SAÚDE
Doenças causadas pela falta de saneamento básico e seus impactos na saúde pública e economia
26/12/2024
07:20
REDAÇÃO
MARIA GORETI
@Divulgação
A falta de acesso ao saneamento básico, como água potável e rede de esgoto, tem sérios impactos na saúde pública no Brasil, resultando no aumento de doenças evitáveis e sobrecarregando o sistema de saúde. De acordo com um levantamento de 2023 do Instituto Trata Brasil, 100 milhões de brasileiros não têm acesso à rede de esgoto e 35 milhões enfrentam a falta de água potável. Esse cenário expõe a população a uma série de doenças de veiculação hídrica, muitas das quais podem ser prevenidas com investimentos em infraestrutura adequada.
Doenças relacionadas à falta de saneamento básico
A falta de saneamento básico contribui para uma variedade de enfermidades, que afetam especialmente as crianças e aumentam os custos do sistema de saúde. Entre as principais doenças causadas pela falta de acesso à água potável e ao esgoto, estão:
Essas doenças são transmitidas por água ou alimentos contaminados, assim como por ambientes insalubres. O impacto sobre a saúde da população é significativo, e crianças são as mais vulneráveis, sofrendo danos no seu crescimento e desenvolvimento, além de prejudicar o aprendizado e a qualidade de vida a longo prazo.
Além das implicações para a saúde, a falta de saneamento básico tem um impacto direto na economia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que, para cada dólar investido em saneamento, há uma economia de até US$ 4 em gastos com saúde pública. As doenças relacionadas à falta de saneamento aumentam o absenteísmo no trabalho e na escola, comprometendo a produtividade e o desenvolvimento econômico. O aumento do número de internações também sobrecarrega o sistema público de saúde, elevando os custos com tratamentos e atendimentos de emergência.
Caminhos para a solução
O Marco Legal do Saneamento, que visa aumentar a cobertura dos serviços de água e esgoto no Brasil, tem sido um passo importante, mas especialistas como a engenheira civil Sibylle Muller, CEO da NeoAcqua, apontam que são necessários mais investimentos. A implementação de sistemas descentralizados de tratamento de esgoto, com tecnologias eficientes, pode ser uma alternativa econômica, especialmente em áreas não atendidas pela rede de coleta. A colaboração entre os setores público e privado é essencial para ampliar o alcance dessas soluções e reduzir o déficit de saneamento, melhorando a saúde pública e a qualidade de vida das pessoas.
O déficit de saneamento básico no Brasil é um problema multifacetado, que exige uma ação urgente e coordenada para garantir a universalização do acesso a água potável e serviços de esgoto, impactando positivamente a saúde, a economia e o desenvolvimento sustentável do país.
Saneamento básico em Mato Grosso do Sul: Desafios e avanços
Mato Grosso do Sul enfrenta desafios significativos em relação ao saneamento básico, um tema de grande relevância para a saúde pública e o bem-estar da população. Apesar dos avanços nos últimos anos, o estado ainda apresenta um déficit em cobertura de serviços essenciais como água potável e coleta de esgoto, afetando diretamente a qualidade de vida e gerando impactos econômicos.
De acordo com o Instituto Trata Brasil, em 2021, aproximadamente 30% da população de Mato Grosso do Sul não tinha acesso à rede de esgoto. Embora o número de pessoas com acesso à água potável seja consideravelmente mais alto, muitos municípios ainda enfrentam dificuldades no fornecimento regular de água tratada e na coleta e tratamento de esgoto.
As disparidades no acesso ao saneamento são visíveis principalmente nas áreas rurais e em regiões mais afastadas da capital, Campo Grande. Muitos municípios ainda não conseguiram alcançar os padrões exigidos para garantir a saúde e o bem-estar da população. Isso resulta em um aumento de doenças relacionadas à falta de saneamento, como diarreias, hepatite A, leptospirose, entre outras, que sobrecarregam o sistema de saúde e elevam os custos públicos com tratamentos.
Avanços no Setor de Saneamento
Nos últimos anos, o governo estadual e as concessionárias de água e esgoto têm trabalhado para melhorar a cobertura de saneamento no estado. O Marco Legal do Saneamento, aprovado em 2020, impulsionou a ampliação dos investimentos no setor, estabelecendo metas para a universalização dos serviços até 2033. Em Mato Grosso do Sul, isso se traduz em obras de ampliação e melhoria da infraestrutura de abastecimento de água e redes de esgoto.
A Águas Guariroba, concessionária responsável pela gestão do saneamento em Campo Grande, e outras empresas no interior têm investido em novas tecnologias e expansões das redes de água e esgoto. Em áreas urbanas, o fornecimento de água tratada tem avançado, mas a coleta e tratamento de esgoto ainda precisam de atenção para atingir a universalização.
Desafios no interior do Estado
Apesar das melhorias em áreas urbanas, o interior de Mato Grosso do Sul ainda apresenta dificuldades significativas para alcançar a cobertura de saneamento de qualidade. Muitos municípios enfrentam problemas com o tratamento de esgoto e o abastecimento de água de maneira contínua e adequada.
Além disso, o desequilíbrio no fornecimento de serviços entre a capital e o interior agrava o quadro de saúde pública, com a proliferação de doenças de veiculação hídrica, como a diarreia, que afeta especialmente crianças.
Especialistas defendem a necessidade de mais investimentos em infraestrutura de saneamento, especialmente em áreas carentes. As tecnologias descentralizadas de tratamento de esgoto, como fossas sépticas e sistemas compactos de tratamento, podem ser uma alternativa econômica para comunidades mais afastadas.
Outro ponto importante é a parceria público-privada, que pode acelerar os investimentos necessários para expandir e melhorar o sistema de saneamento em todo o estado.
Embora Mato Grosso do Sul tenha avançado no setor de saneamento, o estado ainda enfrenta grandes desafios, principalmente nas áreas rurais e no interior. O saneamento básico é fundamental para garantir a saúde da população, reduzir os custos com doenças e impulsionar o desenvolvimento econômico. Portanto, o estado deve continuar a investir em infraestrutura e buscar parcerias para melhorar o acesso a água potável e esgoto tratado para toda a população.
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