Filha e genro são presos após encomendar assassinato por herança de produtor rural em MS, aponta polícia
Polícia Civil realizou a prisão preventiva de seis envolvidos no crime, inclusive o genro e a filha de Paulo Sergio de Freitas Miranda, morto em setembro deste ano; motivação seria disputa pela herança da família.
19/11/2021
12:01
G1
Naiane Mesquita
Paulo Sergio de Freitas Miranda foi assassinado em NaviraÃ, no interior de Mato Grosso do Sul ©Arquivo Pessoal
A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul prendeu, nesta quinta-feira (18), a filha de um produtor rural que foi assassinado no dia 23 de setembro deste ano. A investigação apontou que a mulher e o marido dela foram os mandantes do crime, motivado pela herança da família.
O homicídio aconteceu em Naviraí, distante a 342km de Campo Grande. Segundo as investigações da Polícia Civil, Paulo Sergio de Freitas Miranda, de 57 anos, teve a morte encomendada pela filha mais velha e o genro, que estariam com problemas financeiros e desejavam receber a herança da família. Além de Paulo, a esposa dele e mãe da suspeita de ser mandante, também seria alvo do crime.
A investigação concluiu que o crime foi planejado pelo casal, sendo que o primo do genro da vítima teria envolvimento e foi o responsável por procurar o pistoleiro, oferecendo o valor de R$ 20 mil para cada um pelo crime. No dia 21 de setembro, o primo trouxe os dois pistoleiros até a cidade de Naviraí que, segundo um dos acusados seria o dia em que o crime iria acontecer.
Porém, o primo teve a moto apreendida pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e precisou encontrar uma quarta pessoa para ajudar na fuga. Já na cidade de Naviraí foi realizado contato com o responsável em dar fuga aos pistoleiros, que recebeu R$ 5 mil pelo crime.
Para não levantar suspeitas todos passaram a noite do dia 22 para o dia 23 (dia do crime) na cidade de Itaquiraí, no interior de Mato Grosso do Sul, e esperaram o primo do genro levar o veículo da cidade de Palotina até a cidade de Itaquiraí, onde entregou os veículos aos pistoleiros, que realizaram o assassinato.
Conforme apurado pela investigação, os pistoleiros não chegaram a receber pelo crime, sendo que o único pagamento até então foram as armas usadas e um veículo, apreendido no Paraná.
Segundo outra filha da vítima, Nathaliê Claudino Miranda, 21 anos, a irmã estava afastada dos pais, desde agosto de 2020, devido a problemas familiares. “A gente já imaginava que fosse o marido da minha irmã, mas não imaginava que ela tivesse envolvimento. Só que conforme tudo foi acontecendo, quando eles chegaram no hospital, sabe quando você vai sentindo as pessoas? Eu fui observando muito minha irmã e ficamos desconfiados. E quando o marido dela foi preso, a gente achou que ela teria outra postura, mas ela continuava do lado dele”, explica Nathaliê.
A família morava anteriormente em Guaíra, no estado do Paraná, onde a irmã continuava residindo, mas há 5 anos decidiram se mudar para Naviraí, no interior de Mato Grosso do Sul. “Foi um choque, porque é pai, é pai dela e meu pai, e ele sempre foi um cara maravilhoso, sempre procurou dar o melhor para a gente. Ela não viu, não deu valor. Ela tem duas filhas, e como mãe, não pensou em nenhum momento nas filhas”, pontua.
Investigação
Já nos primeiros dias após o crime, os investigadores da Seção de Investigações Gerais da 1ª Delegacia de Polícia de Naviraí, apuravam o possível envolvimento do genro e filha da vítima, além de um primo do mandante. De início foi apurado que a filha mais velha da vítima e seu esposo, já não possuíam contato próximo com a vítima, devido a um desentendimento familiar.
O Inquérito policial também apurou que as terras as quais filha e genro da vítima viviam no Paraná ainda estavam em nome de Paulo Sérgio, e segundo informações, os acusados passavam por problemas financeiros.
Em 24 horas após o crime, os investigadores da PCMS já tinham conhecimento de que o veículo utilizado no crime, um GM Monza, teria passado por reparos numa oficina na cidade de Guaíra, no Paraná, e que a pessoa que teria solicitado os reparos era primo do genro da vítima.
Posteriormente, com o apoio de investigadores da Delegacia de Polícia Civil de Palotina, no Paraná, os investigadores conseguiram realizar a identificação de um dos pistoleiros contratados para realizar o crime, assim como a residência onde eles se esconderam e o veículo utilizado para dar fuga aos assassinos.
Com a identificação do veículo, os investigadores também encontraram o motorista responsável em dar fuga aos pistoleiros e, assim, em 8 de outubro, foi deflagrada a primeira fase da Operação Indignus Heres, que contou com apoio da Polícia Civil da Palotina, no Paraná, e policiais civis das delegacias de Mundo Novo e Eldorado. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão domiciliar na cidade de Palotina.
Contato próximo
Durante o curso da operação foi apurado que o genro da vítima, seu primo e um dos pistoleiros mantiveram contato telefônico antes, durante e dias após o homicídio, onde segundo o primo do genro da vítima, suspeito de ser o intermediário na contratação dos pistoleiros, chegou a ligar para o genro quando ele já estava na cidade de Naviraí, no hospital e aguardando notícias do sogro. Também foi apurado que um dos pistoleiros manteve contato telefônico com o suspeito de ser mandante do crime dois dias após o assassinado.
Após novos indícios, em 20 de outubro, foi deflagrada a segunda fase da operação, sendo então cumprido dois mandados de busca e apreensão domiciliar na região de Maracaju dos Gaúchos em Guaíra-PR, e dois mandados de prisão temporária, em desfavor do genro da vítima e do motorista que deu fuga aos pistoleiros, sendo nesta data já considerados foragidos o primo da vítima e o pistoleiro identificado.
Com o avanço da investigação os policiais civis conseguiram descobrir que o primo do genro fugiu para a cidade de Joinville, em Santa Catarina, onde foi preso. Posteriormente, os policiais localizaram o segundo pistoleiro, que foi preso no dia 14 de novembro, no Paraná. Ele confessou o envolvimento e confirmou os indícios e provas já levantadas até então.
Por meio de novos indícios e elementos de convicção a autoridade policial representou pela prisão preventiva dos seis envolvidos no crime dentre eles o genro e a filha da vítima, que foi presa nesta quinta-feira (18), na última fase da Operação, na casa da sogra, na região de Maracaju dos Gaúchos, em Guaíra, no Paraná.
Durante a Operação foram apreendidos três veículos, aparelhos celulares dentre outros objetos. Já o último suspeito do crime, um dos pistoleiros, veio a óbito na cidade de Palotina, no Paraná, após confronto armado com policiais militares, durante o roubo de uma caminhonete Hilux em Moreira Sales (PR).
O nome da operação da polícia, Indignus Heres, faz menção ao artigo 1.814 do Código Civil Brasileiro, o qual prevê que a indignidade constitui pena civil que priva do direito de herança não só os herdeiros, bem como os legatários que cometeram os atos criminosos ou reprováveis contra o autor da herança.
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