possui um rebanho de 3,69 milhões de bovinos, com 60% concentrados em Corumbá, que é o segundo município do Brasil em tamanho de rebanho. O perfil do rebanho indica uma grande proporção de animais com mais de 36 meses, o que exige um planejamento cuidadoso para garantir a viabilidade das atividades pecuárias.
O Pantanal enfrenta um momento crítico, e a recuperação exigirá um esforço conjunto entre produtores, técnicos e instituições. A força-tarefa “SuperAção Pantanal” representa um passo importante nessa direção, mas a resiliência dos produtores e o apoio contínuo serão fundamentais para a recuperação dessa vital região.
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