AGOSTO LILÁS NA EDUCAÇÃO
ACP promove encontro sobre violência contra a mulher e reforça papel da escola na prevenção
Evento reuniu especialistas, sindicalistas e educadores para debater formas de violência de gênero e fortalecer a luta por respeito e dignidade
21/08/2025
08:25
REDAÇÃO
Coral da ACP se apresenta durante o encontro em alusão à campanha Agosto Lilás, realizado no ACP Casa Park’s – Foto: Assessoria/ACP
Em alusão ao Agosto Lilás, campanha nacional de enfrentamento à violência contra a mulher, a ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública) promoveu, na última terça-feira (19), um evento voltado à escuta, reflexão e fortalecimento coletivo. O encontro reuniu mais de 100 participantes, entre profissionais da educação, especialistas e lideranças sindicais, no espaço ACP Casa Park’s, em Campo Grande.
Com o lema “Viver sem violência é um direito de toda mulher”, a iniciativa destacou tanto os altos índices de violência física quanto as formas sutis e veladas de agressão enfrentadas por mulheres, inclusive no ambiente de trabalho.
A noite contou com a apresentação do Coral da ACP e da cantora Maila Espíndola, além de uma roda de conversa com as psicólogas Márcia Paulino, secretária-executiva da Mulher de Campo Grande, e Fabiane Britto de Araújo, especialista em políticas públicas para mulheres.
Violências silenciosas e profundas
A coordenadora do Coletivo de Mulheres da ACP, professora Maristela Ferreira Borges, reforçou que muitas violências ocorrem de forma velada e ainda são normalizadas socialmente.
“Muitas vezes, as violências mais marcantes são aquelas que não deixam hematomas, mas que ferem a dignidade e a autoestima da mulher. Estão no ambiente de trabalho, nas relações, nos olhares, nas palavras não ditas”, afirmou Maristela.
Ela lembrou que, sendo a educação pública composta majoritariamente por mulheres, a luta contra a violência de gênero está no cerne da missão sindical.
Escola como agente de transformação
A vice-presidente da ACP, professora Josefa dos Santos, defendeu a educação como principal ferramenta de mudança cultural.
“É na escola que ensinamos respeito, que desconstruímos o machismo. Nossos alunos serão os homens e mulheres do futuro. Temos o dever de educar para que a violência não se repita”, declarou.
Josefa também alertou para os dados alarmantes da violência em Mato Grosso do Sul: quase 300 estupros só em 2025 em Campo Grande e quase 7 mil casos nos últimos 12 anos, a maioria ocorrida no ambiente familiar.
Feminicídio e desigualdade estrutural
A presidenta da FETEMS, Deumeires Morais, destacou o papel da escola na desconstrução do machismo, lembrando que o feminicídio só foi tipificado como crime em 2015.
“É no chão da escola que podemos transformar. O Brasil ainda carrega uma cultura machista, e combater isso é papel de cada educador e educadora.”
Denúncia e rede de proteção
Para a secretária social e cultural da ACP, professora Sueleid Benevides, o Agosto Lilás é um chamado à denúncia e ao respeito.
“Somos o 5º país do mundo em feminicídios. A violência não é só física: ela pode ser psicológica, moral, silenciosa. Precisamos sair do ciclo da violência. Não aceitem nenhuma forma de desrespeito”, alertou.
Sindicato como agente de enfrentamento
O presidente da ACP, professor Gilvano Bronzoni, reforçou que a luta contra a violência faz parte do compromisso permanente do sindicato.
“Não se trata apenas de defender condições de trabalho, mas de proteger vidas. Uma sociedade justa começa com educação baseada no respeito à dignidade humana.”
Apoio institucional ao debate
O evento também contou com a presença do deputado estadual Pedro Kemp, que elogiou a ação do sindicato.
“A violência contra a mulher é uma chaga social. Precisamos de ações conjuntas entre Estado, escola e sociedade. A educação é chave para mudar esse cenário.”
O procurador do MPT, Paulo Douglas de Moraes, também participou e alertou para a violência no ambiente de trabalho, especialmente no serviço público:
“É fundamental garantir um ambiente seguro e respeitoso às mulheres. A luta contra o assédio e a discriminação é um dever institucional.”
O evento foi encerrado com sorteio de brindes e uma fala emocionada da vice-presidente Josefa, que citou Nelson Mandela:
“Ninguém nasce violento ou machista. Isso se aprende – e pode ser desaprendido. Pela educação, mudamos o mundo.”
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