ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
População teme "tragédia Yanomami em MS”, alerta Pedro Kemp
Ao denunciar falta de água potável, desnutrição e contaminação por agrotóxico nas reservas indígenas de Dourados
09/02/2023
16:50
ASSECOM
©ARQUIVO
A situação de abandono das reservas indígenas de Dourados já foi denunciada ao longo dos últimos anos e a população de Mato Grosso do Sul já está em alerta. O Estado reúne 74 mil indígenas, parte da segunda maior população originária do País, ficando atrás apenas do Amazonas (169 mil). Sem saída, as comunidades pedem socorro. O deputado estadual Pedro Kemp (PT-MS) apresentou indicações na sessão de hoje (9), na Assembleia Legislativa, a qual cobrou do MPF (Ministério Público Federal) e também ao DSEI (Distrito Sanitário de Saúde Indígena) ações emergenciais nas reservas Jaguapiru e Bororó. O parlamentar alertou: “Nossa população teme ‘tragédia Yanomami’ em MS”.
Com base nos relatos feitos pelas comunidades, população vizinha e indigenistas, Kemp denunciou a falta de água potável, contaminação do lençol freático e desnutrição dos indígenas das reservas.
“Solicitamos mais uma vez medidas urgentes no sentido de garantir a distribuição de água potável na reservas indígenas Bororó e Jaguapiru, que enfrentam confinamento e todo tipo de problema sendo tratadas como invisíveis pelo poder público. Há uma estação de água potável a poucos metros que atende condomínio e bairros de luxo. Inadmissível!”.
De acordo com as informações do documento apresentado pelo parlamentar, a Reserva Indígena de Dourados é atingida por pulverização aérea, a qual contamina com agrotóxicos as nascentes usadas pelos indígenas para a coleta de água por meio dos poços. “A situação exige ação urgente porque nessa coleta de água, geralmente são usados tambores e galões, que trazem os agrotóxicos usados na lavoura. Essa situação vem resultando em diversos casos de diarréia, dor de cabeça, vômito e outras doenças comuns, que estão crescendo na comunidade, principalmente entre as crianças. Além disso, a fome assola a aldeia. Apesar de ter havido queda na desnutrição, a fome ainda é um problema e a população teme por uma ‘tragédia Yanomami’”.
Abandono – “Diferente das comunidades Yanomamis, que se encontram dentro das matas da Floresta Amazônica, de difícil acesso, a Reserva Indígena de Dourados está localizada praticamente no perímetro urbano do Município. A calamidade sofrida pela comunidade está visível aos olhos da população e do poder público, que não pode se calar. Com a escassez de alimentos e de água própria para consumo, a situação vivida hoje em Mato Grosso do Sul pelas comunidades indígenas é lamentável e dramática, fazendo-se necessário pronta intervenção dos órgãos competentes. Distribuir água potável na comunidade vai
minorar o sofrimento de nossos irmãos indígenas”.
MPF – O procurador da República em Dourados, Marco Antonio Delfino, foi também acionado pelo parlamentar para o qual solicitou investigação das condições de saúde e desnutrição nas reservas Indígenas Jaguapiru e Bororó.
De acordo com o documento expedido pelo mandato do deputado estadual Pedro Kemp, já se passaram 17 anos da ação que envolveu todos os agentes públicos federais e estaduais na luta em defesa dos povos indígenas e até agora, a situação marcada pela falta de demarcação das áreas ainda deixa marcas irreparáveis.
No ano de 2005, o alto índice de desnutrição na reserva motivou a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Congresso Nacional e uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.
“A mobilização nacional e internacional realizada à época conseguiu diminuir a desnutrição, mas a fome ainda existe na comunidade. Pesquisas apontam a contaminação por agrotóxicos das nascentes utilizadas pelos indígenas para a coleta de água, tendo em vista que a área em torno da reserva recebe pulverização aérea”.
No documento enviado ao MPF o alerta: “(...) No sentido de prevenir uma tragédia nos parâmetros próximos ao que ocorreu na Reserva Indígena Yanomami, solicitamos investigações urgentes acerca da situação enfrentada pelas comunidades indígenas de Dourados, especialmente em razão do avanço do agronegócio e do plantio de soja, milho e cana-de-açúcar na região, que possivelmente vem causando a contaminação da água. (...) As reservas indígenas de Dourados estão localizadas dentro do perímetro urbano, não podendo as autoridades e o poder público fecharem os olhos quanto a sua situação (...)”.
Em 2022, uma caravana ecumênica reuniu indigenistas de todo o País que estiveram em Dourados e denunciaram a falta total de infraestrutura básica, como o direito ao consumo de água potável.
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
Paraíso das Águas inaugura novo Salão Municipal de Eventos nesta sexta-feira
Leia Mais
Inaugurado o novo Mercado do Produtor de Paraíso das Águas
Leia Mais
TCE-MS é destaque na Rede Integrar para modernização das contratações públicas
Leia Mais
Feirão de empregos da Eldorado Brasil acontece neste sábado (23) em Água Clara, MS
Municípios