Uma tragédia em Ceilândia, no Distrito Federal, reacendeu o alerta sobre os perigos de desafios promovidos nas redes sociais. A menina Sarah Raissa Pereira de Castro, de 8 anos, morreu após inalar aerossol de desodorante, prática que fazia parte de um suposto “desafio viral” amplamente divulgado em plataformas digitais.

De acordo com informações da Polícia Civil do DF, a criança sofreu uma parada cardiorrespiratória após a inalação. Ela foi encaminhada com urgência ao Hospital Regional de Ceilândia, onde chegou a ser reanimada. No entanto, seu quadro não evoluiu e os médicos constataram a morte cerebral.

Polícia investiga como desafio chegou até a vítima

A Polícia Civil instaurou um inquérito policial na segunda-feira (13) para apurar as circunstâncias da morte. O objetivo é entender como a criança teve acesso ao conteúdo do desafio e, principalmente, identificar os responsáveis pela publicação nas redes sociais.

A depender do desfecho da investigação, os envolvidos na disseminação do desafio podem ser responsabilizados por homicídio duplamente qualificado, com pena que pode chegar a 30 anos de prisão.

Desafio perigoso e histórico de casos

O chamado “desafio do desodorante” desafia crianças e adolescentes a inalar o spray por tempo prolongado, como forma de testar resistência ou buscar sensações extremas. Esse tipo de conteúdo, aparentemente inofensivo ou tratado com humor por criadores irresponsáveis, representa grave risco à vida.

Esse não é o primeiro caso relacionado ao desafio. Em 2022, um menino de 10 anos, em Belo Horizonte (MG), também morreu após inalar desodorante durante uma brincadeira semelhante.

A médica que atendeu Sarah no hospital fez um apelo emocionado para que pais e responsáveis fiquem atentos:

“Mães, pais, fica o alerta para todos nós alertarmos os filhos, procurar explicar aos filhos que esses desafios não podem ser feitos. E, se alguém encontrar um desafio desse, fazer uma denúncia. Imagina uma criança de 8 anos evoluir para uma morte. Isso é um absurdo, uma loucura.”

 

Autoridades de saúde e especialistas em segurança digital reforçam que é fundamental o diálogo entre pais e filhos sobre o uso da internet e os riscos ocultos por trás de conteúdos virais. Além disso, é recomendado:

• Monitorar o uso de celulares, redes sociais e aplicativos de vídeo

• Ativar controles parentais nos dispositivos

• Ficar atento a mudanças de comportamento ou falas suspeitas

• Denunciar conteúdos perigosos nas próprias plataformas e a órgãos competentes

Canais para denúncia de conteúdos perigosos:

• SaferNet Brasil: www.safernet.org.br

• Disque 100 – Direitos Humanos

• Plataformas digitais: Opções de denúncia disponíveis em apps como YouTube, TikTok, Instagram e Facebook.

O caso de Sarah evidencia como desafios virtuais podem ultrapassar os limites da brincadeira e se tornarem armadilhas letais para crianças, muitas vezes expostas sem supervisão. A tragédia reforça a urgência de educação digital e responsabilização legal daqueles que espalham esse tipo de conteúdo.