Campo Grande (MS), Segunda-feira, 25 de Novembro de 2024

Tendinite: automedicação pode levar a sequelas

Ortopedista especialista em cirurgia da mão, Emanoel de Oliveira, explica que o uso de remédios para dor sem determinar e tratar causa da inflamação pode levar a sequelas degenerativas

29/03/2022

08:00

FÁBIO MARQUES

©DIVULGAÇÃO

Em entrevista recente, o ator Tom Holland (Homem-Aranha) revelou que precisou interromper as filmagens de seu último longa por ter desenvolvido tendinite nas mãos diante da repetição intensa de movimentos nas cenas. A situação é semelhante à da jornalista Rafa Brites, que contou nas redes sociais que está com sintomas da inflamação dos tendões no antebraço e na mão depois de uma semana de amamentação de seu bebê recém-nascido.

Como explica o ortopedista especialista em cirurgia da mão, Emanoel de Oliveira, apesar de estar entre as principais doenças do trabalho e de causar dores e limitações, a tendinite é tratável. Contudo, ele ressalta que é importante determinar a causa e lidar com ela antes de recorrer à medicação.

Quanto tempo leva para ter tendinite?

Para o ator que interpreta o Homem-Aranha nos cinemas, alguns meses de gravação repetindo cenas levaram ao quadro inflamatório que o fizeram pedir uma pausa nas filmagens. Já para a jornalista, uma semana foi suficiente para as dores surgirem. De acordo com o ortopedista, a tendinite pode levar até mesmo poucas horas para se instalar, dependendo da intensidade e da frequência do esforço exercido.

“Um exemplo é uma pessoa que realiza uma mudança, carregando altas cargas de peso. No período de uma tarde ela pode desenvolver a tendinite. Da mesma forma, uma passadeira que passa um grande volume de roupas pode desenvolver o problema em apenas um dia”, exemplifica.

De fato, a Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e a Doença Osteomolecular Relacionada com o Trabalho (DORT), dentro das quais a tendinite se enquadra, já foram responsáveis por cerca de 80% a 90% dos casos de doenças profissionais segundo dados do Ministério da Saúde.

Tratamento exige mudanças

Para dar fim ao incômodo nos membros afetados pela inflamação, o especialista explica que a principal medida é a mudança de hábito. Segundo o médico, é possível fazer o uso de anti-inflamatórios, a aplicação local de gelo e até a imobilização nos casos mais graves, sempre associado com a fisioterapia, para melhorar os sintomas.

Ainda assim, ele reforça que sem lidar com o fator que desencadeou o problema nada disso terá efeito duradouro. “Mais importante do que isso é identificar o que está causando a inflamação, qual o movimento repetitivo que a pessoa realiza e está gerando o quadro inflamatório, qual o vício postural, qual o mau hábito do dia a dia como o uso exagerado de celular, por exemplo, a digitação excessiva etc. De fato, mais importante que o tratamento específico, cortar o fator causal que está gerando o quadro é muito mais determinante para o sucesso do tratamento”, argumenta.

Sequelas degenerativas

Além disso, o especialista em cirurgia de mão alerta para a crença popular no uso da “bolinha de fisioterapia”. Na verdade, ele explica que se o problema está ligado à movimentação excessiva da mão, continuar manuseando a bola em momento de repouso tende a agravar a inflamação.

Outro alerta tem relação com o uso indiscriminado de medicamentos para aliviar a dor. “É muito tentador, simplesmente se automedicar ao invés de realizar o tratamento, reduzir a movimentação excessiva, tentar identificar os fatores nocivos do dia a dia como reduzir o uso do celular. Isso mascara os sintomas e, cronicamente, leva a uma piora significativa do quadro de tendinite e das sequelas degenerativas que decorrem da sua persistência no organismo humano”, reforça.

Caso a inflamação evolua para um quadro de tendinose - processo degenerativo dos tendões -, o tratamento passa a ser a intervenção cirúrgica. Exemplos de patologias que demandam esse tipo de procedimento são a síndrome do túnel do carpo - frequente em mulheres entre 50 e 60 anos - e a tendinite de De Quervain.


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