CÂMARA FEDERAL
Com votação recorde, Lira é reeleito presidente da Câmara
Um dos principais articuladores do Centrão, Lira conseguiu 464 votos após reunir apoio de partidos de diferentes posições políticas. Deputado apoiou reeleição de Bolsonaro, mas já declarou ter relação ‘tranquila’ com Lula.
01/02/2023
18:45
G1
©DIVULGAÇÃO
O deputado federal Arthur Lira (PP-AL) foi reeleito nesta quarta-feira (1º) como presidente da Câmara dos Deputados e ficará no comando da Casa pelos próximos dois anos, até 2025.
Lira teve 464 votos, recorde para uma votação na Câmara. Dos 513 deputados, 509 votaram.
Concorriam com Lira, os deputados:
Além disso, houve 5 votos em branco.
Lira é um dos principais articuladores políticos do Centrão e conseguiu nesta eleição fazer alianças com partidos de posições políticas diferentes, como o PL e o PT. O bloco de apoio ao parlamentar reuniu 496 dos 513 deputados federais. A composição foi formalizada mais cedo na Secretaria-Geral da Mesa (SGM).
Relação com Lula e Bolsonaro
Lira foi um dos principais defensores e articuladores das emendas de relator, recursos que ficaram conhecidos como orçamento secreto pela falta de transparência e pela disparidade na distribuição entre parlamentares. Esses recursos foram declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado.
Nos dois primeiros anos de mandato como presidente da Câmara, foi aliado do então presidente Jair Bolsonaro e ajudou a articular pautas de interesse do Executivo. No ano passado, Lira chegou a fazer campanha a favor da reeleição de Bolsonaro.
Contudo, em outubro passado, Lira foi uma das primeiras autoridades da República a parabenizar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela vitória nas urnas.
Desde então se aproximou do presidente eleito. Em entrevista à GloboNews nesta terça-feira (31), Lira afirmou que tem uma relação “tranquila” com Lula e que “nunca” fez críticas pessoais ao petista.
O parlamentar tem dito que os governos têm “múltiplas faces” e que apoiava no governo Bolsonaro a “face” do governo liberal na economia, não as pautas antidemocráticas.
Em dezembro, patrocinou uma pauta essencial para o governo eleito de Lula, a proposta de emenda à Constituição (PEC) da Transição, que abriu espaço no teto de gastos para que o governo eleito pagasse o Bolsa Família no valor de R$ 600, uma promessa de campanha.
O presidente da Câmara disse, ainda, que pretende articular junto ao governo federal, ainda neste ano, a aprovação de uma proposta que apresente um novo “arcabouço fiscal” para o país. Para Lira, o texto deve conter responsabilidade fiscal e garantir, ao mesmo tempo, o “avanço dos programas sociais”.
Mais cedo, o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que uma das prioridades do governo é a reforma tributária.
Perfil
Nascido em Maceió (AL), tem 53 anos, é empresário, advogado e agropecuarista. Formado em direito pela Universidade Federal de Alagoas, Lira é deputado federal desde 2011, e este ano inicia seu quarto mandato parlamentar.
Além do PP, o deputado também já foi filiado a partidos como PFL (hoje União Brasil), PSDB e PTB.
Na Câmara, já atuou como líder do PP e comandou as comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e de Orçamento - duas das comissões mais importantes da Casa; a primeira, por analisar a constitucionalidade dos projetos; a segunda, por definir o Orçamento da União.
Em 2021, Lira se elegeu presidente da Câmara com 302 votos, em primeiro turno. Na ocasião, tinha o apoio do então presidente Jair Bolsonaro e venceu por larga margem o segundo colocado, deputado Baleia Rossi (MDB-SP), apoiado pelo então presidente da Casa Rodrigo Maia e que recebeu 145 votos.
O deputado foi um dos responsáveis pela aproximação do governo Bolsonaro com o Centrão - antes crítico do bloco, Bolsonaro depois passou a dizer que ele mesmo era do Centrão e que não teria como governar sem esses partidos.
Arthur Lira tem cinco filhos e é filho do ex-senador e atual prefeito de Barra de São Miguel (AL), Benedito de Lira.
Benedito participou na manhã desta quarta-feira da sessão de posse dos deputados, no plenário da Câmara, mas passou mal e precisou ser levado ao hospital.
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