SAÚDE
Mesmo proibidos, cigarros eletrônicos seguem populares e preocupam especialistas
Com alta concentração de nicotina e substâncias tóxicas, os “vapes” representam riscos graves à saúde, especialmente entre jovens. Pneumologista alerta: “O pulmão não se regenera”.
20/05/2025
09:35
REDAÇÃO
MARIA GORETI
Anvisa mantém proibição da venda de cigarros eletrônicos no Brasil após votação com maioria favorável à restrição. Decisão reforça alerta sobre os riscos à saúde.
Apesar da proibição da comercialização de cigarros eletrônicos no Brasil, os chamados “vapes” continuam sendo facilmente encontrados tanto em pontos de venda físicos quanto em plataformas online. A aparente facilidade de acesso, somada à falsa percepção de que seriam menos nocivos que os cigarros convencionais, tem contribuído para o aumento do consumo, especialmente entre adolescentes e jovens adultos.
Entidades médicas vêm intensificando os alertas sobre os perigos do uso desses dispositivos. Segundo a pneumologista Margareth Dalcolmo, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), os danos causados pelos cigarros eletrônicos ao sistema respiratório são severos e, muitas vezes, irreversíveis.
“O pulmão não é rabo de lagartixa que cresce de novo. Onde lesou, fica lesado”, afirma a médica, reforçando que as substâncias presentes nos vapes são extremamente tóxicas e perigosas. Ela explica que muitos desses dispositivos contêm concentrações de nicotina até 100 vezes superiores às dos cigarros tradicionais, além de centenas de outras substâncias químicas potencialmente cancerígenas e irritantes para as vias aéreas.
Entre os problemas graves associados ao uso, destaca-se a bronquiolite obliterante, popularmente conhecida como “pulmão de pipoca” — uma condição pulmonar rara e grave, relacionada a substâncias presentes em aromatizantes usados nos vapes, como o diacetil. A doença provoca inflamação e obstrução permanente das vias aéreas, dificultando a respiração e reduzindo drasticamente a qualidade de vida.
Estudos recentes indicam que jovens usuários podem estar inalando o equivalente à nicotina de até 400 cigarros convencionais por semana, o que pode acelerar o aparecimento de doenças graves. “Estamos habituados a ver enfisema pulmonar e câncer de pulmão em pessoas de 70 anos; infelizmente, vamos começar a ver essas doenças em jovens de 30 anos”, alerta a pneumologista.
Além dos impactos pulmonares, o uso frequente de cigarros eletrônicos está associado a problemas cardiovasculares, dependência química severa e possíveis alterações neurológicas em adolescentes, cujo cérebro ainda está em desenvolvimento.
Mesmo com esses alertas, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) enfrenta o desafio da fiscalização. Recentemente, a agência teve maioria em votação para manter a proibição da venda de cigarros eletrônicos no Brasil, reafirmando a decisão com base em evidências científicas e preocupações sanitárias.
Especialistas reforçam a importância de campanhas educativas, fiscalização rigorosa e políticas de prevenção mais efetivas, especialmente voltadas ao público jovem. “Não se trata apenas de coibir a venda, mas de educar sobre os riscos reais. O que está em jogo é a saúde de uma geração inteira”, conclui Margareth Dalcolmo.
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