Na região central de Campo Grande, na Rua Antônio Maria Coelho, entre a Calógeras e a 14 de Julho, um prédio ocupa espaço misturando-se ao cenário urbano, há 105 anos. A Escola Visconde de Cairu faz parte da história da Capital e essa tradição há pouco tempo abriu as portas para a inovação, a partir da inserção de metodologias de educação empreendedora, com o apoio do Sebrae/MS. Foi assim que a instituição conseguiu se atualizar diante do mercado, melhorar o processo de ensino-aprendizagem e alcançar conquistas notáveis, a exemplo de 70 medalhas em competições acadêmicas obtidas pelos estudantes.

A Visconde de Cairu atua com a Educação Infantil e o Ensino Fundamental e está localizada ao lado da sede da Associação Esportiva e Cultural Nipo Brasileira. Além de compartilhar o mesmo quarteirão, as instituições são o esteio da comunidade japonesa. Em seus primórdios, a escola foi construída para atender aos descendentes de famílias japonesas, para ensiná-los o Português, até que passou a receber alunos brasileiros. Essa mudança cultural trouxe a necessidade de adequações, o que foi feito. Apesar disso, ainda havia no corpo docente uma mentalidade ligada ao período anterior.

Foi então que o Sebrae entrou, em outubro de 2022, com duas iniciativas: o programa de Educação Empreendedora, com capacitações, e o projeto ALI – Educação Empreendedora, que disponibilizou acompanhamento direto à escola com um Agente Local de Inovação. A partir disso, houve uma verdadeira sensibilização e transformação.

“A escola é centenária e nesse contexto vem tentando inovar, desde o momento em que deixaram de ser nipo-brasileira para ser brasileira. Aí começou um processo grande de mudança de cultura, de mindset mesmo, só que essa mudança não foi acompanhada por todos os professores. Com o projeto de Educação Empreendedora, a escola passou a ter visibilidade e organização interna para ter resultados condizentes com o mercado atual da Capital”, explica o bolsista do projeto ALI – Educação Empreendedora, do Sebrae, Gustavo Amorim.

Outra necessidade era o de buscar um diferencial. Afinal, não bastava implementar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a comunidade escolar desejava ter aquele “algo a mais” que os destacassem entre os concorrentes e, principalmente, que os próprios estudantes se tornassem protagonistas.

Desenvolvimento da educação empreendedora

A virada de chave ocorreu com as ações voltadas primeiramente aos docentes, para que depois eles pudessem levar as temáticas de empreendedorismo aos alunos. Os professores participaram de oficinas, palestras e capacitações, e aprenderam, por exemplo, sobre Metodologias Ativas e Inteligência Artificial. O objetivo foi melhorar a prática cotidiana em sala de aula, gerando planejamentos mais sólidos em um tempo menor de execução.

O trabalho teve início com um grupo de 10 professores do Ensino Fundamental e depois irradiou para todo o corpo docente. “Tudo o que aprendíamos nos cursos e formações, a gente repassava para a equipe, para que fizessem parte, então eles acabaram crescendo junto com a gente”, destaca a coordenadora da Educação Infantil e Ensino Fundamental I da Visconde de Cairu, Patrícia de Almeida Brito, que auxiliou na implementação do projeto na escola.

Ao longo dos meses, cada professor foi inovando para tornar o ensino mais atrativo. Foi assim que jogos foram inclusos nas aulas de Matemática, e a tecnologia foi trabalhada de outras formas, não necessariamente com computadores. Teve aula em laboratório de Ciências, até a construção de um “espaço maker” para a realização de atividades práticas com o uso de tesouras, massas de modelar, pinturas, entre outros. Um “jardim sensorial” foi tema de aula especial para trabalhar as questões sensoriais, e, de forma geral, os educadores realizaram experiências para valorizar a Educação Infantil.

Com isso, eles também passaram a divulgar mais o que estava ocorrendo em sala de aula nas redes sociais e alcançaram visibilidade. Os portões e muros da escola passaram a estampar seus talentos, com cartazes de conquistas estudantis nas Olimpíadas de Português e Matemática, Mostra Brasileira de Foguetes e outras competições.

Segundo a coordenadora Patrícia de Almeida Brito, houve uma melhora coletiva e os resultados foram comprovados. “Mudou muito a qualidade das nossas aulas, com propostas diferenciadas dos professores. Nós temos postagens de aulas diferenciadas todos os dias. E melhorou a qualidade de ensino e aprendizagem, houve uma melhoria coletiva”, reflete.

 Todo esse trabalho só foi possível porque houve comprometimento. A diretora da Escola Visconde de Cairu, Joelma Maria do Nascimento, afirma que após o projeto, os professores se tonaram referência para os estudantes, tornando-se para eles encorajadores, incentivadores, condutores, entre outros adjetivos. Como consequência, ocorreu uma mudança no comportamento dos alunos. “Nossos alunos estão mais atuantes no processo ensino-aprendizagem, assumindo o papel de protagonistas no que diz respeito a Educação Empreendedora”.

Atualmente com 223 alunos, um desafio é aumentar a quantidade de matriculados e se manter relevante. Por isso, o próximo passo das iniciativas de educação empreendedora na Visconde de Cairu é a criação de uma rotina que permita o corpo docente fazer a gestão da inovação dentro da escola, para que possam caminhar sozinhos.

“Acreditamos que o desenvolvimento de habilidades empreendedoras tornará nossos alunos mais aptos a analisar problemas complexos, propor soluções inovadoras e crescer profissionalmente, seja criando seu próprio negócio ou dentro de uma empresa. Os benefícios são evidenciados diariamente, uma vez que possibilitamos, através de práticas pedagógicas, desenvolver pessoas para o empoderamento, atitudes e mentalidades empreendedoras, para que possam encontrar soluções para os mais diversos problemas”, finaliza a diretora da Escola Visconde de Cairu, Joelma Maria do Nascimento.

O Sebrae/MS, por meio do programa Educação Empreendedora, acompanha ao todo 30 instituições de ensino de Campo Grande, entre públicas e privadas. Mais informações aos empreendedores por meio da Central de Relacionamento, no número 0800 570 0800.