Nesta sexta-feira (6), Dia Nacional de Luta contra Queimaduras, a Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) chama a atenção da população para os perigos das queimaduras em geral e, neste ano, destaca um alerta ainda mais grave: a violência contra a mulher por meio do fogo.

Com o tema “Violência contra a Mulher” e o slogan “Marcas no Corpo, Feridas na Alma”, a campanha Junho Laranja 2025 reforça a importância da prevenção e denuncia o uso cruel de queimaduras como instrumento de agressão doméstica.

Apesar das notificações oficiais serem baixas, os casos relatados na imprensa mostram uma realidade alarmante. Segundo pesquisa da enfermeira Isabella Luiz Resende, orientada pela vice-presidente da SBQ, Raquel Pan, a Região Sudeste concentrou 47,17% dos casos de violência contra mulheres que resultaram em queimaduras entre 2018 e 2019. Em 33,9% dos casos analisados, o rosto foi a área mais atingida (72,2%), seguido pelo tórax (50%).

“O que vemos é que ele [o agressor] não quer matá-la. Ele quer desfigurá-la. É uma forma brutal de controle e vingança”, afirmou Raquel Pan.

Segundo Elaine Tacla, coordenadora da Unidade de Queimados do Hospital Geral de Vila Penteado, cerca de 90% das mulheres queimadas por parceiros omitem o motivo da agressão. “Elas já vinham sofrendo outras formas de violência. Precisamos encorajar essas mulheres a buscar ajuda desde os primeiros sinais”, disse Elaine.

Ela também ressaltou que 1 milhão de brasileiros se queimam todos os anos, sendo que 80% desses casos poderiam ser evitados. As queimaduras, além de causarem sequelas físicas graves, afetam emocional e psicologicamente as vítimas.

Queimaduras: um trauma invisível que precisa ser combatido

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 180 mil pessoas morrem por queimaduras a cada ano, principalmente em países de baixa e média renda. Estima-se que ocorram 11 milhões de casos por ano no mundo, o que representa cerca de 30 mil novos casos por dia.

As queimaduras são lesões causadas por agentes externos, como líquidos quentes, fogo, eletricidade, produtos químicos, frio, radiação solar, entre outros. Em crianças, a causa mais comum é o escaldamento por líquidos quentes, geralmente dentro de casa.

Classificação das queimaduras

• 1º grau: acometimento superficial da pele (vermelhidão, dor e inchaço).

• 2º grau: afeta camadas mais profundas, com bolhas, dor intensa e descamação.

• 3º grau: destruição total da pele, podendo atingir músculos e ossos. A dor pode ser ausente, e a pele fica branca ou carbonizada.

A gravidade também se mede pela extensão da área afetada:

• Leves: até 10% da superfície corporal.

• Médias: entre 10% e 20%.

• Graves: mais de 20%.

Primeiros socorros e prevenção

Em caso de queimadura:

• Colocar a área atingida sob água corrente fria por 10 minutos.

• Usar compressas úmidas e limpas.

• Não furar bolhas, não aplicar substâncias caseiras (como manteiga, pasta de dente ou café).

• Procurar atendimento médico urgente em casos mais graves, especialmente se atingirem face, mãos, pés, períneo ou olhos.

Para prevenir:

• Evitar deixar crianças na cozinha.

• Manter cabos de panela virados para dentro do fogão.

• Guardar álcool e inflamáveis longe do calor.

• Durante festas juninas, acender fogueiras longe de matas e produtos inflamáveis.

A SBQ reforça que denunciar é essencial. Mulheres em situação de risco podem buscar ajuda por meio do Disque 180 (Central de Atendimento à Mulher) ou procurar serviços de saúde e apoio psicológico.

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