Saiba mais sobre o simbolismo da Sexta-Feira Santa
Data revive os últimos passos de Jesus Cristo até sua morte e convida à reflexão espiritual e social
18/04/2025
08:00
REDAÇÃO
A Sexta-Feira Santa é uma das datas mais significativas para os cristãos. Parte do Tríduo Pascal — que inclui também o Sábado Santo e o Domingo de Páscoa —, ela recorda os últimos momentos da vida de Jesus Cristo, sua paixão e morte na cruz, em um gesto de sacrifício pela redenção da humanidade.
A celebração varia a cada ano, pois é baseada na Festa de Pessach (Páscoa judaica), mencionada nos evangelhos. De acordo com a teóloga Ana Beatriz Dias Pinto, doutora pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, a festa judaica ocorria no sábado e domingo de lua cheia após o início da primavera no hemisfério norte (outono no sul).
“Quando Jesus foi sentenciado à morte, foi preciso antecipar a crucificação para que não coincidisse com os dias sagrados dos judeus. Por isso, a morte ocorreu numa sexta-feira”, explica Ana Beatriz.
Da tradição judaica à cruz
No contexto da Festa de Pessach, os judeus sacrificavam um cordeiro para proteger suas casas da décima praga do Egito. A morte de Jesus, para os cristãos, passa a ter esse mesmo simbolismo: Ele seria o "Cordeiro de Deus", oferecido em sacrifício pelos pecados do mundo.
A teóloga lembra que essa leitura teológica está nos Evangelhos, especialmente o de João, e nas Cartas de São Paulo, que descreve Cristo como a verdadeira Páscoa. “O sofrimento e morte de Jesus não são apenas eventos históricos, mas também um marco espiritual e simbólico que impulsiona a criação do cristianismo”, afirma.
Ritual, silêncio e adoração
A liturgia da Sexta-Feira Santa é diferente das demais: não há celebração da Eucaristia, o que simboliza o luto da Igreja. Os fiéis participam de momentos de adoração da cruz, em reverência ao sacrifício de Jesus. No Brasil, muitas pessoas beijam a cruz ou se ajoelham diante dela, enquanto em países europeus a prática é mais discreta, com reverências silenciosas.
“É um momento de austeridade, de silêncio, de contemplação. A Igreja entra em luto a partir da noite da Quinta-Feira Santa”, afirma Ana Beatriz. Em muitas cidades, há também encenações da Via Sacra, revivendo os passos de Jesus até o Calvário.
Na cidade de Goiás, por exemplo, acontece a tradicional Procissão do Fogaréu, uma das manifestações culturais mais conhecidas do país ligadas à data.
A Sexta-Feira Santa é feriado nacional, conforme a Lei nº 9.093/1995, e faz parte da identidade religiosa e cultural brasileira, herdada desde o período colonial. “Mesmo sendo um Estado laico, o Brasil preserva o feriado por fazer parte da tradição do povo”, diz a teóloga.
Para além da religião: um tempo de reflexão social
O simbolismo da Sexta-Feira Santa transcende os limites do cristianismo. Religiões de matriz africana, como a umbanda, o candomblé, a Quimbanda e o Batuque, também associam a Páscoa ao renascimento espiritual e homenageiam Oxalá, orixá que, no sincretismo religioso, é relacionado a Jesus Cristo.
No espiritismo, a ressurreição é vista como evolução espiritual, sem rituais, mas com forte sentido de renovação interior.
“Mais do que lembrar uma morte, esse é um tempo para pensarmos sobre o que queremos transformar em nós e no mundo ao nosso redor”, destaca Ana Beatriz. “A Páscoa pode ser um momento de olhar para nossa realidade social, política e econômica, e buscar renascimento também enquanto sociedade.”
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