GERAL
Dia Nacional da Libras: 21 anos de reconhecimento oficial e luta por inclusão no Brasil
23/04/2025
12:00
REDAÇÃO
Criada por lei em 2002, a Língua Brasileira de Sinais se tornou um símbolo de identidade, resistência e direitos da comunidade surda. Apesar dos avanços, milhões de brasileiros ainda enfrentam barreiras na comunicação e no acesso à educação, saúde e serviços públicos.
Neste 24 de abril, o Brasil celebra o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (Libras), uma data que marca não apenas o reconhecimento oficial da língua de sinais como instrumento legal de comunicação, mas também a constante luta da comunidade surda por acessibilidade, representatividade e igualdade de direitos.
A Libras foi reconhecida oficialmente como meio legal de comunicação e expressão com a publicação da Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Em 2005, o decreto nº 5.626 regulamentou a lei, tornando obrigatória a inclusão da Libras nos cursos de formação de professores, bem como a presença de intérpretes em instituições de ensino e serviços públicos.
O que é Libras?
A Língua Brasileira de Sinais é uma língua visual-motora, com estrutura gramatical própria, diferente do português falado. Utiliza gestos, expressões faciais e movimentos corporais para comunicação. Não se trata de uma mímica ou versão do português — é uma língua autônoma e completa, reconhecida linguisticamente.
Segundo estimativas da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis), mais de 2,5 milhões de brasileiros usam a Libras como sua principal forma de comunicação. Já o IBGE estima que o Brasil tenha cerca de 10 milhões de pessoas com algum grau de deficiência auditiva, sendo que muitas não têm acesso pleno à Libras.
Avanços importantes desde 2002
Desde a sanção da lei, o Brasil avançou em diversos pontos no que diz respeito à inclusão da comunidade surda:
Inclusão da Libras em currículos escolares e universitários, especialmente em licenciaturas e cursos de pedagogia.
Aumento do número de intérpretes de Libras em eventos, repartições públicas, universidades e canais de televisão.
Criação de escolas bilíngues (português e Libras) em algumas redes públicas.
Ampliação de concursos públicos com reserva de vagas e provas específicas para candidatos surdos.
Criação de conteúdos em Libras em sites institucionais, aplicativos e materiais audiovisuais.
Além disso, a Libras passou a fazer parte de iniciativas de inclusão digital e acessibilidade nas plataformas de streaming, governos e empresas privadas.
Os desafios que ainda persistem
Apesar dos avanços, a realidade ainda é desafiadora. De acordo com o Censo Escolar 2022, apenas 33% das escolas públicas brasileiras estão preparadas para atender adequadamente estudantes surdos — com intérpretes, professores bilíngues ou salas específicas.
Outros desafios incluem:
Falta de intérpretes em serviços de saúde, segurança e justiça.
Baixa formação de professores surdos e bilíngues na educação básica.
Desconhecimento da Libras pela população ouvinte, o que reforça o isolamento e a exclusão.
Ausência de políticas públicas específicas para promover a Educação Bilíngue de Surdos, como previsto na Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015).
Por que o Dia Nacional da Libras é importante?
A data de 24 de abril representa um marco de reconhecimento histórico, político, social e cultural da comunidade surda no Brasil. Ela não celebra apenas a oficialização da Libras, mas também serve como:
Um instrumento de visibilidade e valorização da identidade surda.
Um lembrete sobre a importância da acessibilidade linguística.
Um chamado à sociedade para combater a discriminação linguística e social.
Um incentivo à criação de políticas públicas bilíngues, que respeitem a singularidade da comunidade surda.
Patricia Sposito, surda, pedagoga e pós-graduada em educação para surdos, defende que o ensino de Libras seja universalizado, desde a infância — tanto para ouvintes quanto para surdos.
“Quando temos acesso à nossa língua desde cedo, nos sentimos parte da sociedade. A Libras é a chave da inclusão”, afirma.
Hoje, Patricia atua no setor de marketing de uma indústria farmacêutica e relembra as dificuldades enfrentadas na escola por não ter intérpretes. Sua trajetória reforça a importância da educação bilíngue e do protagonismo surdo nos espaços de decisão.
A luta por um Brasil mais inclusivo segue. Instituições de ensino, empresas e o poder público precisam continuar investindo em:
Formação e valorização de intérpretes de Libras.
Criação de escolas bilíngues em todas as regiões.
Campanhas de conscientização sobre a cultura e os direitos da comunidade surda.
Representatividade de surdos na política e nos meios de comunicação.
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