OPERAÇÕES COURRIER
Quatro advogados acusados de envolvimento com o PCC são suspensos pela Ordem dos Advogados do Brasil
Suspensão será de 90 dias e investigados terão 15 dias para recorrer da decisão do Tribunal de Ética da Ordem
05/06/2022
16:58
ANA CLARA SANTOS
Tribunal de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil (MS) suspendeu quatro advogados investigados pelo Gaeco - Ãlvaro Rezende
Quatro advogados acusados de envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC) tiveram seus registros profissionais suspensos pelo Tribunal de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional MS (OAB/MS). Eles são investigados no âmbito da Operação Courier, do Grupo de Atuação Especial ao Crime Organizado (Gaeco).
De acordo com a publicação no Diário Oficial da OAB/MS os acusados Bruno Ghizzi, Paula Tatiane Monezzi, Thais Oliveira e Inaiza Herradon terão seus registros suspensos por 90 dias, prazo em que o processo disciplinar deve ser concluído. Os profissionais têm 15 dias para recorrer da decisão.
A decisão deixa claro que a conduta dos investigados é incompatível com a advocacia e passa os limites colocados pelo Código de Ética e Disciplina da OAB. Supostamente, os quatro fazem parte da organização criminosa “Sintonia dos Gravatas”, responsável por dar suporte ao PCC, repassando mensagens de membros da facção presos para outros que atuam de fora da cadeia e vice-versa.
Além disso, o relator do recurso do Tribunal de Ética aponta que as ações dos profissionais apontadas nas investigações afetaram a honra e a dignidade da categoria.
Pedido de liberdade
Em maio, Bruno Ghizzi entrou com recurso para responder o processo em liberdade duas vezes e teve ambos pedidos negados: no dia 9 pelo juiz Márcio Alexandre Wust, da 6º Vara Criminal de Competência Residual e no dia 26 pelos desembargadores da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS).
Nos dois casos, os magistrados apontaram que a liberdade de Bruno dificultaria o processo das investigações e que a conduta do investigado colabora para que a prisão seja mantida.
De acordo com o Gaeco, Ghizzi, que era assessor jurídico da Defensoria Pública de MS, conseguia dados sigilosos por meio de servidores do órgão e de uma funcionária de uma empresa de telefonia, as quais beneficiavam as ações do PCC.
Operação Courrier
A operação cumpriu ao todo 38 mandados judiciais e mira o núcleo Sintonia dos Gravatas, organização criminosa em que advogados usavam de suas funções para transmitir recados aos integrantes presos do PCC. Além disso, segundo o Gaeco, o grupo articulava atentados à vida de agentes públicos.
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